Torcida

Diácono retorna a São Januário após 20 anos e vê mão de Deus no acesso

O acesso do Vasco à Série A teve a mão de Deus. É o que garante Romulo Canuto, que se autointitula "o diácono do Vasco". Torcedor do clube desde o berço, o sergipano voltou a São Januário em 2022, mais de 20 anos após a última visita ao estádio. Com intervenção divina, ele assistiu ao lado do padre Julinho à virada sobre o Criciúma, que deixou o time com um pé e meio na Primeira Divisão.

- O Vasco estava perdendo por 1 a 0, e a gente tinha um compromisso, o padre Julinho precisava ir embora. A gente foi indo naquela má vontade, parando e olhando e, quando estávamos pra sair, o Vasco empatou. Quando chegamos no carro, o Vasco virou com a gente ainda em São Januário. Só virou porque a gente estava lá rezando, aquele jogo foi o jogo do nosso acesso. Eu não vim lá de Sergipe depois de 20 anos para ver o Vasco perder - contou Romulo com bom humor.

Diácono é o título dado ao terceiro grau da Ordem do Sacramento na Igreja Católica, atrás dos padres e bispos. Com mais de 500 mil seguidores no Instagram, Romulo viaja o Brasil e o mundo realizando suas ações sociais. Natural de Aracaju, o diácono herdou do pai José Canuto a paixão por Jesus Cristo e também pelo Vasco.

- Torcer para o Vasco foi a melhor herança que meu pai me deixou depois de Jesus Cristo. Aprendi a ser Vasco escutando as histórias do meu pai. Não é a gente que tem um time, é o Vasco que tem uma torcida. Aqui no Nordeste ou você é Vasco ou é o inominável, com todo respeito - disse.

- Meu pai é meu herói, ele já é falecido há 15 anos. A última coisa que fiz com meu pai vivo, a última ação juntos foi assistir a um jogo do Vasco. Meu pai estava no leito do hospital, já com um câncer avançado, eu coloquei o radinho no peito dele e a gente ouviu o Vasco vencer. Ele faleceu no dia seguinte - completou.

Na missão da Igreja se deparou com padre Julinho, conhecido por todos em São Januário. A religião proporcionou o encontro entre os dois, mas foi o amor pelo Vasco que os aproximou.

- Eu conheci o padre pela missão da Igreja, mas ele se tornou meu amigo e meu irmão pelo Vasco. A cada dez palavras que ele fala, nove e meia são sobre o Vasco.

- Implorei pra ele me levar em São Januário, e ele disse que estava difícil, com os ingressos esgotando em poucas horas. Eu falei: "Padre, se não tiver ingresso não tem problema. Você me deixa na porta de São Januário, só de ver a torcida e o movimento no entorno já me satisfaz. Quero que o Vasco sinta que eu estou ali presente" - completou o diácono.

No papo que durou quase uma hora, as histórias de Romulo com o Vasco predominaram. Ele exibiu camisas históricas, como a do time campeão brasileiro em 2011 e a do time marcante do final dos anos 1990 - esta com direito a autógrafos de Edmundo e companhia.

A história de Romulo com o Vasco só melhora:

- Uma vez o Vasco veio jogar em Sergipe, eu era garotinha, e entrei de mão dada com o Roberto Dinamite. E tinha um garoto naquele time, que era o Romário. Roberto saindo, Romário chegando.... Roberto é a classe do Vasco, muito mais que um jogador, é a nossa cara - contou.

Mas, no Rio de Janeiro, o diácono só viu três jogos oficiais do Vasco. Antes do Criciúma, a última vez em São Januário foi na vitória por 3 a 1 sobre o Paraná, em 2000. Em 2001, viu outra vitória por 3 a 1, na final da Copa João Havelange, sobre o São Caetano, no Maracanã. Naquele período enviou uma foto à hoje esposa Greice em que menciona o time do coração.

Com 100% de aproveitamento, o diácono Romulo promete voltar todo ano a São Januário, sempre que o Vasco estiver precisando de suas orações.

- Padre Julinho e eu estamos nos dedicando em oração. No futebol não existe lógica, estamos numa derrocada há 20 anos, e a torcida do Vasco cresceu. Nós estamos em oração, e vou me comprometer ao padre para voltar todo ano a São Januário. Diácono e padre no estádio é 100% vitória do Vasco.

- Não posso ficar mais 20 anos sem sentir o que eu senti.

O amor pelo Vasco não vai parar em Romulo. O diácono transmitiu para as filhas Lara e Nina a torcida pelo clube e leva não só a palavra de Deus aos mais de 500 mil seguidores. O Vasco é assunto recorrente nas postagens do sergipano.

- Se não for pra ser Vasco esquece. Sai de casa. Não é opção, aqui nasce e caminha Vasco. Mas elas torcem muito, provocam, são muito Vasco. Se um dia for namorar e for do lado de lá nem entra aqui. Não polua a nossa linha - brincou o diácono Romulo Canuto.

- Eu sou uma pessoa inclusiva. Meu trabalho é servir aos pobres e aos mais necessitados. Quando o Vasco abre suas portas para os negros, mulheres, é um clube para todos, da inclusão. E eu falo para todos, meu amor é ajudar o próximo. Eu levo o nome de Jesus e o nome do Vasco - concluiu.

Fonte: ge
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