As críticas do presidente do Vasco, Eurico Miranda, à diretoria do Grêmio tiveram eco em Ribeirão Preto. Ao considerar que o clube gaúcho feriu a ética na investida em Doriva, o cartola cruz-maltino mexeu numa ferida aberta há quase seis meses. Hoje no centro da polêmica, o treinador assinou contrato com o Botafogo-SP e chegou a ser apresentado à imprensa em 8 de dezembro. Porém, seis dias depois, voltou atrás, seduzido pelo convite vindo de São Januário.
- Acho descabida essa queixa do Eurico. O Vasco fez a mesma coisa que o Grêmio está fazendo agora - lembra o vice de futebol do Botafogo-SP, Fernando Henrique Gelfuso. - Esse discurso de ética é muito inoportuno, ainda mais pelo histórico do Vasco.
Foi Fernando Henrique quem contratou, em dezembro, Doriva, que acabara de conquistar o título paulista pelo Ituano. Foi ele também que desfez a negociação, sem abrir mão da cobrança de multa pelo rompimento: duas parcelas de R$ 100 mil, pagas somente recentemente, após muita pressão. Porém, o dinheiro não evitou o prejuízo maior.
- O Vasco pagou a multa. Vejo como naturalidade o assédio. Mas acho que dentro do futebol isso é prejudicial para os dois lados. Fizemos um bom Campeonato Paulista, mas tenho certeza de que, se o planejamento não tivesse sido modificado ao longo do caminho, teríamos nos saído ainda melhor - destaca o dirigente, ressaltando que o time foi eliminado pelo Palmeiras nas quartas de final do Paulista.
O Vasco voltou sua raiva contra o Grêmio, mas o Botafogo-SP vem tendo mais motivos para se queixar.
- Nós, de clube de porte médio, sofremos assédio também nas categorias de base. E, no profissional, o Doriva não foi o primeiro caso. No ano passado, contratamos o Pintado e, em uma semana, ele foi para o Cruz Azul, do México.