Dodô está mais forte e mais magro após ano de gancho

Um novo Dodô será visto com a camisa do Vasco a partir de janeiro, quando começarem a pré-temporada e o Campeonato Carioca. O gancho de um ano imposto pela Fifa por uso de femproporex não foi capaz de desanimá-lo e, enquanto esteve fora, o atacante se submeteu a um rígido trabalho de condicionamento físico para que o seu retorno seja tão bonito quanto os gols que costuma a fazer. Aos 35 anos, o Dodô versão 2010 é mais forte, mais magro e mais resistente do que aquele que foi obrigado a abandonar temporariamente os gramados.

Foi um ano e dois meses de treinamentos com o preparador físico e fisiologista Cláudio Pavanelli, ex-Santos e agora no Atlético Mineiro. O resultado foi perceptível na apresentação do jogador na Colina, quando a boa forma surpreendeu a quem esperava o contrário de um jogador tanto tempo inativo.

Dodô engordou desde que entrou na clínica de Pavanelli – passou de 77,5 kg para 78,5 kg –, e ao mesmo tempo, diminuiu o percentual de gordura – de 10,5% para 9,5%.

– Deixamos a musculatura do Dodô mais qualificada. Sabemos que todos esperam que ele sinta a falta de ritmo, mas isso não vai acontecer.

Muito provavelmente, ele estará em condição física melhor do que a de todos os outros na apresentação do Vasco – afirmou Pavanelli.

A aposta do preparador físico já tem data para ser posta à prova: no próximo dia 4, o o elenco estará na Colina e no dia seguinte viajará para Vila Velha (ES). Vai voar baixo, Dodô!

\"Dodô foi um cara que não se deixou abater\"

Cláudio Pavanelli preparador-físico e fisiologista

Fizemos um trabalho de base com Dodô, quase como se fosse uma pré-temporada. No futebol, não temos esse tempo longo para trabalhar o jogador adequadamente. Buscamos o equilíbrio de toda a parte muscular, algo que é complicado de se alcançar.

Além dos treinos diários, fizemos trabalhos com bola duas vezes por semana para que ele não tenha muita dificuldade para recuperar o ritmo de jogo. Hoje em dia, todos os preparadores priorizam a situação específica de cada jogador. Acredito que no Vasco saberão ver o momento físico em que o jogador se encontra e farão um bom trabalho. Para também não forçar demais o jogador, pedi a ele que não faça exercícios nessas duas semanas até a reapresentação.

Dodô foi um cara que soube aproveitar a situação adversa que apareceu. Ele se preparou e, desde o começo, se dispôs a se manter condicionado fisicamente. Ele é um cara que não se deixa abater pela adversidade.

Vou torcer pelo sucesso dele no Vasco, pela amizade que temos, pelo relacionamento que tivemos esse tempo. Será um prêmio para a nossa equipe. Só pedi a ele que não faça um gol sobre o Atlético Mineiro (risos).

Craque pode ter carreira esticada graças a gancho

O que poderia parecer o sinal de que a carreira de Dodô estava acabada pode se transformar numa reviravolta positiva na trajetória do atacante. O intervalo no futebol e o zelo com a condição física no período em que esteve suspenso por doping podem prolongar a sua capacidade de atuar em alto nível.

– Eu dizia ao Dodô que ele terá uma sobrevida maior na carreira graças a este trabalho. Qual jogador tem essa possibilidade de dar um tempo na rotina cansativa de treinos, concentrações e jogos para cuidar apenas da parte física? – questionou Cláudio Pavanelli.

Para que isso aconteça, o fôlego do atacante também foi trabalhado durante o período de treinamento.

Hoje, a capacidade vascular de Dodô, ou seja, o volume de oxigênio no sangue, é de 60 ml/kg/min, algo que, segundo Pavanelli, é considerado satisfatório num jogador de 25 anos. O mais importante, segundo ele, é a capacidade de sustentabilidade da repetição dos arranques durante as partidas.

– Sabemos que Dodô é um jogador de 35 anos, mas garanto que ele tem totais condições de fazer os mesmos exercícios que os outros jogadores de uma idade inferior.

Quando iniciamos o trabalho, nos focamos para deixá-lo em condição pronta de jogo. É o que ele tem atualmente – afirmou.

Ausência forçada

Doping Em 14 de junho de 2007, o Botafogo venceu o Vasco por 4 a 0, pelo Campeonato Brasileiro. E Dodô foi pego no exame antidoping pelo uso de femproporex, substância encontrada em remédios para emagrecer. Ele foi julgado e pegou 120 dias de gancho.

Reviravoltas Em novo julgamento realizado no Brasil, o atacante foi absolvido e acertou com o Fluminense. Só que o caso foi parar na Fifa, que, juntamente com a Agência Mundial Antidoping (Wada), entrou com um recurso para que Dodô fosse julgado novamente. E, dessa vez“ não houve escapatória. Dodô pegou dois anos de suspensão pela Corte Arbitral do Esporte (CAS). A punição acabou no último 7 de novembro.