Um dos argumentos de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, para tentar manter a TV Globo com os direitos de transmissão do Brasileirão é de que a emissora carioca garante boa audiência, devido a seu histórico de liderança na televisão brasileira. Andrés teme que a Globo, em caso de derrota para outra emissora na briga pelos direitos, se transforme em obstáculo.
Na sua visão, a audiência ficaria dividida, consequentemente, diminuindo o interesse dos patrocinadores. Uma tese, porém, que perde força pelo passado de exclusividade de outras emissoras. Três emissoras que tiveram a chance de transmitir futebol sem a Globo fizeram história.
A primeira a provar do privilégio foi a extinta OM. Em parceira com a TV Gazeta, a emissora paranaense transmitiu a Copa Libertadores de 92. Na decisão, entre São Paulo e Newell\"s Old Boys (ARG), a audiência foi recorde, com cerca de 50 pontos no Ibope. Detalhe: o narrador na ocasião, que também tinha a função de diretor de esportes da emissora, era Galvão Bueno.
Três anos depois, foi a vez do SBT bater seu recorde. A final da Copa do Brasil, entre Corinthians e Grêmio, que foi veiculada com exclusividade pela emissora de Silvio Santos, bateu 53 pontos de pico (49 de média durante o jogo. Uma audência que só seria superada seis anos depois, na final da primeira edição da Casa dos Artistas.
Em 2000, foi a vez da TV Bandeirantes fazer história sem a concorrência da Globo. Na decisão do I Mundial de Clubes da Fifa, entre Corinthians e Vasco, a emissora paulista bateu 53 pontos no ibope superando sem sustos Jornal Nacional e a novela, transmitidos simultaneamente durante jogo, prorrogação e decisão por pênaltis.
Na ocasião, os direitos da competição mundial eram da Traffic e foram cedidos com exclusividade à Bandeirantes. No início da competição, a Globo usou a estratégia de ignorar o que acontecia com Corinthians, Vasco, Real Madrid, Manchester United & Cia. Antes da final, porém, tentou adquirir os direitos junto à empresa de marketing esportivo. Sem sucesso.
Cada ponto de audiência corresponde a 80 mil aparelhos na Grande São Paulo. Levando em conta que a média é de três pessoas por televisor, os tais 53 pontos da até agora única final de Mundial de Clubes (entre Corinthians e Vasco) corresponderam a aproximadamente 12,8 milhões de pessoas diante da tevê.