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Cristiano Koehler avalia situação do meia Bernardo

Bernardo, garoto do interior de São Paulo, viveu momentos de terror nas vielas do Complexo da Maré, ao ser, segundo investigação da Polícia Militar, espancado por traficantes da comunidade. Diferentemente de Adriano, nascido, criado e \"Imperador\" da Vila Cruzeiro, na Penha, o apoiador vascaíno adotou o conjunto de favelas espremido entre a Avenida Brasil e a Baía de Guanabara como \"point\" no Rio de Janeiro por pura diversão. Só não contava com a descoberta de um suposto relacionamento com Dayana Rodrigues, namorada do traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P, chefe do tráfico de drogas no local.

Tanto no Complexo da Maré quanto em São Januário, o episódio ocorrido no último fim de semana não chegou a ser uma surpresa. Na comunidade, as visitas do jogador têm sido constantes desde a sua primeira passagem pelo Vasco, em 2011. Ele já é conhecido por boa parte dos moradores. O carro importado do meia chama a atenção sempre que desponta em uma das ruas que desembocam na Avenida Brasil.

Já no clube, o reduto de Bernardo nos períodos de folga era de conhecimento da diretoria e da comissão técnica. Fã de grupos de funk como Os Hawaianos e do Mc Tabajara, Bernardo encontrou afinidades com a comunidade. Porém, há muito tempo que o camisa 31 vem extrapolando fora das quatro linhas. A diretoria já estava preocupada, não por causa dos lugares frequentados pelo meia, mas sim por aquilo que ele vinha fazendo do outro lado dos muros da Colina.

Os atrasos para os treinos se repetiram algumas vezes durante o Campeonato Carioca, mesmo no período de melhor fase do time, na Taça Guanabara. O técnico Gaúcho, então à frente da equipe, e o diretor técnico Ricardo Gomes conversaram algumas vezes com Bernardo. Afinal, a presença em boates, até de madrugada, às vésperas de treinos marcados para a manhã, interferiam no seu rendimento nas atividades.

Sem outra opção, foi decidido que Bernardo perderia a vaga entre os titulares. Por isso que, mesmo artilheiro do Vasco no Carioca, o camisa 31 foi para o banco de reservas no fim do primeiro turno e no começo do segundo.

Sem ter quem fosse capaz de lhe colocar um freio, Bernardo não quis saber de descanso mesmo depois de romper os ligamentos do joelho esquerdo. No dia seguinte à partida contra o Quissamã, o camisa 31, já com a perna imobilizada, foi visto com sinais de embriaguez em uma boate na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

Curiosamente, tanto para o Complexo da Maré, quanto para o Vasco, o episódio envolvendo Bernardo aconteceu em péssima hora. Moradores da comunidade temem que o clima de tensão na localidade aumente ainda mais. A Maré vive a expectativa de ser ocupada por forças da Polícia Militar para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Há relatos de que, por causa disso, os traficantes que ainda atuam na comunidade estariam mais violentos que de costume.

Por sua vez, o clube de São Januário, mesmo sem culpa, se vê envolvido em mais um episódio de repercussão negativa. Com sérios problemas financeiros e em meio à grave crise técnica, o Vasco admite que o caso de Bernardo só colabora para o momento ruim.

- Infelizmente, é um assunto que gera repercussão, gera uma imagem ruim para o clube. Um assunto negativo, vinculado a um jogador que faz parte do clube, afeta a instituição - afirmou o diretor geral Cristiano Koehler.

No Vasco, a diretoria promete prestar toda a assistência necessária para o jogador. Fisicamente sem maiores danos, a preocupação maior é que ele também se recupere psicologicamente do grande susto que levou. O clube agora tenta evitar a desvalorização excessiva do camisa 31, com contrato com o Vasco até 2015, e sempre considerado uma boa possibilidade de negócio no futuro. No fim das contas, a esperança é de que Bernardo finalmente entre nos eixos. A diretoria já sinaliza que as coisas serão diferentes daqui para frente.

- Que isso tudo sirva como um momento de reflexão, de reavaliação de conceitos de vida, de valores, de postura e de comportamento. Cabe a nós agora buscar um limite, encontrar o alinhamento entre as partes (clube e jogador) para fazer com que este acontecimento não se repita - concluiu Koehler.

Fonte: Extra Online
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