Grande parte dos clubes brasileiros renovou o guarda-roupa para fazer bonito na temporada 2011. Fluminense, Flamengo, Atlético-MG, Vasco, Grêmio, entre outros, estão na lista dos times que já estrearam as novas camisas. Embora muitos torcedores aguardem ansiosamente os modelos que estampam as vitrines das lojas, a maioria não tem ideia do trabalho envolvido na criação e confecção dos uniformes. Para mostrar como tudo acontece, o \"EE de Bolsa\" foi até uma fábrica de material esportivo e acompanhou todas as etapas do processo.
A estilista Carla Fischer, gerente de desenvolvimento de produto e responsável pelo design das camisas de vários times brasileiros, conta que lançar um uniforme não é tarefa fácil.
- É um trabalho de muitas mãos. Temos relações esportivas, que quer visibilidade; o clube, que quer um uniforme bonito dentro do estatuto, dentro das tradições; a marca, que quer propor uma coisa nova; e o fabricante, que vai produzir. Chegou a demanda, é todo mundo trabalhando, procurando informação, procurando matéria-prima, para tentar apresentar alguma coisa logo na sequência e tentar alinhar com o maior interessado que é o clube, nesse caso - afirmou.
Ou seja, o trabalho inicia muito antes da matéria-prima começar a ser trabalhada. O primeiro passo para a criação é uma conversa entre o fornecedor de material esportivo e o clube. Gilberto Ratto, gerente de relações esportivas de uma fábrica de uniformes, explica a importância da reunião.
- Eu faço o primeiro meio campo, que consiste em entender um pouco o que o clube quer, o que o clube está desejando naquele primeiro momento. Depois disso, trago o conceito para a empresa, para a estilista. A estilista começa a desenhar vários tipos de opções, viaja na maionese, faz uma coisa básica. Ao mesmo tempo, eles fazem uma pesquisa para saber o que o torcedor quer. Porque quem vai comprar é o torcedor - disse.
Aliás, a opinião da torcida é muito importante, e a internet é uma grande aliada no trabalho de pesquisa.
- A gente visita blogs de torcida para saber o que eles estão falando, sem nos identificar. Entramos como se fôssemos um torcedor para entender o que eles querem e gostam. Quando determinado detalhe agrada a maioria, o clube e a marca acabam cedendo - revelou Ratto.
Depois das ideias na mesa, o departamento de design e desenvolvimento de produto entra em ação. Nessa etapa, os profissionais transformam em desenhos todas as aspirações do clube, patrocinadores e, por vezes, torcedores.
- São muitas idas e vindas, muitas negociações de \"layout\" , de matéria-prima. Tem que estar todo mundo satisfeito para, na hora do lançamento, ter a certeza do sucesso. Acho que é isso que importa - afirmou Carla Fischer.
Os desenhos dos uniformes precisam ser aprovados pelo clube e, só então, são encaminhados para a fábrica. É lá que elas são cortadas e montadas, peça a peça. Mas a missão só está cumprida quando os uniformes chegam aos atletas e aos torcedores.
- Tem que agradar todo mundo, tem que estar todo mundo na mesma sinergia, para que seja um sucesso para a marca, para o clube e para o torcedor. Todo mundo tem que ter orgulho daquele uniforme - conclui a estilista.
E o resultado de todo esse processo pode ser conferido pelos gramados de todo o Brasil e do mundo. São muitas cores, listras, escudos que dão um glamour a mais ao futebol.