Futebol

Crônica: Só Romário é admirado por vascaínos e urubus

É ele, não resta mais dúvida. Deus não o colocaria tantas vezes na cara do gol em 2007 não fosse mesmo o escolhido dos céus. Onde já se viu encerrar a carreira aos 41 anos marcando três vezes a cada partida que disputa pelo Estadual? A imprensa esportiva ainda está meio atônita com a volta por cima de Romário aos gramados brasileiros. Há três meses, dava o craque por acabado na busca patética pelo milésimo gol em campos tão diferentes quanto os de Sydney e Miami. Preparava-se para fazer piada do feito do Baixinho quando alguém lá em cima se encarregou de mudar o curso da história. Difícil acreditar no que está acontecendo.

Quando nem mais os vascaínos esperavam nada dele, Romário reinventou a máxima eficiência sem abrir mão do mínimo esforço que lhe é peculiar desde muito antes dos 40 anos. Isso que em futebol as torcidas chamam de raça nunca foi com ele. Nos últimos jogos de seu clube pela Taça Rio, Romário suou a camisa com a bola nos pés durante um minuto, se tanto, do tempo regulamentar.

Faz assim depois que entra em campo: dá meia dúzia de autógrafos, três entrevistas, dois tapinhas nas costas dos adversários, uma piscadinha pro juiz, um sinal-da-cruz, três piques, duas coçadinhas no queixo, cinco deixadinhas, uma cabeçada, dois chutes de bico, rasteirinhos, três beijos na cruz-de-malta do uniforme, mão em concha no ouvido para ouvir a torcida gritar seu nome e, pronto, transforma-se em protagonista de goleadas incríveis nas partidas medíocres que seu time vem fazendo desde a Taça Guanabara. Já é um dos artilheiros do Campeonato Carioca.

Seus críticos – ô raça! – não se conformam. Tentam ainda desqualificar a aritmética da Vila da Penha, refazendo as contas que o jogador fez com seus peixes para chegar ao milésimo. Anulados gols de amistosos e de sua época de amador, na ponta do lápis da Placar de março seriam agora 897 bolas na rede em competições oficiais como profissional. A edição de abril da mesma revista, que agora chega às bancas, faz nova recontagem depreciativa do feito, com uma honrosa ressalva: segundo cálculos do pesquisador Severino Filho, Romário estaria com 716 gols, prestes a se tornar maior que Pelé. Isso mesmo: aferido pelo mesmo critério, o Rei teria no total 720 gols.

A seção noticiosa do site da Fifa fez de conta: considerou a soma de Romário tão confiável quanto a de Pelé, sem entrar no mérito dos gols marcados pela seleção do Exército na soma dos 1 000 do Rei – e não se fala mais nisso. Mas, enquanto houver Romário, vão falar. O cara incomoda fora de campo tanto quanto na pequena área. Meio mundo não gosta daquele jeito abusado de se achar, do sotaque de malandro carioca, da economia de esforço e, sobretudo – ou apesar de tudo –, da genialidade que sempre o redime.

O povão identifica no ídolo alguém igual que deu certo. \"Sai, sai da frente, sai que o Romário é chapa quente.\" Ninguém mais, só ele, conta com a admiração indistinta de vascaínos e flamenguistas, mas muita gente arrumada – vascaínos e flamenguistas, inclusive – acha que o cara não merece ter feito os gols que fez. Nem as Ferrari, os Porsche ou as loiras que teve. Contam dele mil e uma lambanças na companhia de amigos e de mulheres. Estranham mesmo que nunca o tenham flagrado bêbado e desconfiam do papel de pai exemplar que deu agora para desempenhar. Nada, evidentemente, que o ponha em pé de igualdade com o bom-mocismo de um Zico ou de um Roberto Dinamite, por exemplo.

Enfim, tem gente que não gosta de Romário, e pronto! Ninguém tem nada com isso, mas é pura maldade tentar desqualificar uma história de sucesso num país onde tudo dá errado. Romário põe o Brasil de novo na rota do final feliz, bobagem reagir negativamente a essa possibilidade. O mundo inteiro vai aplaudi-lo quando sair o milésimo gol. Não perca essa chance. Há quanto tempo a gente não bate palmas com vontade? Aproveite!

Fonte: Coluna de Tutty Vasques - No Mínimo
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