É com muito orgulho que a série Vascaínos pelo Mundo chega ao fim. Após seis semanas apresentando as histórias dessa torcida apaixonada que mora fora do Brasil, nesta quarta-feira (7/10) os torcedores cruzmaltinos que vivem na Flórida encerram essa etapa. O trabalho realizado por eles é bem organizado e admirável. Os representantes da Tropa do Norte têm 15 anos de existência de muito amor ao Vasco, dedicação e profissionalismo. Murilo Silva, um dos integrantes que fundou a quinquagésima segunda família explicou como o grupo surgiu e como funciona:
- Tudo começou na época de 2005. A gente sempre via os jogos juntos. Em uma mesa resolvemos colocar o trabalho de fundar o grupo e jogar para frente. Hoje se fazem 15 anos e depois disso chegaram várias pessoas que fizeram história na família como: Paulão, Janski, Eddie, Boca, Claudão, Scooby, Didi e perdão se eu esqueci de citar alguém. Todos têm o seu valor e o seu mérito. Não podemos apontar o dedo para um e nem para outro, porque somos uma família. As pessoas vão chegando, saindo e muitas ficando. É mais de uma década de história e de glória.
- É um trabalho duro. É muita dedicação. Tem ano que nos reunimos todos os jogos desde o Carioca até o final do Campeonato Brasileiro, incluindo todas as partidas das competições que o Vasco participa. A gente tenta não deixar passar nenhum jogo para que a galera esteja sempre muito unida com aquela energia da torcida do Vasco.
Eles investiram em espaços pensados para reunir a torcida local dando o máximo de conforto possível aos torcedores e alternativas de lugares diferentes para celebrarem acompanhando o Vasco. Com o intuito de criar um cenário que aproximasse os vascaínos do Vasco, eles investiram em mais de uma sede. Murilo explicou como são os ambientes das sedes e aproveitou a oportunidade para divulgar como está a nova reforma da principal:
- Temos três sedes bem qualificadas e uma está sendo ampliada. Quando não conseguimos nos reunir na sede, a gente tem um bar específico que sempre nos recebe e bota os jogos do Vasco na área reservada. Todos os jogos do Vasco da Gama nós estamos nos reunindo. A sede número um está em ampliação e construção para ter mais espaço. É a mais antiga. A dois tem piscina e área reservada. A três também é perfeita. Ela fica ao ar livre e tem um bom espaço proporcionando bastante conforto para a galera. Então, a quinquagésima família hoje se define com três sedes pensadas para os vascaínos e um bar que nos recolhe em alguns momentos.
- Durante a pandemia que acabou com o mundo inteiro, eu tive a ideia de fazer uma reforma. Seria algo pequeno, mas eu fui me empolgando e idealizei um projeto maior com a ajuda de todo mundo. Agora vamos ter uma ampliação com mais cadeiras, baús de bistrô pintados de Vasco, área de estar com sofás etc. Também tiramos todo o piso do chão para ficar mais bonito. Esperamos inaugurar esse ano ainda, se Deus quiser, porque toda semana a gente sente falta das nossas reuniões. Queremos estar na sede, bebendo, assistindo o Vasco, animando a galera para vir etc.
Murilo também ressalta que o grupo não está fechado. Eles querem receber cada vez mais vascaínos que tenham a intenção de agregar ao Vasco. Com esse pensamento, os integrantes da Vasco Flórida também trabalham procurando mais vascaínos pelo país para somar com eles. A intenção é aumentar a família para sentir o clima dos jogos e compartilhar o amor ao Vasco. Por isso, Murilo contou como acontece essa abordagem:
- Eu sempre falo para a rapaziada que vendo um vascaíno na rua é para pedir o número do celular. A gente já coloca no grupo do WhatsApp. Essa é a parte mais dedicada da nossa torcida. O grupo é bem debatido, sempre tem novidade, todo mundo faz tudo em prol do Vasco e da torcida. Temos um Instagram também com bastante seguidores e muitos procuram a gente querendo fazer parte da nossa torcida. Dessa forma a nossa família vem crescendo durante esses 15 anos.
