Roberto Dinamite amanheceu sob os efeitos do risco iminente de rebaixamento do Vasco no Brasileiro. Estava triste, resignado. Não ouviu, domingo, as declarações de Renato Gaúcho à procura de um mágico para salvar o clube da degola. Mas enxergou, no desabafo do treinador, uma ponta de razão. No discurso, o presidente acredita no milagre. Na prática, já se permite estudar prós e contras da queda cada vez mais próxima.
Em entrevista ao JB, Roberto avalia o que representaria o Vasco na Série B do Brasileiro em 2009. Com 37 pontos e ocupando a 18ª posição, o time de São Januário tem, segundo o matemático Tristão Garcia, 87% de chances de ser rebaixado. Precisa vencer seus dois jogos restantes (Coritiba, fora, e Vitória, em casa) e torcer por tropeços de seus adversários diretos. Tarefa inglória para um grupo abatido. Se não vencer, cai. E se cair, será o fim do mundo?
Deve ser muito ruim. Nunca convivi com a Segunda Divisão. Ouço as pessoas falarem que o público comparece. Veja o exemplo do Corinthians: caiu e foi campeão observa o presidente vascaíno, enfatizando aspectos que têm marcado a passagem de clubes grandes pela Segundona. Além do Timão, reforçaram a Série B nos últimos anos Fluminense, Palmeiras, Botafogo, Grêmio, Atlético-MG e Coritiba todos campeões brasileiros.
Histórico favorável
À exceção do Fluminense (rebaixado da B para a C em 98), os outros subiram no ano seguinte, protagonizando belas campanhas e lotando estádios. São ângulos que levam Roberto a discutir o fantasma da queda. Ainda que ele, em nome da imensa torcida vascaína, mantenha a fé.
Estamos todos tristes. Os vascaínos não querem isso. O Corinthians caiu e voltou. Mas se o Vasco cair e não voltar no ano seguinte? Não quero conviver com isso. Segunda Divisão já diz: fora da elite. O retorno financeiro não é o mesmo, a representatividade também. Vou seguir acreditando na reação.
Reação essa aguardada desde o fim do primeiro turno. Com a saída de Antônio Lopes, na 18ª rodada, Tita assumiu na amarga derrota (5 a 0) para o Vitória. Durou sete rodadas. Renato Gaúcho foi chamado às pressas, faltando 13 jogos e com o clube na zona de perigo. Nesses meses de sofrimento, erros e acertos rondaram São Januário. Entre as falhas, a aposta em Tita é a mais contestada pelos críticos de Roberto. Decisão que o presidente justifica alegando que não havia grandes opções no mercado.
Mas, independentemente da contratação do treinador, fora de campo, garante o presidente, nada faltou. Isolou o time uma semana em Teresópolis, os salários estão em dia e até palestras motivacionais fizeram parte da programação dos jogadores. A duas semanas do céu ou do inferno, Roberto garante que não entregou os pontos, mas reconhece que já não sabe mais o que fazer.
Você sabe a fórmula? Já fizemos de tudo. Futebol tem dessas coisas sem explicação. A gente treina, não deixa faltar nada, conversa, dá estrutura, mas, na hora, nada tem dado certo lamentou.
Por enquanto, Roberto Dinamite pretende se aproximar dos únicos que realmente podem evitar o pior.
Precisamos estar juntos, transmitir confiança aos jogadores para eles não perderem o foco no resultado.