Dona Jorgina de Carvalho deve ter ficado orgulhosa. Higor Gomes, com certeza ficou. Na família de Christiano, o amor pelo Vasco já está, no mínimo, na quarta geração. A bisavó do lateral-esquerdo, falecida ainda na década de 1970, foi uma das primeiras integrantes da principal organizada do clube. Seu irmão, Higor, chegou a tatuar o rosto de Christiano com a camisa do Vasco no peito, depois que o lateral foi apresentado na Colina.
Os pais de Christiano, Cristiane e Marcelo, foram os dois maiores incentivadores da carreira do jogador. No coração dos dois, a torcida para que o filho pudesse defender o clube do coração. Na memória da mãe, as lembranças das histórias da avó, conhecida na arquibancada de São Januário como Vovó Neném.
Dona Jorgina era figura certa na Colina. Recebeu homenagens em vida e em morte e foi, ao lado de Dulce Rosalina, um daqueles torcedores ilustres que ganham vida própria dentro do clube, como hoje são, por exemplo, Mister M e Homem Piruca.
Quis o destino que Christiano começasse a carreira como jogador nas categorias de base do Flamengo. O lateral-esquerdo não teve a chance de conhecer a bisavó, mas cobrança depois que passou a vestir a camisa cruz-maltina não faltou. Assim como festa depois da vitória sobre o Botafogo na decisão do Estadual.
- O pessoal, está todo mundo doido. Minha família está em festa. Estou entrando para a história do clube da família. Esse título tem um sabor todo diferente para mim. A ficha ainda está caindo - afirmou o lateral-esquerdo.
A chegada em São Januário, se causou reboliço na família, não teve o mesmo efeito junto aos outros torcedores vascaínos. Christiano chegou como aposta, mas logo assumiu a lateral esquerda. A vinda para o clube, segundo ele, aconteceu no momento certo. Já a consolidação como titular, admite, ainda está por chegar.
- Tudo tem seu tempo. Cheguei ao Vasco mais maduro, sabendo administrar melhor as críticas, sabendo ter paciência na hora certa - afirmou o jogador de 23 anos. - Consolidado no Vasco, eu não estou. Tenho de seguir trabalhando muito, não posso dar espaços. Estou evoluiindo a cada jogo. No Brasileiro, espero estar melhor.
Christiano faz o estilo do povo. Nascido e criado na Penha, no subúbio do Rio, não virou as costas para as origens populares, característica que compartilha com o próprio Cruz-maltino, único grande do Rio que não está situado nas vizinhanças mais nobres da Zona Sul. Tanto é que na segunda-feira ele foi convocado para um churrasco no bairro de infância, organizado por amigos, em um campo de futebol soçaite, para comemorar o título estadual. Mais Vasco, impossível.