Dedé fala sobre Ricardo Gomes e Seleção Brasileira

Talento para defender, cabecear, marcar e, mesmo tão jovem, de ser protagonista de um time cada vez mais em ascensão. Este é Anderson Vital da Silva, ou melhor, o Dedé, zagueiro da Seleção Brasileira e do Vasco. Chamado de “mito” pela torcida vascaína, Dedé vem se destacando desde o ano passado como o melhor jogador de um clube em franca recuperação. Depois do rebaixamento para a Série B em 2008, a volta à A em 2009, o time foi campeão da Copa do Brasil esse ano, se classificou para a Libertadores e agora briga pelo título do Brasileirão. Tudo isso com Dedé usando a camisa número 26 em campo.

As vitórias no Vasco, tendo sempre o zagueiro como um dos melhores em campo, chamaram atenção de Mano Menezes que o convocou para o amistoso contra a Alemanha. Dedé não jogou, mas agradou. Foi convocado novamente para o amistoso contra Gana e deve ser titular da Seleção Brasileira na Supercopa das Américas, quando o Brasil jogará só como jogadores que jogam no país.

Essa semana, antes de embarcar para Londres e se juntar à Seleção, Dedé falou com exclusividade ao Sambafoot e falou da sua carreira, do Vasco, da Seleção Brasileira, da Copa de 2014 e claro, de Ricardo Gomes. Confira:

 

 

Dedé, nosso site tem leitores interessados pelo futebol brasileiro na Espanha, França e Inglaterra. Quando saiu a sua primeira convocação, todos começaram a perguntar para a redação aqui do Brasil, \"Quem é esse Dedé?\". Faço a pergunta para você então para começar: Quem é o Dedé?

Sou um cara tranquilo, que sempre manteve os pés no chão e que trabalha em busca do espaço no futebol.

E você começou no Volta Redonda, no interior do Rio. Qual a importância da cidade e desse clube na sua vida?

Os dois foram importantes, mas a cidade bem mais. Por ser perto do Rio, qualquer folguinha corro para Volta Redonda, que é minha cidade natal. Lá estão a maior parte dos meus amigos e a minha família. O clube também foi importante, pois me abriu as portas com uma oportunidade, mas também foi lá que passei um dos momentos mais difíceis da minha carreira, quando fui dispensado injustamente. Jogadores tiveram que procurar a diretoria para dizer que o que eles estavam fazendo era uma loucura. Acho que agora o clube reconhece meu potencial.

Você chegou ao Vasco na Série B. Deu para entender o tamanho do Vasco naquela época? Mesmo não jogando muito, qual foi a emoção do título?

Ja tinha noção da grandeza do Vasco, mas comemorar um título jogando, sem dúvida, teve outro sabor.

E veio 2010, você arrebentou e a torcida se apaixonou por você. Te apelidou de \"O Mito\". Como é isso para você? Já se considera um \"mito\" vascaíno?

Estou longe de ser um mito (risos). Curto demais a paixão do torcedor e tento retribuir este carinho jogando bem.

A forma que a torcida te trata lembra muito a idolatria que a torcida do Fluminense tinha com o Thiago Silva, hoje seu companheiro de Seleção e dono da zaga de um dos maiores clubes do mundo. Ele é uma referência de onde você quer chegar?

Ele é o melhor zagueiro do futebol atual. Me espelho nele e espero, assim como ele, no momento certo, fazer uma grande carreira na Europa.

Falando nisso, como foi a sua convivência com seus companheiros de posição na Seleção? São zagueiros com histórias distintas: o Lúcio, experiente e consagrado, e o Thiago Silva, jovem mas com alguma experiência.

O tempo é curto na Seleção. Por enquanto, mais ouço do que falo. Já sou de falar pouco mesmo. Mas tive tempo para escutar alguns conselhos e ouvir experiências. O ambiente na Seleção é muito bom.

Com quem o Dedé se daria melhor em uma dupla de zaga titular na Copa de 2014?

Se eu chegar no grupo que vai brigar para fazer história, já estarei satisfeito.

E o seu contato com o Mano, como foi?

Também muito bom. O Mano conversou bastante comigo. Sem falar que estamos falando do treinador que me deu a primeira oportunidade de ser convocado. Não vou me esquecer disso nunca.

O futebol carioca tem, na Seleção, você representando o Vasco; o Ronaldinho o Flamengo; o Jefferson o Botafogo e por vezes o Fred representa o Fluminense. Além disso, tem três times brigando pelo título brasileiro, e três times conquistaram títulos importantes nos últimos dois anos. Qual a explicação para o bom momento?

Os clubes cariocas estão começando a investir na profissionalização de alguns departamentos que interferem em campo. Não tenho essa experiência para falar com exatidão, mas acho que alguns clubes no Brasil, como Cruzeiro, Inter e São Paulo, por exemplo, já vem adotando essa postura há alguns anos. Por isso, eles começaram a colher os resultados antes dos clubes cariocas.

E o bom momento do Vasco, qual a explicação?

O grupo é muito bom e o treinador tem todo o grupo na mão e sabe o que faz.

Ricardo Gomes é fundamental nesse processo então. Como o acidente com o treinador está afetando o grupo do Vasco?

Com toda certeza. O Ricardo é como um pai. Sabe tirar o melhor de cada um. Todos os jogadores estão muito abalados com que aconteceu e tenho fé de que ele vai se recuperar.

Você já declarou que quer jogar na Europa, mas que quer ficar no Vasco para a Libertadores de 2012. O seu contrato vai até 2014 com o Vasco, mas uma transferência pode acontecer até lá. A sua pretensão é ser convocado para a Copa de 2014 como jogador do Vasco ou como jogador de um clube europeu?

Minha vontade é de defender o Vasco por muito tempo, mas é muito difícil projetar o futuro agora. Algumas situações mudam todo o rumo de um planejamento.

Alguma preferência por algum campeonato? Inglês, Italiano, Espanhol, Português?

Gosto muito do Italiano e do Espanhol.

Por fim, para um jogador de alto nível como você, a possibilidade de jogar uma Copa do Mundo, em casa, mexe muito com a cabeça de um jogador?

Mexe, mas isso ainda é um sonho. Não tão distante, pois sei que estou sendo observado para isso, mas prefiro deixar para pensar mais perto da Copa.

* Por nosso correspondente no Rio de Janeiro, Thales Machado