A rescisão consensual do zagueiro Anderson Martins com o Vasco para acertar com o São Paulo escancarou o cenário nebuloso sobre o qual já se falava.
Senão, vejamos.
Eurico Miranda, sem legitimidade, enfrenta dificuldades de captação de novas receitas e sem elas ficar difícil planejar o futuro.
Há quem garanta nos bastidores do clube que o contrato com a nova fornecedora de material esportivo salvou dois meses de salários atrasados.
E também não são poucos os que rezam pela rápida entrada do dinheiro do mecanismo de formação a ser pago pelo Barcelona na compra de Phillippe Coutinho.
AS SEGUIDAS derrotas na Justiça tiraram a confiança de Eurico Miranda, que agora tentará anular o pleito do último dia 7 de novembro.
A vitória da chapa que une o empresário Júlio Brant ao médico Alexandre Campello traduziu o desejo de mudança dos sócios e da torcida.
Mas é preciso que os vascaínos estejam preparados para o pior, pois quanto menor a expectativa, menor o desencanto.
E por uma razão muito simples: sem transição amistosa, a nova gestão precisará de tempo para "tomar pé" da situação administrativa e financeira do clube.
E isso, em ano de Libertadores, com um elenco recheado de pratas da casa mesclados a quatro ou cinco mais experientes.
O ditador voltou ao clube em 2015 e, apesar da terceira queda à Série B, fez razoável trabalho de recuperação institucional e patrimonial.
Melhorou a auto-estima dos vascaínos com conquista de dois títulos estaduais e colocou o time na Libertadores de 2018.
E cuidou da manutenção do antigo estádio de São Januário, orgulho maior dos torcedores.
Eurico Miranda, porém, não cuidou de dois pontos vitais para aqueles confiaram em seu retorno, em 2015.
A relação com as diferentes correntes políticas, algo que pudesse devolver a união do clube.
E a profissionalização de pastas importantes, como futebol, marketing e finanças.
Seu modelo de gestão, arcáico e sem transparência, somado à incorrigível arrogância, impediram o crescimento da marca como um todo.
Uma pena.
O grupo político que assumirá o poder já traz de volta à expectativa de avanços em algumas áreas e renova a esperança dos vascaínos.
Mas traz também a inevitável suspeita do desconhecimento de causa, além do receio dos desmandos vistos num passado recente.
Enquanto sócios e conselheiros não investirem na construção de um só Vasco, os torcedores terão de conviver com os encantos e desencantos do esporte.