Futebol

Coordenador da base da Seleção fala sobre polêmica de Talles

Tetracampeão mundial dentro de campo em 1994, Branco voltou ao cargo de coordenador de base da seleção no fim de outubro do ano passado - cargo que ocupou entre 2003 e 2007 na CBF. Contra clubes que não liberam jogadores - casos mais recentes foram os de Renan Lodi e Rodrygo, que ficaram afastados de Athletico e Santos, respectivamente, por não serem desconvocados -, fala em tratamento igual entre equipes e lamenta a postura de jogadores que não se apresentam à seleção brasileira.

Branco recebeu o GloboEsporte.com no intervalo de dois dias de reuniões de base na Granja Comary. Confira a entrevista:

Você chegou de volta à CBF no fim de outubro. O que já foi possível fazer nesse período?

Lá na CBF (em seminário de abril) eu disse que tínhamos batido no fundo do poço. E batemos mesmo. Com a estrutura que temos não podemos ter os resultados que tivemos. Se não é o presidente Rogério Caboclo, que trouxe o Mundial para o Brasil, estaríamos fora da disputa do sub-20 e do sub-17 também. Olha a vergonha que seria!

A seleção sub-22 venceu Toulon, mas no Sul-Americano sub-20 não classificou, no Sul-Americano sub-17 não passou da primeira fase e em torneio na Inglaterra sub-16 foi goleado por 4 a 0 para os ingleses...

Pois é. Olha o Sub-17, no Peru. Você vê como é o futebol. Não pode perder o foco, se desconcentrar e menosprezar ninguém. De favorito a campeão que éramos a eliminados (na derrota por 3 a 0 para a Argentina). O que é isso? É equilíbrio emocional. É inacreditável, mas acontece.

E por que decidiram manter o Guilherme Dalla Dea na sub-17? Por causa do Mundial?

Ele, o auxiliar Phelipe Leal, a comissão técnica, são muito bons. Foram questões pontuais (a eliminação), mas estamos atentos a isso. Não tivesse o Rogério (Caboclo) estaríamos fora do Mundial. Não teria Goiânia, Vitória nem Brasília (sedes do Mundial).

A mudança passa por manter pé firme nessa briga com os clubes para não liberar convocados?

Não estamos brigando com os clubes. Muito pelo contrário. Queremos estar próximos deles. Mas se analisar bem, e o presidente foi importante nisso, foi decisão dele, a gente estava indo com a quarta ou quinta opção para torneios e campeonatos. Porque ninguém liberava ninguém. Os clubes têm que entender, e sei o processo e entendo o lado deles, que precisamos de seleções fortes independentemente de categoria. Estamos representando o Brasil. A gente conquistando, competindo, valoriza o produto dele, o jogador, e o futebol brasileiro. A gente estava indo por um caminho que estava todo mundo desconfiado: "o Brasil não é o mesmo", diziam. Temos de usar coerência. Em Toulon, a gente só convocou um de cada time do Brasil. Só o Corinthians que foram dois jogadores, porque o Andrés liberou o Mateus Vital e o Pedrinho. E com certeza ficaram muito felizes os presidentes de clubes que liberaram os jogadores.

O Douglas Luiz, melhor jogador em Toulon, acabou de ser vendido. Yago, do Inter, também.

Dois ou três jogadores foram vendidos. Mas a gente não traz jogador para ser vendido. A gente não vende. Mas a força da camisa é tão grande que se eles aproveitarem o momento acontece. A base é a grande saída para os clubes e a seleção sempre foi vitrine. O cara tem que estar orgulhoso de estar aqui, independentemente da categoria.

No caso dos jogadores do Santos, o presidente Peres te ligou? O Luxemburgo reclamou do Talles Magno também.

