Há menos de dez dias, o Vasco deu início ao que pode mudar um antigo hábito do futebol carioca: a concentração. Motivados pelos salários atrasados, os jogadores se recusaram a dormir no hotel antes da partida contra o Bangu, dia 1. Como nada foi resolvido, mantiveram a decisão nos jogos seguintes com o Friburguense e o Nacional do Uruguai. O profissionalismo prevaleceu e, em todas as vezes, os atletas se apresentando no horário marcado.
Parte dos salários, no caso o 13º, já foi paga com a ajuda de torcedores ilustres do clube. O mês de dezembro depende da verba da Eletrobras. O Sindeclubes conseguiu, por ação na Justiça do Trabalho, a liberação do valor de R$ 3,5milhões que será repassado ao sindicato provavelmente até o final desta semana. O dinheiro será transferido diretamente aos funcionários, incluindo os jogadores.
Com a obrigação do clube em dia, os jogadores ficarão sem poder de barganha para se recusarem a concentrar nos próximos jogos. No entanto, segundo eles, deram demonstração suficiente de que algumas partidas pelo menos não necessitam de concentração.
Liderados por Juninho, Felipe, Dedé, Diego Souza e Alecsandro, os jogadores estão de acordo de que nem sempre a concentração vale a pena. O atacante é um dos principais defensores do fim desta prática e sempre ressalta que os atletas dos clubes europeus vão direto de suas casas para os jogos.
Apesar de não considerar o futebol brasileiro pronto para abolir a concentração, o técnico Cristóvão Borges admite a maturidade do grupo. Todos, segundo ele, estão comprometidos com os objetivos do clube. Por isso, até tudo ser totalmente resolvido, a questão será decidida jogo a jogo. A diretoria também não concorda com a postura dos jogadores, mas estendeu a decisão.