Promovido a titular do Vasco em meio a uma série de desfalques para a zaga, Miranda correspondeu e, rapidamente, caiu nas graças da torcida. Opção ao técnico Ramon Menezes para o setor defensivo, porém, o jogador nem sempre atuou na posição e engrenou em São Januário justamente após uma drástica mudança, quando esteve perto de um adeus ao clube.
Nascido em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, Miranda é cria das categorias de base do Cruz-Maltino e iniciou no futsal até que, aos 10 anos, migrou para o campo, onde começou atuando como meia. Em 2014, porém, diante das poucas oportunidades que vinha tendo, quase se despediu de São Januário.
À época, teve uma conversa com Sérgio de Oliveira, treinador do sub-15, e com o coordenador Ricardo Lopes. Diante da altura e da boa impulsão, veio a ideia de ser testado como zagueiro.
Miranda dialogou com a família e resolveu "abraçar a ideia". Deu certo. No ano seguinte, acabou convocado à seleção brasileira já na nova posição. Desde então, passou a se destacar nas categorias inferiores e foi nome importante na campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior do ano passado, quando foi capitão e a equipe cruz-maltina ficou com o vice, em final contra o São Paulo.
Pouco antes da competição, inclusive, a diretoria havia acelerado o processo de renovação de contrato e assinou novo vínculo até o fim do ano que vem.
Promovido ao elenco profissional no começo do ano passado, Miranda foi uma das soluções encontradas pela atual comissão técnica diante de quatro ausências para o setor defensivo para o duelo contra o Santos, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro. Ricardo Graça, Breno e Werley tinham testado positivo para Covid-19 e Leandro Castan foi poupado.
Além do jogo diante do Peixe, foi titular também contra o Athletico-PR e Atlético-GO. Ele também entrou no decorrer do clássico com o Botafogo.
"Atleta moderno", diz técnico do sub-20
Técnico do sub-20 do Vasco, Alexandre Grasseli faz elogios a Miranda, jogador que avaliou como tendo "características ideias de um atleta moderno". Além disso, o comandante cruz-maltino salientou que o zagueiro, apesar de jovem, apresenta grande maturidade.
"O Miranda reúne as características ideais de um atleta moderno. É um jogador muito concentrado e focado naquilo que a gente entende que é o mais importante para o atleta, que são bons treinos e sempre buscando evolução. Isso se traduz nos bons jogos que ele tem feito no profissional, na segurança que ele tem dado à zaga", disse.
"Falando um pouco da personalidade, é um ser humano muito equilibrado. Tem atitudes também equilibradas e isso reflete no campo, no próprio comportamento dele. É um jogador que tem a crescer, apesar de mostrar nível muito grande de maturidade", completou.
Alvo de racismo em jogo no sub-20
Miranda foi alvo de ofensas racistas no fim do ano passado, em partidas contra o Independiente, da Argentina, pela Copa RS sub-20. Autor do gol da triunfo — o time cruz-maltino venceu por 2 a 1, de virada — ele foi a uma das câmeras que estavam ao redor do gramado e denunciou o caso.
"Macaco não. Tenho orgulho da minha cor", disse o zagueiro vascaíno enquanto era abraçado por companheiros.
No dia seguinte à partida, Miranda procurou a delegacia para fazer uma ocorrência na cidade de Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, onde foi sediada a partida. Na ocasião, ele acusou Costa, camisa 6 da equipe argentina, de tê-lo chamado de "macaco" e Pozzo, camisa 10, de ter proferido "macaco, negro imundo".