O gol de André logo no início da partida parecia que era um sinal de que a noite não seria tão conturbada quanto a tarde do último domingo, em São Januário. A vitória parcial por 1 a 0 deixava o clima menos tenso e permitia uma respirada da figura mais pressionada no momento: o presidente Roberto Dinamite. No intervalo, sorridente, o ex-jogador, maior ídolo da história vascaína, ainda distribuía sorrisos e era chamado para tirar fotos com torcedores. Porém, o empate do Vitória, no fim da partida, e a virada transformaram o ambiente. Em poucos minutos, torcedores esqueceram do jogo e passaram a xingar o presidente vascaíno até o apito final da virada do time baiano para cima do Vasco (2 a 1).
Com 24 pontos e na 17ª posição, a situação do Vasco é cada dia mais preocupante. O jogo da noite de quarta-feira era considerado fundamental para um alívio no clube. No último domingo, a vitória do São Paulo por 2 a 0 fez Roberto Dinamite e Eurico Miranda serem alvos quase ao mesmo tempo da fúria dos vascaínos. Houve até mesmo um princípio de confusão quando o ex-presidente se retirava do estádio e foi interpelado por torcedores de uma organizada do clube - além de ser xingado em coro pelos vascaínos nas sociais.
Na noite desta quarta, Eurico voltou a São Januário e ficou até o apito final da partida. Após descer as escadas das sociais, alguns torcedores o ofenderam e foram rebatidos por seguidores do ex-presidente, que foi embora com José Luis Moreira, ex-dirigente do Vasco da época de sua gestão. Antes de deixar o estádio, no entanto, o ex-presidente, que é candidato à sucessão de Roberto Dinamite em 2014, ainda atendeu outros torcedores e tirou fotos no estacionamento do clube.
Dinamite leva mais de uma hora para sair
Para o atual presidente a situação foi bem mais complicada. Se no primeiro tempo, a tribuna de honra era local de tranquilidade, com Dinamite e alguns dirigentes do clube, como o vice-presidente geral Antônio Peralta, no segundo tempo a tensão foi aumentando junto com os ataques do Vitória. O gol de empate, aos 35 minutos da segunda etapa, já serviu para alimentar uma fúria impressionante de torcedores em direção ao ex-atacante vascaíno. Com a mão aberta e gritando para as sociais, um torcedor dizia que Dinamite ia rebaixar o Vasco pela segunda vez em cinco anos de gestão. Outros pediam para que ele deixasse o clube e insinuavam corrupção, fazendo gestos com as mãos.
Com olhar fixo para o campo, Dinamite não respondeu em nenhum momento. Vez ou outra parecia olhar para seus agressores, mas retomava a visão para o jogo. Assim que a partida terminou, rapidamente e sozinho, ele se levantou e entrou para as dependências do clube. Cercado por policiais, que chegaram a deter um torcedor mais exaltado, ele saiu de cena e demorou mais de uma hora para deixar São Januário. Fora do clube, torcedores faziam plantão nas saídas para ofender e cobrar jogadores e dirigentes. Com cinco anos à frente do Vasco, Dinamite vê um pesadelo se repetir e uma torcida, que um dia o idolatrou, cada vez mais decepcionada e enfurecida.