A reestreia de Juninho Pernambucano e as duas vitórias consecutivas sobre Fluminense e Criciúma encheram o Vasco de esperança e levaram a equipe à sexta posição do Brasileiro. Enquanto o grupo comandado pelo recém-contratado Dorival Júnior mostrava se acertar, a diretoria ficava perto de assinar o acordo que prometia - e ainda promete aliviar as finanças no clube. Mas pouco mais de dois meses depois, o horizonte não mostrou-se tão tranquilo assim. O Vasco segue em crise financeira, e o time entrou em trajetória descendente, entrando na zona de rebaixamento após a derrota por 2 a 0 para o São Paulo, no último domingo.
Alguns fatores contribuem para o mau desempenho da equipe, e em São Januário existe a certeza do que acontece fora de campo tem boa parcela de influência nisso. Abaixo estão alguns dos possíveis motivos para que a ilusão de uma campanha competitiva tenha dado lugar a um cenário de preocupação neste início de segundo turno do Campeonato Brasileiro.
Crise financeira
A saída do treinador Paulo Autuori foi superada rapidamente com a chegada de Dorival Júnior e seu discurso de blindagem do vestiário. Para isso, a diretoria apostava no acordo com a Fazenda Nacional, o reparcelamento das dívidas fiscais e então o caminho aberto para obtenção das certidões negativas de débito. Elas possibilitariam a assinatura com novos patrocinadores (Caixa e Nissan) e o desbloqueio de verbas penhoradas. Mas quase um mês já se passou e a batalha judicial pelas CNDs ainda se arrasta. Consequentemente, o Vasco permanece sem conseguir pagar salários em dia (são dois meses de atraso), e o assunto torna-se recorrente entre os jogadores. O foco passa a não ser somente o de jogar futebol.
O desgaste de Juninho e o fator bola parada
Principal jogador de um elenco com muitos jovens e de poucas figurinhas tarimbadas, aos 38 anos Juninho jogou 12 partidas das 16 desde que retornou ao Vasco num espaço de 56 dias. Ficou de fora apenas contra Goiás, Santos e as duas partidas diante do Nacional-AM pela Copa do Brasil. Se no início, dos pés dele, com a bola rolando e principalmente com a parada - foram seis gols de falta ou escanteio nos primeiros seis jogos do retorno do Reizinho -, o Vasco se desafogava em jogos difíceis, agora o camisa 8 mostra dificuldade de ajudar até mesmo em sua especialidade.Com a sequência de duas partidas por semana, tem sido impossível para Dorival Júnior trabalhar a equipe com mais tranquilidade. Sem poder testar jogadas e opções, ele tem optado por mexer pouco na equipe, que mostra dificuldade em alcançar entrosamento. Por conta da rotina desgastante, tem sido visível o desgaste de Juninho Pernambucano. Referência do time, o jogador de 38 anos não tem podido contribuir da melhor maneira.
Insegurança do goleiro
Diretoria e comissão técnica, principalmente na figura do treinador de goleiros Carlos Germano, decidiram apostar suas fichas em Diogo Silva como titular. No entanto, algumas falhas em São Januário fizeram do goleiro um jogador marcado pela torcida do Vasco. Com a insegurança de um atleta ainda inexperiente em grandes clubes, ele passou a ter uma mínima margem de erro até ser criticado pelos torcedores, principalmente dentro de casa.
Perdas e poucas peças de reposição
Há dois meses o Vasco não pode contar com Guiñazu e Sandro Silva, considerados fundamentais para aumentar o nível de experiência do grupo dentro de campo. Enquanto a dupla de volantes se recupera de graves lesões, Dorival Júnior tem sofrido com a falta de opções para mudar a equipe. O artilheiro André não marca há quatro rodadas e, no banco, o jovem colombiano Montoya, ainda não teve uma atuação que correspondesse às expectativas.
Clima político
Embora ainda faltem dez meses, o clima de eleições chegou a São Januário. A presença marcante do ex-presidente Eurico Miranda nas partidas simboliza o momento atual nos bastidores do Vasco. Assim, nos dias de jogos começa a ser visível o debate de correntes políticas diferentes, criando um ambiente pouco propício para que todos se concentrem em apoiar a equipe dentro de campo.