Na semana passada, Kleber entrou em campo duas vezes para defender o Vasco graças a um efeito suspensivo. O advogado do clube no caso era Osvaldo Sestario, o nome que ficou em evidência no ano passado no caso Héverton - o jogador escalado irregularmente pela Portuguesa, que terminou perdendo pontos e caindo para a Série B. O advogado volta a prestar serviços ao Vasco quatro anos depois de sair e processar o clube com cobrança de cerca de R$ 600 mil de honorários advocatícios atrasados. A dívida já estava em fase de execução, mas houve acordo entre o advogado e a diretoria no início do mês, e Sestário voltou a defender o clube nos tribunais esportivos no final da atual gestão de Dinamite.
Na primeira passagem por São Januário, Sestário, durante a Série B de 2009, foi questionado pelo então vice-presidente jurídico Nelson de Almeida. O dirigente mostrou incômodo ao saber que o advogado defendeu a Portuguesa em processo que envolvia o Vasco. Em junho de 2012, depois de ser dispensado e substituído pelo Vasco, o advogado entrou com ação cobrando honorários do clube - em valores superiores a R$ 500 mil à época. O processo corria no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e já estava em fase de execução. Sestário pediu e o judiciário concordou com pedidos de penhora de contratos de patrocínio e bloqueio de transferências dos jogadores. O Vasco contestava ou, ao menos, pedia limitação dos valores na pedida do advogado. No início desse mês, as partes entraram em acordo e foi suspensa a execução contra o Vasco.
O GloboEsporte.com procurou o vice-presidente jurídico do Vasco, Roberto Duque Estrada, para comentar o caso, mas o dirigente não atendeu ao chamado da reportagem e não retornou as ligações. Sestário explicou que recebeu convite para retornar ao Vasco depois de fazer composição da dívida.
- Eles estavam sem advogado, depois que fiz acordo, aceitei voltar até ver como vai ficar nesse período tampão - disse o advogado.
Um dos sócios de Sestário no escritório Belaciano & Sestário Advogados é Alan Belaciano. O advogado é da chapa “Sempre Vasco”, que tem Julio Brant como candidato a presidente, apoiado pelo ex-jogador, hoje comentarista de TV e ídolo da torcida Edmundo. A legenda - e outras chapas inscritas para a eleição, como de Nelson Rocha, Tadeu Correia e Eduardo Nery - defende a prorrogação do mandato de Dinamite até as eleições, marcadas para 11 de novembro. No outro bloco, Eurico Miranda e Roberto Monteiro se uniram contra e levaram a melhor na votação no Conselho Deliberativo para impedir justamente a extensão de mandato - em reunião tensa no último dia 13. O encontro depois foi anulado em plantão do judiciário. A limina foi obtida por Alan Belaciano, em ação de Leonardo Gonçalves, da "Sempre Vasco".
Na última sexta-feira, o advogado do Vasco, Marcello Macedo, em defesa da continuidade de Dinamite, enviou documento ao desembargador que examina se mantém o atual presidente no cargo até as eleições ou se retorna com os eventuais substitutos da diretoria de transição - quatro nomes indicados por Eurico e Monteiro - até o pleito. Na petição, o advogado vascaíno dizia que não estava previsto no estatuto uma junta não eleita administrar o clube. Macedo citava artigos do estatuto para explicar a posição oficial vascaína.
“Da leitura da peça inicial, conjugada com a cirúrgica decisão proferida pelo Desembargador Fábio Dutra, não há como o Club de Regatas Vasco da Gama, representado por seu Presidente Administrativo, se furtar ao reconhecimento do pedido por respeito ao Estatuto social. A questão é meramente jurídica, deixando claro que aqui se ataca o cerne da causa, sendo irrelevante qualquer discussão acerca dos beneficiários dos seus efeitos”, dizia o advogado do Vasco.
O caso ainda não teve uma nova conclusão. Na sexta passada ainda, o desembargador Camilo Rulierè recebeu, além do documento do Vasco, os autos do processo. É aguardado para o início dessa semana uma nova decisão que pode manter Dinamite ou até, em caso de queda da liminar por decisão de Rulierè, fazer com que a Junta administre o clube.
Questionado sobre voltar a representar o Vasco no momento em que Belaciano, seu sócio, está envolvido na sucessão presidencial do clube - na composição da chapa e representando a "Sempre Vasco" pelo adiamento das eleições e na prorrogação do mandato de Dinamite na Justiça -, o advogado respondeu que "é lado pessoal" de Belaciano na chapa e que não tem nada a ver com a legenda que disputa as eleições do Vasco.
- Eu vou mexer na parte esportiva para o clube, não vejo problema nenhum nisso - pontuou o advogado Osvaldo Sestário.