A pior década da história do Vasco teve como causa e consequência problemas financeiros. No ano 2000, o clube rompeu o contrato de patrocínio com o Bank of America, investidor que possibilitou a formação das grandes equipes das temporadas anteriores. Sem a verba milionária do antigo parceiro e sem conseguir arranjar outro contrato nos mesmos moldes, a diretoria passou a acumular dívidas. Com isso, faltou verba para montar bons times.
Sem bons times, sem resultados em campo. E sem resultados em campo, diminuíram as vendas de bilheteria, de camisas, produtos licenciados... A consequência de tudo isso foi um rombo nos cofres cruzmaltinos.
Ao sair do clube em 2008, o então presidente Eurico Miranda garante ter deixado um clube equacionado. Em linguagem popular, com menos dívidas do que posses - o que inclui todo o patrimônio, desde as sedes ao valor de mercado dos jogadores, passando pela verba em caixa. Segundo o relatório, o Vasco devia R$ 190 milhões. Porém, assim que entrou na presidência, o atual mandatário Roberto Dinamite contratou uma empresa para refazer as contas da Colina. E, usando outra metodologia, chegou ao número de quase R$ 378 milhões.
- Eu deixei o Vasco com a dívida fiscal equacionada, com a dívida trabalhista equacionada. Por isso eu dizia que o Vasco não deve nada. Não deve porque estava equacionada. E tudo sendo cumprido rigorosamente. As pessoas têm que analisar os balanços de maneira correta - afirma Eurico Miranda.
José Henrique Coelho, um dos responsáveis pela decisão de fazer uma auditoria nas contas do clube após a posse de Roberto Dinamite, rebate a opinião de Eurico.
- Havia muitas dívidas que eram ocultadas para que o rombo não ficasse tão grande. Após refazermos as contas, ficou nítido que o problema era muito maior - afirmou o ex-vice de marketing, que deixou a diretoria por discordar de decisões do atual presidente.
Balanços mostram despesas superando receitas
Independentemente da maneira de fazer as contas, o fato é que quase todos os balanços publicados a partir de 2003 (ano em que a divulgação passou a ser obrigatória) mostram que as despesas anuais foram maiores do que as receitas. As exceções ficam pelos anos de 2005 e 2009 (veja no quadro abaixo).
Ano | Receita | Despesa | Diferença |
---|---|---|---|
2003 | R$ 35.579.649 | R$ 48.612.368 | -13.032.719 |
2004 | R$ 37.203.855 | R$ 84.172.360 | -46.968.505 |
2005 | R$ 54.163.393 | R$ 41.184.756 | +12.978.637 |
2006 | R$ 35.337.079 | R$ 58.041.021 | -22.703.942 |
2007 | R$ 51.079.252 | R$ 60.331.189 | -9.251.937 |
2008 | R$ 52.023.000 | R$ 56.418.000 | -4.395.000 |
2009 | R$ 84.817.000 | R$ 83.938.000 | +879.000 |