Futebol

Conheça Jaqueane Correa, técnica do Vasco feminino

Jaquenae Correa foi anunciada como a nova treinadora do time feminino do Vasco para a temporada 2023. Além das passagens por América-MG, como técnica, e pelo rival Flamengo, na função de auxiliar, Jaqueane tem história para contar antes de acertar o retorno à Colina, onde foi preparadora física em 2019.

A mineira de Juiz de Fora viveu o dilema entre a carreira de atleta ou de treinadora, se dividiu muito tempo entre o campo e o futsal e precisou driblar a resistência inicial dos pais para realizar o sonho de jogar futebol.

Drible no preconceito

Jaqueane Correa sempre foi apaixonada pela bola desde a infância. Porém, ela só conseguiu realizar o sonho de jogar e competir a partir da adolescência. A resistência dos pais dela, no entanto, foi menor que a vontade praticar o esporte, como ela mesma contou em entrevista ao ge, em 2019.

“O fato da minha mãe não ter me deixado jogar antes de 2011, foi preconceito, em questão de "mulher que joga poder virar lésbica". É um fato que não é predominante. Acontece essa escolha sexual no futebol ou futsal? Sim, mas isso não quer dizer que ela é menos ou mais feminina por jogar futebol. Ela não vai parar de usar vestido, fazer a unha ou pintar e arrumar o cabelo por isso”. — Jaquene Correa, técnica do Vasco feminino, em depoimento ao ge em 2019

— Mas muitos pais levam em conta isso. Quando meu pai descobriu que o meu time todo era (formado por jogadoras homossexuais), ele me proibiu de jogar. Mas isso não foi influência para mim, estava ali para jogar futebol. Depois que viram que o fator não era determinante, eles me deixaram jogar, sem qualquer preconceito — contou.

Campo x Prancheta

Foto: Matheus Lima/VascoJaqueane Corrêa
Jaqueane Corrêa

A partir de 2011, ela passou a atuar com mais frequência e não apenas em competições de futebol de campo. Jaqueane jogava torneios amadores também no futsal, onde defendia as cores do São Carlos, time de Juiz de Fora, com tradição no futebol feminino.

No entanto, a divisão entre gramados e quadras não foi o principal dilema que Jaqueane Correa viveu. Treinadora do Clube Bom Pastor, na época com 24 anos, ela gostava tanto de estar em campo quanto à beira do gramado, em funções de comissão técnica. Em 2019, ela ainda tinha dúvidas sobre o que iria fazer, apesar de ter clareza do cenário que estava por vir.

– A comissão técnica posso ter para o resto da minha vida, como jogadora terei poucas oportunidades. O que quero é estar na comissão, porque não me vejo como atleta profissional. Gostaria de ter isso mais como experiência, mas me vejo mais na comissão. Eu não imaginava e isso pode acontecer, isso quer dizer que está mudando este cenário do futebol.

“Com cada vez mais espaço nas categorias de base, o futebol brasileiro feminino vai melhorar de qualidade, muitas meninas vão ser vistas, meninas que nunca imaginaram ser profissionais. Isso as fazem sonhar, e é incrível”.

Focada na formação como treinadora, a profissional de Educação Física fez a pós-graduação no Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e optou por seguir carreira na comissão técnica.

Pouco depois da entrevista concedida ao ge em 2019, Jaqueane Correa foi anunciada para integrar a comissão técnica do Vasco, onde foi preparadora física.

No ano seguinte, ela foi treinadora do América-MG e, em 2021, integrou a comissão técnica do Flamengo. Ela foi auxiliar técnica do Rubro-Negro até o início de 2023, quando deixou a equipe.

Desafio pela frente

Jaqueane Correa, de 28 anos, sabe que terá trabalho pela frente. O Vasco vem tocando uma reformulação no departamento de futebol feminino. Esta semana, o técnico Antony Menezes foi demitido junto com outros profissionais, como o diretor Raphael Milenas, o preparador físico Lui Toledo, a auxiliar técnica Pretinha, o supervisor Ricardo Rocha e o técnico da base Leonardo Santos.

A atual direção do futebol feminino vinha tentando alternativas para o momento ruim da categoria e chegou a fazer algumas propostas ao clube desde o fim do ano passado, mas não houve avanço.

Reuniões com a SAF foram realizadas, mas não ficou definido, por exemplo, qual o valor do investimento a ser feito em 2023. Agora, com a reformulação, novos planos deverão ser traçados.

Entre os problemas da categoria estão a defasagem dos salários, dificuldade em se montar times competitivos, estrutura para treinos e jogos, equipamentos e equipe profissional - as meninas são atendidas pelos mesmos profissionais que estão à disposição dos garotos da base, como médicos, fisiologistas e fisioterapeutas.

Existe o interesse da SAF em dar mais atenção ao futebol feminino. Entretanto, ainda não se falou em números. O projeto precisa passar pelo objetivo de voltar à Série A2 do Brasileirão e depois à elite.

Fonte: ge
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