Até ontem, cerca de 5 mil entradas haviam sido vendidas para Fluminense x Vasco, às 17h, no Maracanã. O clássico tem perspectiva de prejuízo. E um dos motivos é a discussão sobre que torcida tem direito a ocupar o setor à direita das cabines de imprensa. Uma briga que não cai no esquecimento.
A discussão se tornou um empecilho em negociações. Com os dois cada vez mais enfraquecidos nas finanças e em campo, bater o pé virou forma de os dirigentes mostrarem alguma força política. Nenhum clássico com o Vasco como mandante foi realizado no estádio nos últimos cinco anos. Os duelos foram levados para o Nilton Santos, para São Januário e até para fora do Rio.
O jogo de hoje sofre consequências. O Vasco mandou o duelo do primeiro turno em São Januário. Por ordem da PM, só 5% dos ingressos foram do visitante. Agora, mesmo com foco na Sul-Americana, o Fluminense fez valer a reciprocidade. Dirigentes rivais alertaram para o risco de casa vazia. Mas os tricolores só elevaram para 10%. Se a previsão de pouco mais de 10 mil torcedores se confirmar, o prejuízo será em torno de R$ 250 mil.
O contrato do Fluminense não vigora sob as cláusulas originais. Atualmente, arca com os custos das partidas. Em agosto, a dívida chegou a R$ 1 milhão, e a Maracanã S.A. o notificou. Hoje, os valores são um pouco menores. O chegou chegou a dever mais de R$ 850 mil. Mas esta pendência está equacionada.
Polêmica desde 2013
O fim da gestão pública do Maracanã marcou o início do impasse entre Fluminense e Vasco pelo setor localizado à direita da tribuna de imprensa. Cada um argumenta com as armas que tem.
O Tricolor se aproveitou da mudança de status do estádio, em 2013. Quando negociou seu contrato com a concessionária, colocou uma cláusula que garantia o lado direito para seus torcedores.
Já o clube da Colina reclama ter direito histórico. Ao vencer o Estadual de 1950, o primeiro realizado no Maracanã, teve o direito de escolher o lado onde sua torcida ficaria. O Vasco escolheu o direito, entre outros motivos, por ser o da sombra nos jogos na parte da tarde.
Flu vai de ‘mistão’
Sem esconder que a Sul-Americana virou a prioridade, o Fluminense não entrará em campo com força máxima. O técnico Marcelo Oliveira só não escalará um time 100% reserva, como fez contra o Santos, na última rodada, por se tratar de um clássico. Mas já admitiu que os jogadores mais desgastados serão poupados.
Neste cenário, uma ausência é certa. Gum, que atuou a maior parte do jogo contra o Nacional-URU com dor no joelho direito, não deve ser relacionado. A tendência é que Paulo Ricardo seja escolhido para substituí-lo. Outros que deram sinais de fadiga e sequer aparecerem em campo ontem são os volantes Jadson e Airton e o atacante Everaldo. É provável que completem a lista de poupados.
Para piorar a situação, os tricolores só contaram com um dia de treinamento, já que retornaram de Montevidéu, no Uruguai, na última quinta-feira. Com isso, os titulares fizeram apenas atividade regenerativa no único trabalho realizado no CT antes do clássico. Ainda assim, alguns atletas se colocaram à disposição para enfrentar os vascaínos.
— Todo mundo quer jogar. Eu quero jogar, mas tem que ver quem está apto. É o professor quem vai decidir. Vamos ver com a fisiologia, com os preparadores físicos... — comentou o zagueiro Digão.
Por gol no Maracanã
Maxi López caminha para o terceiro jogo na carreira no Maracanã. Sem gols no estádio, o argentino sonha com o primeiro na partida de hoje, contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro. É parte do legado que tenta construir no Vasco, talvez o último clube de sua carreira.
Aos 34 anos, ele se vê astro em São Januário depois de temporadas sem muita badalação no futebol italiano. A pessoas próximas, costuma dizer que veio para o clube da Colina para fazer história, para mostrar aos filhos que foi a referência em um grande do Brasil. E, para isso, marcar um gol no palco de duas finais de Copa do Mundo é importante.
— Estou com muita vontade. É um estádio especial e a primeira coisa é fazer um bom jogo, tentar pegar os três pontos. Se eu conseguir fazer um gol, melhor ainda — afirmou ao site oficial.
Com passagens por River Plate, Barcelona e futebol italiano, o atacante acumula gols em outros estádios lendários, como o Monumental de Nuñez, palco da final da Copa de 1978, o Camp Nou, casa do Barça, e o Olímpico de Roma, onde a decisão do Mundial de 1990 foi realizada. Está faltando o Maraca.
— Temos que ganhar essa partida, treinamos bem, a semana inteira, do jeito que eu gosto. Acreditamos que será um jogo bom para nós.