Os anos passam, mas é sempre a mesma coisa: os resultados financeiros dos borderôs dos jogos no Campeonato Estadual do Rio de Janeiro são recorrentemente negativos. Em 2020, a história não é diferente.
Após três rodadas da Taça Guanabara, Botafogo, Flamengo e Fluminense já acumulam mais de R$ 1,1 milhão de prejuízo com seus jogos. Além da falta de atrativos para levar os torcedores aos estádios, uma das razões que ajudam a levar os clubes ao prejuízo são os altos custos de operação do Maracanã e do Nilton Santos.
O Flamengo, ainda jogando com um time reserva, por exemplo, gastou cerca de R$ 718 mil para abrir o Maracanã para a partida contra o Volta Redonda, pela terceira rodada. Na hora de fechar o borderô, prejuízo de R$ 209,6 mil.
Outro fator que é peculiar ao Rio de Janeiro é a participação dos times grandes nos resultados dos borderôs quando vão enfrentar os pequenos fora de suas casas.
Para reduzir o abismo que já existe na divisão da receita da TV, existe uma espécie de compensação. O time grande, em caso de vitória, fica com 60% das receitas líquidas ou 40% do prejuízo. Já em caso de derrota, a situação se inverte: 40% do lucro líquido vai para o time de maior torcida, ou então 60% do prejuízo.
O caso acima explica bem a realidade do Botafogo. Com apenas um jogo como mandante, o clube sofreu três déficits em 2020. Como saiu derrotado por Volta Redonda e Madureira nas duas primeiras rodadas, arcou com 60% dos prejuízos, já que ambas as partidas foram deficitárias. O clube alvinegro tem R$ 79 mil de prejuízo.
A conta piorou ainda mais quando o time atuou em seu estádio, diante de sua torcida. Prejuízo de R$ 270 mil, chegando a um acumulado de R$ 350 mil negativos.
Na linha contrária aos demais está o Vasco, único dos grandes a conseguir lucro até agora. Mesmo com R$ 56 mil de prejuízo na partida contra o Flamengo (nos clássicos a renda é dividida igualmente), o clube de São Januário acumulou, até agora, R$ 318 mil de lucro. Mas, para isso, precisou sair do Rio de Janeiro. O time cruz-maltino vendeu um mando de jogo para o Espírito Santo e, assim, teve renda líquida fixa de R$ 175 mil, fundamental para deixar o saldo do clube ainda no positivo.
Enquanto os clubes padecem, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) segue cobrando 10% sobre a renda bruta das partidas, sem se preocupar com o resultado financeiro delas. Somente nas partidas que os clubes grandes foram mandantes, a entidade faturou mais de R$ 200 mil, livre de custos.