Como costumam dizer no Exército, antiguidade é posto. No futebol, porém, não deveria ser. Qualidade e oportunidade, sim.
Já adianto que não sou contra jogadores acima de 30 anos. Muito pelo contrário. Acredito que idade seja critério de desempate num comparativo, jamais número primordial. Até porque, têm muitos com quase 40 que se cuidam mais do que os de 20 – vide Zé Roberto e Ricardo Oliveira, por exemplo. Mais vale a qualidade e o comprometimento.
Isso é algo individual, não coletivo. Mas quando há equilíbrio técnico, isso tem que pesar.
Em São Januário, dois jogadores da mesma posição estão em fim de contrato: Marcelo Mattos e William. Um voltando de uma séria lesão aos 32 anos. O outro, bem fisicamente aos 24. De quebra, este segundo ainda tem um salário inferior ao primeiro. Menos custo, com mais chance de retorno.
Isto já deveria ser o suficiente para a balança pesar, ao menos um pouco, à favor de William, mais jovem, alto, rápido e forte que Mattos. E também que Diguinho, de 33 anos, o outro da posição no elenco. Mas futebol não passa apenas pela idade, aspectos físicos e o custo, claro. Há de se ter qualidade.
Neste caso, para não ficarmos no “achismo”, quem prefere quem, trouxe alguns números comparativos entre os três. Estatísticas definem quem é melhor? Não, mas ajudam. É assim, inclusive, que os clubes garimpam o mercado.
Quando se pensa na função de volante, qual o primeiro fundamento que vem à cabeça? O desarme, certo?! Pois bem, cruzando informações do site Footstats (desarmes) com do OGol (minutos), William teve média de um desarme a cada 26 minutos na Série B deste ano. Enquanto isso, Diguinho precisou de 30 minutos para cada um e Marcelo de 33.
Além disso, o atleta – que está retornando ao Madureira após dispensa do Vasco -, acertou 97,4% dos botes, contra 88,4% de Mattos e 92,2% do atual titular da cabeça de área.
Melhor nos roubos de bola, William foi superior também em algumas estatísticas ofensivas, apesar de não ter marcado nenhum gol. Mesmo com menos minutos em campo que os seus concorrentes na posição, William foi, entre os três, o que mais deu passes para gol (2), assistências para finalização (7) e cruzamentos certos (4).
Muito em razão de ter jogado também como meia pela direita. Algo que os dois mais experientes não fazem.
William está longe de ser um primor técnico. Principalmente em relação aos passes – 89,5% de acerto -, onde perde para Mattos – 93,2% – e Diguinho – 92,3% -, mas era, do trio, quem mais mostrava potencial de evolução. Tanto pela idade, quanto pelas boas características que demonstrou. Incluindo erros, mais fáceis de serem corrigidos.
Mas o Vasco optou pela regularidade do óbvio, do já conhecido, não pelo risco – baixo – do novo. Escolheu o jogador “pronto”, abrindo mão de tentar lapidar. William voltará para o Madureira. Mattos seguirá na Colina.
A equipe agora segue precisando de um primeiro volante, já que nenhum dos três se firmou na posição em 2016. Com a diferença de que o espaço aberto no orçamento foi menor, com a renovação de Mattos e dispensa de William, do que poderia ter sido. Assim como a média de idade seguirá alta e a chance de surpresas – positivas – se manterá baixa.