O empate por 1 a 1 com a Chapecoense foi o último ato de mais um ano de sacrifício dentro de São Januário. Se há pontapé inicial em projetos importantes para o clube - como o novo centro de treinamento - e mobilização sem precedentes na história do futebol brasileiro, o velho fantasma da crise econômica segue viva no Vasco.
Os experientes zagueiros Henríquez e Leandro Castan não fugiram do assunto na saída do Maracanã - palco da partida, com quase 70 mil presentes na saideira da temporada. Mostraram compreensão com a direção do clube até o fim do Brasileiro, mas deixaram claro que esperam soluções até o fim do ano. Conforme as promessas que receberam da diretoria vascaína.
- Ficou provado durante o campeonato que o grupo, independente da situação, se doa. Podem ver por aí, houve outros clubes que fizeram manifestações através da mídia para cobrar e decidir pendências. Nós, como grupo, não fizemos. E isso não muda. Estamos saindo de férias, agora a responsabilidade é da gestão. Hoje, nós jogadores jogamos a última rodada nessa situação. Não temos o que falar, temos que resolver isso internamente - afirmou Henríquez.
O jogador colombiano citou exemplos fora do futebol para ressaltar a importância de salários em dia com todos seus funcionários e colaboradores. Entre os atletas, a dívida é de três meses - setembro, outubro e novembro. No caso da comissão técnica e de outros funcionários com faixa salarial maior, a dívida é ainda maior: agosto, setembro, outubro e novembro.
- Não é segredo para ninguém que toda empresa, seja no esporte ou fora, precisa estar em dia. O torcedor está comparecendo, eles fizeram uma semana muito linda, foram de 30 mil para 170 mil sócios. O torcedor está querendo um Vasco organizado, é normal eles assumirem essa posição de cobrança, de querer um clube estruturado. Pela parte interna, é importante sanar as pendências para começar 2020 zerado. São situações que o Vasco vai ter que arrumar - pediu o jogador colombiano.
Castan: "Acho que tudo vai ser resolvido"
Capitão vascaíno, Leandro Castan valorizou a participação de Vanderlei Luxemburgo na recuperação do Vasco no Brasileiro. O time chegou a ter apenas um ponto e amargar a zona de rebaixamento nas primeiras rodadas. E termina o Brasileiro em 12º lugar.
- Se você for pensar quando o Vanderlei chegou, nosso time era um sério candidato a ir para a Segunda Divisão. A gente fica aliviado, mas tem que tomar muito cuidado com isso porque estamos falando de uma camisa muito grande. Não podemos ficar felizes só por escapar do rebaixamento. Mas a gente vai pra casa de cabeça erguida, sabendo que fizemos um trabalho bom - afirmou Castan.
Sobre as dívidas com o elenco, o zagueiro pediu todos esforços possíveis da direção para cumprir com suas obrigações. Foi no mesmo tom do companheiro de zaga colombiano.
- A gente nunca expôs isso. Já é tão difícil cumprir com as obrigações de jogar um campeonato difícil como esse. A gente deixa para a diretoria resolver. O Luxemburgo também assumiu essa bronca. Acho que tudo vai ser resolvido. Uma coisa é bem clara: não tem como pensar em 2020 estando em 2019 ainda. O campeonato acabou, os prazos foram estipulados. A gente é profissional, temos família, tem gente aqui começando a carreira agora, jovens que necessitam de salário. Não só jogadores, mas funcionários também. A gente espera que possam cumprir isso, espero que tudo seja pago para a rapaziada ter um Natal tranquilo - comentou.
Castan disse que o grupo deve ser valorizado, que sempre honrou a camisa, apesar das dificuldades. E voltou a enaltecer a participação dos torcedores do Vasco.
- O que eles fizeram é inexplicável. No futebol mundial, eu nunca tinha visto isso. Sobre nosso desempenho técnico, quem veste a camisa do Vasco tem que pensar coisa grande. Infelizmente, esse ano ficamos abaixo. Mas, apesar de tudo, de todos os problemas, a gente fica aliviado de chegar hoje sem chances de rebaixamento e com a vaga na Sul-Americana. Mas não fica feliz. Pelo que a torcida fez todo o ano, mas especialmente hoje, eles merecem um time competitivo para brigar por coisas grandes.