Na próxima terça-feira (22), na cidade de Campos, interior do estado do Rio de Janeiro, será exibido o documentário ‘A Força do Gigante’. O filme fala sobre o título invicto do Campeonato Sul-Americano de Campeões, em 1948, disputado no Chile, conquistado pelo Expresso da Vitória (uma das conquistas mais importantes da história do Club de Regatas Vasco da Gama).
O filme, que tem direção e roteiro de Marco Antonio Rocha, tem duração de 54 minutos. O diretor convidou diversos torcedores ilustres do Cruzmaltino que, na década de 40 e inicio dos anos 50, acompanharam de alguma forma o Expresso da Vitória. Entre os depoentes estão Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Antônio Pitanga, Sérgio Cabral e Jaguar, dentre outros, que relembram passagens de suas infâncias como torcedores do Gigante da Colina.
Lado sociocultural do Vasco na década de 40
Em contato exclusivo com o AV, o diretor Marco Antonio Rocha, nos explica que, antes de entrar diretamente no aspecto esportivo, no inicio do filme ele aborda os cenários social e cultural em que o Vasco da Gama estava inserido na década de 40.
“Nos anos 40 o Vasco já era um clube super respeitado por conta dos seus posicionamentos sociais e políticos, da luta contra o racismo, de ter que fazer São Januário para dar uma resposta aos rivais. Eu mostro que São Januário já era um palco principal da República Brasileira. Foi onde Vargas anunciou o salário mínimo, Prestes quando saiu da cadeia fez um comício para 100 mil pessoas, onde a torcida do Vasco fez uma vaquinha e entregou um avião para FAB, que estava lutando contra os nazistas na Segunda Guerra. Então São Januário era o grande palco do Brasil”, declarou Marco.
Marco Antonio ressalta também que diversos grandes artistas da época eram torcedores do Cruzmaltino. “Eu mostro também que o lado cultural do Rio era dominado por personalidades vascaínas, a cultura carioca e por ser o Distrito Federal evidentemente que a cultura brasileira. Então eu mostro que o Drumond já era um cara super respeitado, Raquel de Queiroz era uma mulher super respeitada na literatura, o Pixinguinha, Chacrinha, Chico Anysio. O Expresso da Vitória surge num cenário extremamente importante em que o Vasco já era protagonista social”, afirmou o diretor.
Um fato que dificultou a vida de Marco foi as narrações originais dos gols vascaínos no torneio terem se perdido em um incêndio. Para solucionar este problema, “A Força do Gigante” tem como uma de suas estrelas o locutor Evaldo José, que recriou alguns dos lances mais importantes do Sul-Americano.
“Houve o incêndio na Mayrink Veiga e os originais foram perdidos. Então, além do problema da imagem, porque a competição não foi televisionada, havia esse outro obstáculo. Com a ajuda do Walmer Peres, historiador do Vasco, analisamos diversos jornais e documentos para vermos como foram as jogadas. Fizemos um roteiro que usou palavras daquele tempo, até mesmo os termos em inglês que eram muito comuns no futebol. A partir daí, fizemos a gravação”, conta o diretor Marco Antonio.
Moacyr Barbosa
Um dos grandes nomes daquele fantástico time do Vasco, além de Ademir Menezes, Ismael, Danilo, Friaça, era o goleiro Moacyr Barbosa. Considerado o maior goleiro da história do Vasco e, um dos maiores goleiros do futebol brasileiro, Barbosa foi titular absoluto do Expresso da Vitória. Em mensagem enviada para o AV, Tereza Borba, filha de Barbosa, falou da sua alegria em saber que este importante título em que seu pai ajudou o Vasco a conquistar vai ter a oportunidade de chegar ao conhecimento de muitos torcedores.
“Eu tô super ansiosa, emocionada porque essa história tinha que ser contada do Expresso da Vitória, dos campeões sul-americanos de 48. O filme tá lindo, foi feito com muito carinho por toda a equipe do Marco Antônio. Eu não sei nem o que dizer. Esse filme tinha que nascer, tinha que ser apresentado para quem não conhece a história do Vasco conhecer, é emocionante, é muita emoção saber que a história do Expresso da Vitória sul-americana vai ser contado para todos saberem”, afirmou Tereza.
A competição
O Campeonato Sul-Americano de Campeões foi realizado em Santiago, no Chile. Além do Vasco da Gama, participaram também, River Plate, da Argentina, Nacional, do Uruguai, Deportivo Municipal, do Peru, Colo Colo, do Chile, Litoral, da Bolívia e Emelec, do Equador. Em um formato de todos contra todos, o Gigante da Colina teve quatro vitórias e dois empates. O Vasco se sagrou o primeiro campeão continental do mundo (o torneio serviu de inspiração para a criação da Copa Libertadores e da Champions League).
Em 1996, a Conmebol reconheceu o clube de São Januário como campeão continental. Em 2013, o título passou a constar na página da entidade.
O documentário “A Força do Gigante” é uma realização do Instituto para o Desenvolvimento do Esporte e da Cultura em parceria com o Club de Regatas Vasco da Gama. A obra tem patrocínio da Tim, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.