Se em campo 2021 foi um péssimo ano esportivo para o Vasco, fora das quatro linhas o clube comemora a redução de mais de R$ 100 milhões de sua dívida. Demonstrativo financeiro, publicado nesta quinta, apontou avanços na situação econômica, mas a situação ainda está longe de ser confortável. Com dificuldade no fluxo de caixa, o Vasco caminha para terminar o ano com dois meses de salários atrasados de jogadores e funcionários.
Em entrevista ao ge, Anderson Santos, diretor financeiro do Vasco, destacou as negociações que o clube fez para reduzir seu endividamento. Ele considera que o saldo dos esforços feitos ao longo do ano é extremamente positivo e o Vasco está no caminho certo para uma reestruturação econômica sólida.
- Além da negociação com a PGFN, aderimos ao regime de execução centralizada. Isso fez a dívida do Vasco ser reduzida em R$ 110 milhões. Foi muito positivo. Saímos de uma dívida de R$ 833 milhões para R$ 723 milhões. Um ganho expressivo. Diferentemente de outros clubes do Brasil, o Vasco está realmente preocupado em reduzir a dívida. Além disso, os custos estão sendo reduzidos. Reduzimos os custos operacionais, mantivemos a receita parecida com a do ano passado, apesar de estarmos na Série B. Isso mostra que o equilíbrio e comprometimento com as finanças do clube – destacou o diretor financeiro do Vasco.
Os problemas no dia a dia, no entanto, ainda são muitos. O Vasco não pagou os salários de novembro e o 13º e seus funcionários vão passar o Natal pelo quinto ano seguido com os vencimentos atrasados. Anderson culpa principalmente a inadimplência do Boavista-POR, que deve ao Vasco quase R$ 8 milhões pela compra de Nathan, em setembro do passado, pelos atrasos.
- É óbvio que o fluxo de caixa ainda é um problema. Por que ainda não conseguimos equilibrar a questão do fluxo, especialmente em relação ao pagamento de salários? Muitas receitas que o clube tinha previstas para receber agora no final do ano não entraram. Como a venda do Nathan (pouco mais de R$ 7,5 milhões), que daria para pagar quase duas folhas. Infelizmente tivemos um problema com Boavista-POR. Tínhamos um acordo para receber até o início de dezembro, mas não recebemos. Tinha também a questão da antecipação do dinheiro da venda do Arthur Salles, cerca de 700 mil euros (cerca de R$ 4,5 milhões), mas não conseguimos. Vamos ter nossa situação financeira impactada nesse fim de ano ainda muito por essa inadimplência (Boavista), mas creio que a partir do ano que vem vamos estabilizar a questão do fluxo de caixa.
O caminho é longo, e não será do dia para noite que o clube colocará a casa em dia. O diretor, no entanto, vislumbra um ano de 2022 menos tumultuado e com o fluxo de caixa equilibrado.
- O resultado do equilíbrio do fluxo de caixa não é imediato. Leva algum tempo. Infelizmente, acaba impactando no pagamento de salários. Mas com certeza, mesmo com o Vasco na Série B no próximo ano, vamos buscar cada vez mais o equilíbrio do fluxo de caixa. É óbvio que a torcida fica chateada porque isso acaba impactando no resultado esportivo, mas por outro lado acho que o Vasco é o único clube do Brasil que está preocupado realmente em fazer uma estruturação financeira de forma sólida para evitar aquele castelo de areia lá na frente. Estamos construindo uma base financeira forte para que lá na frente o Vasco não volte a viver o que viveu no passado.