Futebol

Cristóvão esquece quem saiu para não prejudicar o trabalho

Depois de um período de brilho, regularidade e disputa ponto a ponto com o Atlético-MG, o Vasco foi o primeiro dos líderes a encarar a realidade da gangorra chamada Campeonato Brasileiro. Até passou ileso pelas primeiras semanas sem três titulares, vendidos para fazer caixa, mas não suportou a força ou as dificuldades de encaixe em relação a alguns dos últimos rivais, segundo o técnico Cristóvão Borges, e caiu de rendimento. Hora de rever conceitos, remexer no time à procura de uma solução ágil - sem atirar fora o que foi construído - e muita conversa para reforçar a confiança dos jogadores em suas qualidades.

A má fase pode ser deixada para trás já neste sábado, com uma eventual vitória sobre o Fluminense, segundo colocado na competição. O clube enxerga que assim encerraria o primeiro turno com moral e em condições de arrancar novamente para a campanha dos sonhos. Sem olhar para trás e remoer as baixas de Fagner, Romulo e Diego Souza.

- O jogador quando sai, acabou. Tenho que esquecer para não prejudicar o trabalho. O Vasco precisava da venda e sabíamos que era provável acontecer. A discussão é que, fora as dificuldades para fazer gols, Alecsandro ficou mais sozinho pelas necessidades. Eder Luis voltou sem ter a mesma eficiência. Falei logo para eles (jogadores): temos virtudes e limitações. E aí, quando jogamos contra determinados adversários, sofremos por isso. Temos que saber aflorar nossas virtudes a cada dia e não ficarmos vulneráveis para as dificuldades não aparecerem. Tivemos Corinthians, Inter, Atlético-MG, Flamengo, todos grandes times pela frente. Em alguns casos, como o do Coritba, a forma de jogar não encaixou, são características de cada um. E criou-se ainda uma ansiedade pela rodada ter sido positiva. Mas mostramos nervosismo com os erros que cometemos e ficamos expostos - justificou Cristóvão, sem especificar os aspectos que acredita serem os mais frágeis do Vasco.

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Na derrota para o Flamengo, no último domingo, o 4-3-3 habitual com Felipe no meio e Wendel caindo pela ponta esquerda, para amenizar o raro avanço dos laterais (Foto: Reprodução / Blog Olho Tático)

As mudanças efetivas trouxeram laterais mais retraídos, como Auremir e William Matheus, e um meia-atacante que não emplacou - Carlos Alberto, substituto de Diego Souza, voltou ao banco de reservas nas últimas rodadas. Na vaga de Romulo, Wendel, porém, parece soberano e livre de contestações da torcida. A equipe ficou sete partidas sem sofrer gols, mas os setores passaram a exibir falhas, quebrando a sequência de invencibilidade.

Para André Rocha, do blog Olho Tático do GLOBOESPORTE.COM, Cristóvão vem fazendo testes pontuais desde então, mas evita mudar a estrutura time. O cenário, contudo, não é simples, por conta da maior facilidade de manutenção das peças dos adversários diretos.

Temos que saber aflorar nossas virtudes a cada dia e não ficarmos vulneráveis para as dificuldades não aparecerem. Tivemos Corinthians, Inter, Atlético, Fla, grandes times pela frente. Em alguns casos, como o do Coritba, a forma de jogar não encaixou, são características de cada um\"

Cristóvão Borges

- A solução a curto prazo é encaixar o Jonas na lateral direita, investir na rápida recuperação técnica e física de Eder Luís e Dedé e não deixar o momento de oscilação virar crise. O time do Vasco é forte, organizado e pode recuperar o terreno no returno. A estrutura tática é a mesma, com o 4-3-3 como base. Na derrota para o Flamengo, Felipe formou o meio-campo com Nilton e Juninho e Wendel jogou aberto pela esquerda. O Vasco sofre mesmo sem o entrosamento de Fagner, Allan, Romulo, Bernardo e Diego Souza. Cristóvão Borges perdeu a força do elenco, característica marcante na memorável campanha de 2011. Ainda assim, a sequência de resultados negativos é dura, mas compreensível pelo contexto. Talvez se Atlético-MG e Fluminense não estivessem tão regulares, o impacto seria menor - avaliou

Ao longo do clássico do último domingo, só Juninho levantou 17 bolas na área, um recorde na edição do Brasileirão. Além disso, números outrora fortes para o Vasco se tornaram bem menos efetivos. Foram somente sete roubadas de bola, por exemplo, contra 21 do arquirrival. A média era de 15 por rodada, a melhor do torneio. Cristóvão não crê em ser refém da jogada de seu capitão e contra-argumenta ressaltando que o Vasco já ganhou muito assim.

\"JuninhoJuninho foi muito acionado contra o Fla, mas o time não foi eficiente (Foto: Ide Gomes / Agência Estado)

- Juninho é uma arma e tenho que usá-la. Eles confiam muito naquilo, já nos deu gols, e acabam insistindo mais em determinados jogos. Se pegarmos o geral, nem sempre as jogadas partem da bola áerea - minimizou o comandante cruz-maltino.

Para o goleiro Fernando Prass, é fundamental esperar mais para saber se a metamorfose gradativa pela qual passa o Vasco neste segundo semestre não trará benefícios futuros.

- A queda é relativa. Se pegarmos os últimos dez ou 15 jogos, ainda temos uma regularidade e médias boas. Fala-se muito desses cinco jogos, é verdade que os resultados não estão vindo, mas é até normal porque perdemos jogadores. Entraram reforços com características diferentes das do Diego Souza, do Fagner, do Romulo, até do Allan, e não é fácil acertar e se manter. Até se adequar, leva um tempo. É voltar a ter isso aos poucos, no trabalho e na conversa, para não perdermos as chances que aparecem na competição - projetou.

Fonte: ge
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