Há quatro meses e meio, o Botafogo vencia o então lanterna Vasco no Nilton Santos, chegava aos 12 pontos e à sétima posição no Brasileiro. Desde então, 18 rodadas foram disputadas e os rivais, que se reencontram hoje, em São Januário, viveram trajetórias opostas. Mudaram as expectativas e as avaliações quanto aos dois times.
Naquele 2 de junho, após o gol de Diego Souza decidir o clássico, o Alvinegro era o sétimo colocado, uma campanha que superava todos os prognósticos. Já o Vasco, que era dirigido por Vanderlei Luxemburgo apenas pela terceira vez, saía de campo na lanterna da competição, com só três pontos: aproveitamento de apenas 14%.
Desde então, o Botafogo somou só 18 pontos em 18 rodadas, um aproveitamento de 33% que, se fosse projetado para todo o Brasileiro, o colocaria na zona de rebaixamento. Mais do que a 13ª posição com 30 pontos, cinco acima da zona do rebaixamento, o que preocupa do Botafogo é o viés de queda. Um dos desafios é melhorar o desempenho ofensivo. O time só marcou 22 gols, o quinto pior desempenho ofensivo do torneio.
O número de gols marcados é idêntico ao do Vasco. Mas o rival de hoje experimenta uma sensação de evolução. Nas últimas 18 rodadas o aproveitamento subiu a 51,8%, com mais 28 pontos somados em 18 partidas. O time, que sofrera 13 gols nas sete primeiras rodadas — média de 1,8 —, a partir dali levou 17 em 18 jogos — média de 0,94.
Talvez uma das explicações para trajetórias recentes tão distintas esteja na forma de jogar. O Vasco de Vanderlei Luxemburgo adquiriu uma identidade clara, um estilo reconhecível. Já o Botafogo via Eduardo Barroca tentar corrigir o rumo antes de ser demitido. Hoje, Alberto Valentim estreia e o time é uma tela em branco.
Adepto de um jogo de posse de bola e troca de passes, Barroca tentou, diante do mau desempenho e dos resultados, buscar um jogo mais direto nas últimas partidas. Mas o time, que tinha dificuldade com o modelo original, tampouco chegou a absorver as novas propostas. Barroca caiu e o clube inicia hoje a aposta em Valentim.
Já Vanderlei Luxemburgo dedicou atenção especial a corrigir os problemas defensivos do Vasco. Criou um time que assumiu sua postura de marcar forte, por vezes mais próximo de sua área, e apostar nos lances de velocidade e contragolpes. As limitações técnicas continuam, o time tem problemas quando precisa ter iniciativa dos jogos. Mas é uma equipe que sabe a que se propõe.
Apesar do crescimento recente, o peso do começo ruim ainda coloca a equipe de São Januário em posição perigosa na tabela.