Aos 65 anos, Carlos Alberto Torres não abre mão apenas de viver na Barra, mas de morar em casa também. Todo sábado ele recebe amigos para jogar baralho e falar do que mais gosta: futebol.
Para não tirar a privacidade da família, o capitão do Tri transformou a garagem numa sala para esses encontros semanais. Pelas paredes, fotos da Copa de 70 ajudam a decorar o ambiente, que conta com uma televisão para aqueles que ficam na de fora.
O antigo quarto de hóspedes da casa foi transformado em escritório, onde Torres guarda seus troféus, fotos, recortes de jornais e presentes, como um tapete do Azerbaijão com seu rosto estampado.
O ex-jogador, que vai acompanhar a Copa do Mundo na África do Sul, diz que não consegue ser um torcedor apaixonado: Sou tranquilo, comedido e bem observador.
Assisto aos jogos tecnicamente.
Não vejo com nenhuma camisa específica ou instrumento da sorte.
Não há pé de coelho que salve um jogador ruim.
Sobre as chances de conquista do Hexa, o capitão do Tri diz que está com o pé no chão.
O Brasil sempre é o favorito.
Não estou descrente, mas não tenho tanta convicção de que vamos ganhar. A exceção do goleiro Julio Cesar, que é o melhor em campo, todos os outros jogadores são de um mesmo nível. Não há grandes estrelas afirma.
O capitão de 70 acha que o Brasil ainda não está pronto para ser sede de uma Copa do Mundo.
Não temos bons hospitais, falta segurança, educação.
Vamos gastar em infraestrtura de estádios antes de resolver os problemas sociais do nosso país? questiona o jogador que teve seu gol eleito o melhor do mundo e faz parte da seleção do século XX.
Já o presidente do Vasco e destaque da Copa de 78, Roberto Dinamite, de 56 anos, acha que o evento vai ajudar a cidade.
A Barra, por exemplo, cresceu desgovernada.
Faltou planejamento.
A Copa e as Olimpíadas vão impulsionar uma melhora na infraestrutura.
Morador da Barra desde 1986, Dinamite comenta que a forma de jogar futebol no mundo está muito semelhante.
O talento individual do jogador brasileiro faz a diferença. Na seleção de hoje, não tem aquele jogador que vai desequilibrar.
Na cabeça de cada torcedor sempre vai faltar alguém na seleção.
Num canto da sala, o exjogador estampa a sequência de fotos de um gol em 78. Do outro lado, um quadro com o uniforme número 20. E no porão, ele guarda as camisas que trocou ao longo da carreira.
O legal do futebol é essa paixão dentro da gente. Gosto de assisitr com a família e poucos amigos.
Dinamite ao lado do quadro com uniforme usado na Copa de 78