A grande crise econômica enfrentada pelo país começa a ter reflexos diretos em investimentos no futebol. Nos corredores da Gávea corre a informação de que a Viton 44, que tem acordo de R$ 20 milhões por um ano de patrocínio, atrasou pela segunda vez consecutiva uma parcela mensal do pagamento. Dono da empresa, que também patrocina Fluminense e Vasco, Neville Proa nega atraso, mas admite que vive momento de extrema dificuldade para honrar os compromissos. Para ele, setembro será um mês decisivo para decidir sobre a continuidade do investimento no futebol.
"Não tem atraso. Tem dificuldade para pagar. Dinheiro que nós pagamos aqui, antes era da nossa movimentação. Hoje tem que pegar do banco para pagar. Está demais, demais. Tem de dar até garantias imobiliárias para poder pagar, mas felizmente temos essas garantias e estamos sobrevivendo com os empréstimos. Esse mês eu coloquei como regulador. Se esse mês for igual aos outros, com prejuízo, automaticamente não vou ter condições de fazer ano que vem de jeito nenhum", lamentou Neville Proa.
Além dos R$ 20 milhões até dezembro por parte da camisa e mangas do Flamengo, a Viton 44 é a patrocinadora master do Fluminense, com R$ 12 milhões, e também das mangas do Vasco, com cerca de R$ 15 milhões até o fim de 2016. No caso do Tricolor, o valor subiria consideravelmente na próxima temporada. Neville não garante a permanência por ter sofrido um grande impacto nas vendas.
"Dificílimo. Até março foi bom. De abril para cá as vendas caíram muito. Nós, todo o Brasil, estamos passando dificuldades incríveis. Demiti mais de 160 pessoas com uma dor muito grande, cada um tem família. A barra está muito pesada. Tem de tirar Dilma (Rousseff) e companhia imediatamente senão o Brasil vai quebrar. A situação não é só para mim. É para todos nós", completou o empresário.
Apesar dos números divulgados, Neville garante que investe "pouco mais de R$ 30 milhões" por ano no futebol. Isto sem contar as placas de publicidade do Maracanã, também sob risco diante das dificuldades financeiras encontradas. O dono da Viton 44, visto como porto seguro para os clubes cariocas no início do ano, ainda sustenta a tese de que não existe melhor local para destinar a verba de publicidade do que o futebol. Mas o investimento, ainda que não acabe, será drasticamente diminuído. Por isso, ele admite conversas com Fluminense e Vasco, com quem tem contrato até o fim do próximo ano.
"Vou honrar compromissos, mas pedir para arranjar outro patrocinador não é feio. Se aceitar, tudo bem. Se não aceitar, paciência. É conversa de amigos. Como eles vieram fazer contato comigo. Quem estava esperando uma situação tão difícil dessa? O Brasil está quebradíssimo. Não sei o que vai acontecer", desabafou Neville Proa.
Além do trio Flamengo, Fluminense e Vasco, o Botafogo também era patrocinado pela Viton 44. No entanto, Neville Proa garantiu que só assinaria a renovação com o Alvinegro caso o clube estivesse livre de penhoras, o que não ocorreu.