A interminável eleição do Vasco ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira (20). A Polícia Civil concluiu que o pleito realizado no dia 7 de novembro de 2017 teve inúmeras irregularidades. O inquérito apurou que a fraude não esteve presente apenas nos votos da urna 7, constando também nas outras urnas da eleição. Todo o esquema foi feito para que a chapa Reconstruindo o Vasco, de Eurico Miranda, vencesse a disputa. Para isso, inúmeros funcionários do clube receberam títulos de sócio de forma irregular, sem pagar adesão ou mensalidades. A conclusão do inquérito foi entregue à promotoria do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos. A eleição corre o risco de ser anulada.
No entanto, mesmo com a fraude, Eurico Miranda foi derrotado para o candidato Julio Brant. Por conta desse motivo, o presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, é contra um novo processo eleitoral explicando que a possível fraude não interferiu no resultado.
“Em tese, a alegação sobre uma suposta fraude, que teria beneficiado uma chapa que não ganhou, já nasce morta. Se a pessoa que seria beneficiada pela fraude, não conseguiu o que queria, não houve prejuízo ao processo. A chapa vencedora foi a do Julio Brant. Então qual foi o prejuízo”?
Questionado sobre os 30 conselheiros que a chapa de Eurico Miranda indicou pelo segundo lugar na votação, Roberto Monteiro afirmou que mais uma vez, o resultado não sofreria alteração.
“O processo que redundou na eleição do presidente Campello terminou em 154 a 88. Mesmo com os votos dos 30 conselheiros indicados por Eurico Miranda, a votação terminaria em 124 a 118. Ou seja, não mudaria o resultado da votação na Lagoa”.
O presidente do Conselho Deliberativo se mostrou preocupado caso tenha a anulação. Para Monteiro, isso causaria um dano incalculável ao Vasco.
“Eu vejo que neste momento isso só vai conturbar ainda mais o momento político do Vasco, retrocedendo a um cenário que a gente não sabe como vai ser. A decisão anula a assembleia geral? Quem assume o clube? Como é que vão modular os efeitos, os empréstimos, as contratações? Vai anular simplesmente todos os atos? O objetivo para ter uma nova eleição é motivado pela derrota, num processo legítimo que ocorreu entre os conselheiros. Então eu não vejo o motivo para que a justiça anulasse essa eleição, que só vai trazer um enorme prejuízo para o Vasco”.
Entendendo a eleição do Vasco
A eleição do Vasco é de forma indireta, dividida em duas partes. A primeira, que acontece em São Januário, conta com a participação dos sócios do clube. A chapa vencedora desse primeiro pleito elege 120 conselheiros, enquanto a segunda colocada tem direito a 30. Esses 150 conselheiros se juntam a outros 150 que são natos. Essas pessoas são as responsáveis pela escolha do presidente, em eleição que acontece na Sede Náutica da Lagoa. Na última eleição, Julio Brant e Alexandre Campello eram aliados, e os seus respectivos grupos políticos, indicaram os seus membros. Com o racha entre os dois, os votos foram divididos na eleição final, que culminou com a vitória de Campello. Uma nova eleição, com vitória de Julio Brant, daria a ele a chance de eleger 120 conselheiros que atualmente são aliados, aumentando as chances de conseguir ser presidente. Questionado sobre esse ponto de vista, Roberto Monteiro afirmou que é preciso analisar o momento político da época da eleição e não o cenário atual.
“Não é um direito legítimo querer mudar o contingente, a alteração do plenário que votou, em função de uma movimentação política. Isso é ruim, não tem lógica. Tem que se analisar o cenário da época e não o atual. Legítimo é analisar o quadro daquele momento. Na época, eram aqueles os aptos a votar. Isso ofende a estabilidade da regra do jogo, que em nenhum momento foi afetado pela possível fraude”.
O processo que pede a impugnação de todo o processo eleitoral foi movido pelo advogado Alan Belaciano, que faz parte da Sempre Vasco. Porém nenhum integrante do grupo quis falar sobre a decisão. Em nota o clube se manifestou sobre o inquérito que constatou irregularidades na eleição.
A atual Administração do Clube vê com normalidade os avanços da investigação citada, defende de forma intransigente a ética e a transparência e apoia o trabalho dos órgãos policiais e da Justiça. O Clube, como sempre, coloca-se à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário e reafirma seu interesse em que os devidos esclarecimentos sejam dados à torcida e aos associados.