A soma das receitas dos 20 clubes de futebol que mais faturam no Brasil atingiu R$ 8,9 bilhões em 2023, o maior valor já contabilizado na história, uma alta de 19% em relação ao ano anterior, que foi de R$ 7,5 bilhões. Os dados estão em novo levantamento realizado pela Sports Value, consultoria especializada no setor, divulgado nesta sexta-feira, 3.
"O número cresceu de forma bastante acentuada por conta das transferências, melhora em receitas de marketing e também em exploração dos estádios, com uma atenção especial ao São Paulo, que melhorou os seus resultados com o MorumBis", diz Amir Somoggi, especialista em marketing esportivo e responsável pela pesquisa.
Os dados são extraídos das demonstrações contábeis públicas dos clubes. De acordo com a análise, os valores gerados pelas transferências de jogadores tiveram alta de 25%, totalizando R$ 1,9 bilhão em 2023. Já as receitas em marketing cresceram 22% no período, atingindo R$ 1,4 bilhão. Em cinco anos, a alta real foi de 55%, já descontados os valores da inflação.
Recursos de bilheteria e estádios, por sua vez, aumentaram 33%, quase R$ 900 milhões, enquanto sócios e clube social, 20%, passando de R$ 1 bilhão pela primeira vez. As receitas com direitos de TV também cresceram 8% (R$ 3,2 bilhões), com destaque para o crescimento de clubes que voltaram da Série B para a Série A.
Impacto da LFU
No relatório, a Sports Value informa que identificou inúmeras inconsistências contábeis no registro dos valores recebidos pelos clubes pertencentes à Liga Forte União (LFU), um dos blocos de negociação de direitos de transmissão.
"Os valores ingressados nos clubes via LFU somam mais de R$ 1,8 bilhão somente em 2023. Foram negociados por 50 anos, 20% dos direitos futuros de TV, um valor altíssimo e que deveria ser registrado pelo regime de competência. Isso significa que valores que passam dos R$ 211 milhões, para alguns clubes, foram registrados erroneamente como receitas operacionais de 2023", diz o documento.
Por conta dos valores da LFU, os clubes fecharam com altos superávits líquidos em 2023. Os Top 20 times, somados, obtiveram superávits de R$ 922 milhões, frente aos déficits de R$ 34 milhões de 2022. Contudo, sem o impacto das transferências da LFU, muitos fechariam no vermelho.
Entre os 20 clubes examinados, 11 estão associados à LFU. O Cruzeiro, que não divulgou seu balanço dentro do prazo do estudo, não foi incluído na análise. Athletico-PR, Fortaleza e Internacional, por exemplo, utilizaram os recursos para reduzir parte de suas dívidas.
"Isso está dando uma distorção muito grande. É muito triste, porque a ideia de fazer uma liga era para dar equidade e equilíbrio e esse dinheiro novo, extraordinário, acabou impactando as finanças de clubes bem administrados", afirma Somoggi.
Aumento dos custos
Pela primeira vez, o relatório também mostrou um aumento de custos dos 20 clubes a uma taxa semelhante à da receita. Em 2023, as associações e Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs) testemunharam um aumento de 20% nos gastos, totalizando conjuntamente R$ 6,9 bilhões.
Entre os maiores valores, o Flamengo registrou R$ 849 milhões, seguido pelo Palmeiras (R$ 697 mi) e Corinthians (R$ 672 mi), coincidentemente, os três com maior faturamento também.
Confira o ranking de finanças da temporada 2023
O Clube de Regatas do Flamengo fechou 2023 com receita líquida de R$ 1,4 bilhão, maior cifra do futebol brasileiro pelo quinto ano consecutivo. Veja o ranking abaixo:
1. Flamengo: R$ 1.374,0 bilhão
2. Corinthians: R$ 936,7 milhões
3. Palmeiras: R$ 908,9 milhões
4. São Paulo: R$ 680,8 milhões
5. Athletico-PR: R$ 510,7 milhões
6. Red Bull Bragantino Ltda.: R$ 488,4 milhões
7. Fluminense: R$ 480,8 milhões
8. Grêmio: R$ 467,1 milhões
9. Atlético-MG SAF: R$ 439 milhões
10. Santos: R$ 424,4 milhões
11. Internacional: R$ 423,4 milhões
12. Botafogo SAF: R$ 388,1 milhões
13. Vasco da Gama SAF: R$ 363,5 milhões
14. Fortaleza SAF: R$ 258,5 milhões
15. América-MG SAF: R$ 187,9 milhões
16. Bahia SAF: R$ 176 milhões
17. Cuiabá SAF: R$ 139,8 milhões
18. Ceará: R$ 132,1 milhões
19. Coritiba SAF: R$ 99,2 milhões
20. Goiás: R$ 98,0 milhões