O Conselho Deliberativo do Vasco se reúne nesta segunda-feira, às 20h, na Sede da Lagoa, para discutir um assunto delicado nos bastidores do clube. Os conselheiros vão analisar a possível abertura de uma sindicância contra o presidente Alexandre Campello, que pode terminar o processo até afastado ou fora do cargo.
O clima na diretoria não é dos melhores. Nos últimos dias, Campello se reuniu com algumas bases políticas para entender qual seria o cenário na reunião. Apesar de ter buscado alguns aliados, o presidente vê a discussão desta segunda-feira como uma manobra política e que explicações e argumentos não serão o suficiente para evitar a sindicância.
A denúncia dos conselheiros é de que Campello não honrou acordos judiciais com cerca de 200 funcionários demitidos, causando assim o prejuízo de aproximadamente R$ 4 milhões ao clube.
No ano passado, porém, alega a diretoria, o Vasco perdeu cerca de R$ 6 milhões por causa da demora do Conselho Deliberativo para aprovar um empréstimo, que seria de R$ 38 milhões e foi de pouco mais de R$ 31 milhões. A primeira reunião sobre o assunto foi em agosto, e a aprovação foi apenas no dia 17 de setembro.
Nesta segunda-feira, aliados do presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, votarão a favor da abertura da sindicância - partiu da Identidade Vasco o documento com 60 conselheiros pedindo a reunião. Campello, com a ajuda de antigos e novos aliados, tenta buscar votos suficientes para evitar o processo.
Contas feitas por conselheiros de lado a lado dão como apertado o resultado da votação desta segunda-feira, mas depende - e muito - do posicionamento de grupos que ainda não se manifestaram.
Entre Beneméritos e Grande Beneméritos, Campello deve ter a maioria dos votos, pouco mais de 60, contra cerca de 20, além de algo em torno de 40 ainda indecisos - há a expectativa de que mais ou menos 30 faltem.
Dos eleitos, 50 estão com a Identidade Vasco - o documento pedindo a reunião foi assinado por eles, além de 10 Beneméritos. Campello tem 30 votos em sua base de aliados. A Sempre Vasco, de Julio Brant, tem 40 divididos entre diversos grupos, que podem se dividir para votar, apesar de ser improvável. O presidente também acredita ter metade da Azul (15 votos).
A previsão é de que a votação termine com cerca de 110 votos a favor da sindicância e 105 contra. O número, porém, pode variar, também, de acordo com faltas.
Reunião dos beneméritos termina sem parecer
O primeiro sinal negativo para a situação ocorreu na reunião do Conselho de Beneméritos, na última semana. Campello e Adriano Mendes, vice-presidente de Controladoria, planejavam fazer uma apresentação detalhada da necessidade do empréstimo e do plano para reestruturar a dívida do clube.
Entretanto, beneméritos contestaram a presença de Adriano, por não ser um vice-presidente estatutário, e a necessidade do empréstimo. No fim das contas, caminhava-se para parecer positivo de empréstimo de R$ 10 milhões, em vez dos R$ 30 milhões solicitados, e o pedido de encaminhamento da proposta da reestruturação por e-mail para posterior avaliação.
A reunião, porém, não teve conclusão. Campello chegou a bater boca com Denis Carrega Dias, e não houve parecer claro em relação à pauta do dia.
- Existe grande divisão no conselho - afirmou o presidente do Conselho dos Beneméritos, Silvio Godói.
O Casaca! (a parte que deixou a formação original do grupo e agora possui, por exemplo, nova conta no Twitter) pretende propor uma saída para o empréstimo e os R$ 4 milhões. A ideia das lideranças é que de 20% a 30% dos possíveis R$ 30 milhões que seriam adquiridos por Alexandre Campello sejam comprometidos a pagar dívidas de 2017 e quitar o valor das demissões, contestado pela Identidade Vasco.
Três vices da gestão de Alexandre Campello tentaram, na Justiça, anular a reunião desta segunda-feira alegando uma possível falta de idoneidade entre os 60 nomes dos conselheiros que estão no documento enviado por Roberto Monteiro à Secretaria do clube. Todos os pedidos de liminar foram negados.