Como todos os vascaínos que vivem fora do Brasil, morar em outro país tem as suas vantagens. Porém, com certeza uma desvantagem é a dificuldade de lidar com o sentimento de estar longe dos arredores de São Januário e do clima pré-jogo e pós-jogo na Barreira do Vasco. Como todos os vascaínos OFF- Brasil que conversamos, eles compartilham o sentimento de procurar a melhor forma de se sentirem presentes fazendo parte do Vasco de algum jeito. Por isso, Murilo expressou como é ser apaixonado pelo Vasco e viver longe fisicamente do clube:
- A nossa relação com o Vasco é de amor. Eu digo para a galera local que a gente que mora longe sofre muito mais do que quem está no Brasil. Quem está no Brasil e sente vontade de ir ao estádio de São Januário é só pegar e ir. Por estar perto fica muito mais fácil. A gente não tem condições de fazer isso. Muitos imigrantes não têm legalização para sair e entrar do país. A gente tenta ao máximo trazer um pouco da energia do Vasco para os Estados Unidos. Todo jogo do Vasco nos sentimos no estádio, pois a galera aqui é muito Vasco e respira Vasco. Temos inclusive a nossa equipe de bateria, músicas e cantos para amenizar essas saudades que sentimos da nossa casa, São Januário. Hoje em dia eu afirmo que nós somos uma família e eu estou muito feliz com os amigos que fiz por aqui. A galera é bem animada. Já choramos e já sorrimos juntos.
A família da Flórida é bem dedicada e desenvolvida, mas além disso eles possuem muitos membros que compartilham o mesmo sentimento. Murilo falou um pouco sobre a quantidade de vascaínos que fazem parte da torcida:
- Atualmente não sabemos quantos integrantes nós temos. Muitos vascaínos já foram deportados, mudaram de estado, vários tiveram filhos e não saem tanto de casa etc. Acredito que temos aproximadamente 160 pessoas. A quantidade de membros que se reúnem para assistir aos jogos depende muito da partida em questão. Contra o maior rival do Vasco o número de integrantes para vibrar pelo Vasco é bem alto, na festa de fim de ano tivemos mais de 150 pessoas, na Flórida Cup reunimos mais de 800 vascaínos espalhados por todo país. Nós procuramos sempre dar alegria a galera que quer sentir o Vasco, estar ao lado do Vasco e da torcida.
Murilo quis expressar todo o sentimento dele pelo clube de coração fincando na pele uma tatuagem que irá doar a vida toda. O torcedor fala que tem o Vasco tatuado no coração e na pele. Por isso ele quis destacar esse amor e falou um pouco sobre essa escolha:
- Eu falo para todo mundo que o Vasco é um amor eterno. Por exemplo, eu falo para as pessoas que tatuagem para mim tem que ser um desenho representando algo que vou amar para o resto da vida. É por isso que eu tenho uma do Vasco no meu corpo. O Vasco a gente vai morrer amando, não tem como. O Vasco para mim é como se fosse uma família. É uma paixão que eu tenho na minha vida que cada dia aumenta mais. Você pode ver que a gente sofre, mas não para de amar e se dedicar. Como a gente está longe, sentimos muito mais saudades do que a galera que vive no Brasil. Eu tenho certeza que esse amor pelo Gigante da Colina vai ser eterno para mim e para todos os vascaínos que vivem aqui na Flórida.
Além disso, é válido destacar que a família da Flórida tem uma trajetória bastante extensa de feitos realizados e conquistados carregando a bandeira do Vasco. Bastante tradicional, os integrantes possuem muito orgulho da história que construíram em prol do clube. Murilo contou que as bandeiras da torcida já marcaram presença em países e competições importantes:
- A quinquagésima segunda família Flórida é bem rodada pelo mundo. Já levamos bandeira para Libertadores no Chile, na Argentina, tivemos presentes na Copa do Mundo dentro do estádio, fomos reconhecidos pela FIFA no site oficial deles com a vascaína Adriana Lisboa, tivemos bandeira no Equador durante a Sul-americana, fomos para São Paulo várias vezes, São Januário, Belo Horizonte, Porto Alegre etc. A nossa torcida é bem conhecida internacionalmente. Aqui todo mundo é muito Vasco e queremos sempre levar a nossa família para qualquer lugar do mundo, pois temos bastante orgulho do grupo de vascaínos que formamos.
Finalizando o bate-papo, Murilo quis enfatizar a gratidão que ele sente por todos os membros e destacou a importância de se ter uma relação positiva entre os integrantes. Eles preservam a amizade entre os vascaínos e chamam os amigos de família. É impossível falar da torcida vascaína da Flórida sem citar o quanto eles valorizam e cultivam o relacionamento saudável entre os membros:
- Hoje quero ressaltar que nós somos bastante unidos como uma família. Claro que toda família discute, tem desavenças, mas qual família não tem isso? Por isso chamamos família e estamos mais unidos do que nunca. Quero agradecer todos os membros. Somos literalmente uma família. Todos os membros são igualmente importantes e estamos abertos para receber novos integrantes, pois todos os vascaínos são irmãos e apaixonados pelo mesmo clube. O clima do nosso grupo é de bastante irmandade e parceria. Continuaremos lutando pelo melhor do Vasco em todos os momentos. O Vasco sempre poderá contar com o nosso apoio incondicional. Não é a toa que o clube se chama Gigante da Colina.