A contratação de Ricardo Sá Pinto reascendeu no Vasco o "traço de união Brasil-Portugal" cantado no hino do clube, mas a rota mercadológica entre o Cruz-Maltino e os lusitanos já havia se iniciado antes da chegada do treinador.
No início deste mês, por exemplo, o Vasco emprestou o meia Bruno César ao Penafiel (POR). Em outubro, chegou a um acordo com o lateral direito Cláudio Winck e o negociou para o Marítimo (POR).
Também em setembro foi a vez do Cruz-Maltino vender uma promessa que sequer estreou no profissional: o lateral direito Nathan, de 19 anos, que teve os direitos econômicos comprados pelo Boavista (POR), numa operação que renderá, até o fim de 2021, um total de R$ 8 milhões aos cofres vascaínos.
Na contramão, em agosto, o Vasco contratou o meia Carlinhos, que no início deste ano estava atuando por empréstimo no Vitória de Setúbal (POR). Ele pertencia ao Standard Liége (BEL), mas rescindiu para assinar com o clube de São Januário.
Meia Bruno César foi anunciado oficialmente pelo Penafiel (POR) por empréstimo
Influência de dirigente português
Uma influência nestas negociações recentes do Vasco com o mercado português é o vice-presidente de futebol, José Luis Moreira, nascido em Portugal e que, além de negócios pessoais no país, tem bom trânsito no meio do futebol lusitano.
Moreira, inclusive, já havia sido procurado pelo empresário de Ricardo Sá Pinto no início deste ano, pouco tempo depois de Abel Braga deixar o comando da equipe. Na ocasião, o agente ofereceu o técnico português, mas o Vasco preferiu efetivar Ramon Menezes, que até então era auxiliar.
José Luis Moreira é figura conhecida na política do Vasco, já havia ocupado o cargo em gestões de Eurico Miranda e voltou ao posto em março de 2020. Empresário, já ajudou financeiramente o clube em algumas ocasiões.
Goleiro em litígio também foi para Portugal
Curiosamente, até quem entrou em litígio judicial com o Vasco acabou indo para Portugal, caso do goleiro Jordi, que acionou a Justiça do Trabalho, em agosto, para rescindir e agora está no Paços de Ferreira (POR).
Já o lateral direito Rafael Galhardo tinha encaminhada a ida para o Marítimo (POR), mas o Tribunal não liberou sua rescisão e inviabilizou a transferência. Agora, o jogador cobra uma indenização do Vasco por conta do impedimento do negócio.
Vasco tentou técnico português outras vezes
Em outras oportunidades, o Cruz-Maltino tentou trazer um técnico português, mas esbarrou em detalhes para o acerto. Ano passado, por exemplo, a diretoria vascaína foi a primeira no Brasil a sondar Jorge Jesus, mas os altos valores envolvidos inviabilizaram o negócio. Posteriormente, o treinador ainda conversaria com o Atlético-MG antes de fechar com o Flamengo e fazer história no Rubro-Negro. Jesus, aliás, é amigo de longa data de José Luis Moreira.
Antes, em 2011, o Vasco chegou a ter um acordo verbal com Carlos Queiroz, ex-técnico da seleção portuguesa, mas o comandante enfrentava uma batalha judicial que chegou a suspendê-lo por seis meses e, por isso, não se transferiu.
Sá Pinto, porém, não será o primeiro treinador lusitano da história do clube. Em 1946, Ernesto Santos foi contratado de forma pitoresca, por meio de um anúncio de jornal, e comandou o time por apenas 12 jogos.
Meia português jogou no Vasco em 2005
Em 2005, o Vasco teve um português em seu elenco. Tratava-se do meia Dominguez, revelado pelo Benfica (POR), com passagem pelo Sporting (POR) e que também atuou na Premier League pelo Tottenham (ING) e outros clubes da Europa.
O jogador, porém, ficou apenas seis meses em São Januário, voltou a ter um problema no joelho direito, regressou a Portugal e, no ano seguinte, decidiu encerrar a carreira com apenas 31 anos.
Na sequência, tornou-se treinador, onde começou no União de Leiria (POR), passou pelo Sporting B, pelo Real Cartagena (COL) e pelo Recreativo de Huelva (ESP), seu último clube, em 2016.
Dominguez foi o terceiro e último português a jogar no Vasco. Antes dele, defenderam o clube os lusitanos Perez, em 1974, e Lito, em 1979.