Antes mesmo de Barbosa, o Vasco teve outro grande goleiro negro. Nelson da Conceição chegou à Colina em 1919, depois de se destacar na Liga Suburbana pelo Engenho de Dentro AC. A essa altura, ele já era discriminado por sua cor e por sua profissão de chofer (motorista). (+)
Enquanto jornais e revistas ironizavam sua fala coloquial e seus traços raciais, Nelson ajudou o Vasco a chegar na elite do futebol carioca em 1922 e, em 1923, fez história ao se tornar o 1° goleiro negro a ser Campeão Carioca e a defender as seleções Carioca e Brasileira.
Em 1924, o Vasco de Nelson se tornaria bicampeão e os rivais não deixariam o goleiro em paz. Crônicas de Mário Filho contam que torcedores do Fluminense se posicionavam atrás do gol para insultar o goleiro vascaíno nas Laranjeiras. (+)
O Vasco fez queixa e resolveu trocar o mando para o campo do Flamengo, na Rua Paissandu, mas a situação piorou: ali as traves eram coladas na grade e, além de xingamentos, Nelson tinha que aturar as pedrinhas que eram lançadas pelos flamenguistas. (+)
Por fim, o Vasco foi jogar no Andaraí, onde só vascaínos eram permitidos atrás do gol de Nelson. Esses incidentes serviram como estímulo ao sonho do estádio próprio. Nelson doou 290 mil réis para a construção de S. Januário e, em 1927, jogou na partida inaugural do Caldeirão.