Não falei com o presidente do Santos. Quem me ligou do Vasco foi o (Alexandre) Campello. Dois dias depois ele esteve na CBF e entendeu. Quero agradecer a ele. Porque houve briga pelo Talles, ele fez dois gols no jogo dentro de casa, foi na torcida, o que foi do caramba, cheio de criança lá. Quero agradecer mais ainda por ceder São Januário para esses dois eventos. Ali tem clima de jogo, publicidade, público, TV ao vivo para o Brasil inteiro. Temos Mundial e um Sul-Americano pela frente. E ainda arrecadamos uma tonelada de alimentos. São objetivos que a gente vai alcançando, vai melhorando. Falamos para caramba por telefone, mas o Campello entendeu. Lógico que ele vai lutar pelo Vasco, nós pela seleção. Mas no final o objetivo é o mesmo.

Lá de fora o Tiago Maia, do Lille, não veio. Nesses casos, e do Renan Lodi e do Rodrygo, houve cobrança? Justificativa?

Simplesmente não se apresentaram. A partir do momento que o jogador não se apresenta entra o setor jurídico. Nós cuidamos da parte técnica. Se não se apresenta temos que pensar em outro. Por isso temos cinco opções por posição.

E a situação do Kaio Jorge, que não foi para as duas últimas convocações na sub-17?

Sinceramente, não sei o que falar. Eu estou aqui desde outubro e nunca vi ele aqui. Estranho eu falar isso. Mas são decisões, atitudes e cada um assume as suas decisões e atitudes. Ninguém é maior que a seleção. Já foi provado isso várias vezes. A vida é feita de oportunidades e chances. Quem quiser vir, vem. Quem não quiser, tem outros que queiram.

Vai ser difícil o Kaio Jorge voltar a ser chamado?

Não estou dizendo isso. Queremos os melhores. Mas eles têm que querer vir também. A gente quer a excelência. Às vezes aquele tecnicamente qualificado pode te dar problema. O mentalmente forte, que quer vestir e se orgulhar de cantar o hino do Brasil, que não é tecnicamente igual, rende mais. Jogo você ganha com jogador. Campeonato é com grupo.

Você conviveu com alguns presidentes em anos de CBF desde a década de 1980. Como é o tipo de liderança do Rogério, que é bem mais jovem que os outros que você conheceu?

Para mim, visionário. Muito agressivo e muito profissional.

Em que sentido agressivo?

No sentido que ele quer o melhor para a entidade. Não é só no futebol. Em todos os setores. Vê as atitudes que ele está tendo desde o discurso de posse. Cara de peito aberto, bem intencionado. Muito inteligente. Que delega e cobra. Um gestor, né. E acho que o caminho é esse. Apoia a tudo e a todos, todos os setores da CBF. Além de ser um cara humilde, simples. Não é metido, não é prepotente. Ele chega num vestiário e é recebido de braços abertos pela humildade do cara. Isso não quer dizer que não seja profissional competente. O grande sucesso da vida é humildade e respeito. Isso que aprendi com os grandes.

Você tem entrosamento bom já com Juninho, né? Que assumiu o lugar do Edu Gaspar.

Ele tem ajudado muito. Fiquei muito feliz que ele assumiu o lugar do Edu. Colocando a parte que a gente jogou junto e tem amizade, ele pensa da mesma forma que eu. Estamos fazendo projeção até a Copa do Mundo de 2030, pensando a curto, médio e longo prazo. Projetando essas gerações.

E como vai ser trazer jogadores da Europa? Renan Lodi, Rodrygo, Vinicius... Vai ser possível contar com algum no Pré-Olímpico?

Quando bater janeiro o Pré-Olímpico, vai ser meados de temporada na Europa. Vai ser uma f... de convocar. Ou seja, nós temos seis amistosos. Seis Datas Fifa até o Pré-Olímpico, que é paralelo com a principal. Tem que ter planejamento de quem vai contar em janeiro. Não adianta treinar um time que tu não vai jogar. Como é que faz? Pré-olímpico e Olimpíadas não são Datas Fifa, né. Em Toulon tinha no meio uma Data Fifa. Mas é muito difícil. É questão de relacionamento. Deixa definir o treinador (sub-23) que vamos atacar isso.

Fonte: ge
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