O Esporte Espetacular vasculhou os arquivos da Rádio Nacional com a ajuda do pesquisador Alberto Luís da Silva Santos e encontrou uma relíquia: a gravação em áudio do jogo entre Vasco e Internacional, no Maracanã, em 1971. Seria apenas mais um jogo, mas foi nele, há 40 anos, que o maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro marcou seu primeiro gol como profissional. Seu nome, Roberto Dinamite. Depois do primeiro, foram mais 189 na competição nacional, e até hoje ninguém conseguiu superá-lo. Quem chegou mais perto foi Romário, com 155.
Maior ídolo do Vasco da Gama, Dinamite tornou-se presidente do clube em 2008. Duas histórias que se confundem e se completam. E esse \"casamento\" começou no início da década de 70, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, quando Dinamite ainda era Carlos Roberto de Oliveira ou Calu (apelido de infância) - jogador do time juvenil da Colina.
Na casa da família Oliveira moravam os pais e os três filhos. Logo em frente fica o campo do São Bento Esporte Clube, onde Roberto aprendeu a jogar bola, a driblar, correr e, mais importante, fazer gols. Dali saiu para o Vasco em 1969, aos 15 anos, pelas mãos de um olheiro local. Mostrou força e velocidade e logo chegou ao time juvenil, última categoria antes do profissional. E chamou a atenção de treinadores e jornalistas.
- O Vasco perdia muito durante toda a década de 70. Em compensação, o juvenil era um timaço. O Roberto me entusiasmava porque ele chutava muito, era alto. A gente via nele aquilo: \"esse cara vai brilhar - contou o jornalista Sérgio Cabral.
Destaque da base e artilheiro nos treinos, Roberto conseguiu suas primeiras chances no time titular durante o Campeonato Brasileiro. No dia 25 de novembro, o Gigante da Colina recebeu o Internacional no Maracanã, e o técnico Mário Travaglini colocou Roberto no segundo tempo, substituindo o porta-esquerda Gilson Nunes.
Era a deixa para o garoto de 17 anos, que, por seu ótimo desempenho nos treinos, já tinha sido apelidado de Dinamite por Sérgio Cabral e Aparício Pires, editor e secretário de redação do tradicional \"Jornal dos Sports\", do Rio de Janeiro.
- Eu foquei muito naquilo que era importante para mim naquele momento. Peguei uma bola na intermediária, fui carregando, levei pra cima do Pontes, que era o quarto-zagueiro... Cortei ele para o meio, já quase na risca da grande área e bati forte - lembrou Roberto Dinamite.
O \"Jornal dos Sports\" do dia seguinte já tinha SUA manchete: \"Garoto-Dinamite explodiu\". As imagens do gol se perderam com o tempo, e restou apenas a gravação histórica da Rádio Nacional, com Jorge Curi e Vitorino Vieira, que o Esporte Espetacular mostrou para Roberto Dinamite, que se emocionou.
- Primeira vez que estou ouvindo... Que legal, é claro que emociona - disse o presidente do Vasco.
O Gigante da Colina venceu aquele jogo por 2 a 0, e Buglê marcou o outro gol. Mesmo assim, a torcida só falava no tal menino do chute forte. Depois daquele gol, Carlos Roberto de Oliveira, o Vasco da Gama e o futebol brasileiro nunca mais seriam os mesmos.