Com a violência entre torcidas cada vez mais presente nos estádios brasileiros, a exemplo da Barbárie no jogo entre Atlético-PR e Vasco, em Joinville, no qual três torcedores foram hospitalizados em estado grave, o gerente de futebol do Cruzeiro, Valdir Barbosa, afirmou que o fim da relação entre diretorias e facções não é suficiente para extinguir o problema. Em participação no "Redação SporTV", o dirigente disse que seu clube cortou completamente todos os benefícios dados historicamente às organizadas e, mesmo assim, tem sofrido com o modelo inconsequente de ação violenta das mesmas, que apenas prejudicam a equipe. Segundo ele, a principal organizada do Galo tem revelado-se mais comportada após a prisão de integrantes envolvidos na morte de um cruzeirense.
- Nós, do Cruzeiro, temos um problema sério. São duas torcidas violentas: a Pavilhão e a Máfia Azul. A Pavilhão é uma dissidência da Máfia Azul. De repente, eles resolveram se digladiar. A Pavilhão quer acabar com a Máfia Azul, custe o que custar. Eles não se importam. Eles dizem entre eles que não querem saber se o Cruzeiro vai perder mando de campo, se vai ter prejuízo financeiro nas arrecadações. Qual o controle do clube em uma situação dessa? O Ministério Público de Minas Gerais sabe disso, a Polícia Militar de Minas sabe disso. O que o Cruzeiro vai fazer? Acho que tem que haver uma intervenção violenta em cima disso - afirmou.
No clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro pelo Brasileirão, no dia 13 de outubro, vencido pelo Galo por 1 a 0, incidentes ocorreram antes e durante a partida. Torcedores cruzeirenses jogaram bombas e objetos em direção à torcida rival dentro do Independência. Além disso, facções do clube celeste também brigaram antes do início do jogo. Mandante da partida, o clube alvinegro foi penalizado com multa de R$ 20 mil. Já a Raposa, por causa dos lançamentos de objetos e brigas entre torcedores, foi multada em R$ 30 mil e perdeu um mando de campo. Barbosa explicou que a partir do incidente, a diretoria celeste cortou qualquer relacionamento com as organizadas.
- Depois daquele episódio no Independência, que as duas brigaram e nós perdemos mando de campo, não tem nem relacionamento. Nada. O presidente Gilvan já havia cortado os ingressos, o ônibus. Tinha um relacionamento, de vender pacote de ingressos. Agora nem isso mais tem, vão para fila comprar. Hoje no Cruzeiro é ordem da presidência: não se presta nenhum benefício a torcida organizada - esclareceu.
O dirigente também lembrou um episódio em que membros da Galoucura, do Atlético-MG, assassinaram um torcedor do Cruzeiro e acabaram presos. Para Barbosa, a Galoucura está mais tranquila que as facções cruzeirenses.
- Minas Gerais, hoje, tem uma situação peculiar. A torcida do Atlético-MG, a Galoucura, também é uma torcida violenta. Eles mataram um torcedor cruzeirense em frente a uma casa de show, em um sábado à tarde, na avenida. As imagens percorreram o mundo. Com grades, com porretes, esmagaram o menino. Um promotor que merece ter seu nome citado, Francisco Santiago, pegou sete integrantes da Galoucura. E os sete estão na cadeia com 15 anos, 18 anos, 22 anos. Todo mundo na cadeia. A Galoucura hoje está uma torcida bem tranquila em relação ao que era - lembrou.
O gerente de futebol do Cruzeiro também fez coro pela extinção de todas as torcidas organizadas, argumentando que a proibição de algumas, apenas, permite a migração dos membros para outras. Até a festa de comemoração do título no Campeonato Brasileiro, no dia 2 de dezembro, foi cancelada por causa de briga entre organizadas.
- Sou a favor da extinção de todas as torcidas organizadas. Todas. Porque não adianta extinguir Máfia Azul e Pavilhão porque eles migram para outras menores. Eles podem fundar outras torcidas, mesmo que usando laranjas. A Mancha Verde virou Mancha Alviverde, o exemplo está aí. A extinção de qualquer grupo que se caracterize organizado no estádio de futebol, que não seja aquele vai para torcer pelo seu próprio clube, tinha que ser proibido. Proíbe-se e acabou - definiu.