A queda para a Série B muda completamente a forma de trabalhar um planejamento de um clube. De cara, o Vasco vai perder 50% da cota de transmissão de TV que recebe do Clube dos 13, como aconteceu com o Corinthians este ano. O patrocínio com a Eletrobras, que estava praticamente fechado, pode ter maiores complicações depois da queda do time, sacramentada após a derrota por 2 a 0 ante o Vitória, no último domingo, em São Januário.
Para voltar à Série A, o presidente do Vasco, Roberto Dinamite, promete seguir o modelo do Corinthians, sucesso absoluto na Série B deste ano, que também passou por uma situação semelhante quando caiu, com a saída de Alberto Dualib e a eleição de Andrés Sanchez.
\"Vamos seguir esse exemplo. Temos que montar um time forte\", afirmou Roberto, lamentando a perda de Wagner Diniz, anunciado como reforço do São Paulo. \"A Lei Pelé permite que um clube negocie com um jogador a seis meses do fim do seu contrato. Não podemos fazer nada. Temos que procurar um lateral à altura\", declarou.
Dinamite vai se reunir nesta segunda-feira com membros da diretoria e promete uma entrevista coletiva para explicar a situação do Vasco depois do primeiro rebaixamento de sua história. A começar pela saída de Wagner Diniz para o São Paulo, a provável perda de Leandro Amaral para o Fluminense e a anunciada aposentadoria de Edmundo.
\"Estou muito triste e chateado. Mas estou aqui para isso, para superar e vencer desafios. Esse é mais um que vou ter em minha vida\", afirmou Dinamite.
Maior ídolo do Vasco, ele assistiu ao jogo na tribuna de honra de São Januário, bem perto do filho Rodrigo, de 16 anos. A presença do menino, que joga no juvenil do clube, deixou Dinamite satisfeito. \"Acho que ele deve estar presente sim. A vida não é feita só de alegrias. É preciso viver os momentos bons e ruins\", disse.
Rodrigo deixou o estádio pouco depois do segundo gol do Vitória. Durante o tempo em que esteve no estádio, acompanhou o jogo incrédulo, com raros sorrisos e uma fisionomia fechada. Bem parecido com o pai. Levantou-se apenas uma vez da cadeira no primeiro tempo e foi embora revoltado com os xingamentos que seu pai foi obrigado a ouvir, principalmente de partidários de Eurico Miranda, ex-presidente e rival de Dinamite.
\"Faltou raça. O Vasco tinha que ter feito a parte dele\", comentou, revoltado, o jovem Rodrigo, que vestia uma camisa preta, de mangas compridas, utilizada por seu pai no começo dos anos 80.
Apesar da irritação de Rodrigo, Dinamite se manteve sereno todo o tempo, apesar dos xingamentos. Em nenhum momento, respondeu os torcedores e procurou manter a compostura durante o jogo.
\"Esse é um novo Vasco, democrático, onde as pessoas têm o direito de se manifestar\", disse Roberto. \"Fico feliz pelo apoio de parte da torcida, que me dá ainda mais motivação para tirar o clube dessa situação no ano que vem\", encerrou.