A reunião para a criação da nova liga que organizará o Campeonato Brasileiro terminou com assinatura parcial dos presidentes dos clubes das Séries A e B, oito no total de 40. A divergência se deu pela diferença de visão sobre a divisão das receitas da competição.
A proposta do bloco que assinou a criação da Liga, formado por Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Red Bull Bragantino, Cruzeiro e a Ponte Preta é de distribuição de 40% iguais, 30% por classificação e 30% por engajamento.
"Tenho convicção de que a criação da LIBRA representa um marco na gestão do futebol nacional. Com os clubes unidos e trabalhando em conjunto, vamos potencializar as nossas receitas e oferecer aos torcedores um espetáculo de primeiro nível", afirmou Leila Pereira.
Quem não assinou ainda contesta os percentuais e sugere adequações tanto na Série A como na Série B. O grupo do Forte Futebol prefere que a divisão seja 50-25-25. O Athletico-PR do presidente Mário Celso Petraglia foi o principal opositor à ideia do bloco principal.
- Para os nossos clubes, não consideramos (que a liga está criada), fomos surpreendidos com a pauta de reunião, que era de clube para clube, para discutirmos alguns pontos que não concordamos, acho que facilmente chegaremos lá, e aí houve uma inversão de objetivos, não se discutiu praticamente nada, presença de dirigente da Federação Paulista de Futebol, presença de representante da CBF, ontem falei com a Fifa sobre a liga, virão em junho conversar com a CBF. Então a intenção seria uma conversa entre os clubes para ajustar. Aí vieram com os estatutos prontos e que os seis assinariam, e quem quisesse assinar também que ficasse à vontade. Eu nem estudei o estatuto - afirmou o presidente do clube do Paraná, que continuou:
- Recebemos uma proposta com itens de divisão de valores, pesos, Série A, Série B... A Série B não foi nem convidada. A vaidade dos clubes com grandes torcidas... Estou há mais de 20 anos no futebol. Já tive várias reuniões como essa. Sempre por trás acaba acontecendo claramente os interesses pecuniários, de poder, de mando, de conduzir aquilo pelo seu umbigo - complementou.
Atlético-MG e Vasco se interessaram pela ideia, mas ainda não assinaram. Botafogo e Fluminense também enviaram representantes, porém ficaram de analisar as condições . O Flamengo capitaneou as discussões ao lado dos clubes paulistas.
O Botafogo se posicionou através do CEO Jorge Braga:
“Participei na manhã de hoje de uma importante reunião em São Paulo com representantes de grandes clubes do Brasil. Em pauta, a constituição da Liga, que o Botafogo sempre defendeu a estruturação pois entende que esse é o futuro do produto futebol brasileiro. O papel do Botafogo nesse processo é de racionalidade. Nossa posição é de união, inclusão e valorização do produto, buscando consenso. Concordamos com a visão, o conceito e estamos avaliando tecnicamente a melhor estratégia para decisão em conjunto com John Textor. Não há motivos para açodamentos. O Botafogo tem ciência do seu valor, da capacidade da Liga e vai lutar pelo formato que alie os seus interesses e dos clubes como um todo", afirmou Braga.
O próximo passo é reunir os 40 principais clubes do futebol brasileiro, das Séries A e B, na sede da CBF, no dia 12, para uma posição em consenso, que segue distante.
"Estive hoje em São Paulo na reunião para discutir o futuro do futebol brasileiro. Existe um consenso entre os clubes de que a Liga é o caminho. Estamos estudando todos os detalhes junto com a 777 Partners para a adesão do Vasco. No dia 12/5, na CBF, teremos nova reunião com todos os clubes. Acreditamos num grande entendimento em benefício dos clubes e do futebol", disse o presidente do Vasco, Jorge Salgado.
A reunião foi convocada pela Codajas Sporst Kapital (CSK) e pelo BTG Pactual, que têm interesse em buscar investimentos no mercado e participar da gestão da futura liga. A dupla está mais conectada ao grupo formado pelo Flamengo e pelos cinco paulistas da primeira divisão (Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos e Red Bull Bragantino), que pretendem registrar a liga nesta terça e consideram fazê-lo mesmo sem a participação de todos os 20 participantes.
Até aqui, as conversas em torno do tema tem esbarrado em divergências. Há ainda outros dois blocos. Um deles é o movimento Forte Futebol, que reúne dez “emergentes” da elite nacional (América-MG, Atlético-GO, Athletico-PR, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude). Já o terceiro é formado pelos que não se encaixam nos outros dois.