Eder Luis recebe a bola no contra-ataque, passa por um, dois, e parte em direção ao gol em velocidade. Esse tipo de jogada, comum há alguns meses, não tem sido mais vista com facilidade nos últimos jogos. O motorzinho vascaíno também tem sentido o desgaste da sequência de jogos. No último domingo, contra o Fluminense, por exemplo, o atacante, muito exigido, pediu para sair antes da metade do segundo tempo. Deixou o gramado visivelmente no limite.
A parte física explica bem essa sua oscilação. Durante o ano, é comum um atleta atingir um ponto máximo de seu condicionamento, mas, depois, ter quedas. E isso acaba ficando mais visível em quem se notabiliza pela velocidade.
A forma com que o Vasco atua, muitas das vezes apostando nos contragolpes, também exige muito do motorzinho do time. Eder é o único jogador ofensivo com características de velocidade.
- Sem dúvidas, quem necessita de potência, de velocidade, sente mais. Mas jogador nenhum consegue se manter no máximo do condicionamento físico. Há oscilações. Conheço o Eder, com quem trabalhei no São Paulo. Ele apresentava essas alternâncias - explicou Turíbio Leite de Barros Neto, coordenador do Centro de Medicina Esportiva (Cemafe) da Unifesp.
Após a pré-temporada, Eder atingiu seu melhor condicionamento físico entre as finais do Carioca e da Copa do Brasil. Na competição nacional foi decisivo para o título. Depois, sem tempo para sequência de treinos, houve uma queda.
Ciente da importância de sua velocidade, a comissão técnica vem tentando suprir a falta de tempo com cuidados no dia a dia. Mesmo que Eder não se lesione, foi poupado em uma ou outra situação. Tudo para que motor vascaíno volte a roncar alto nesta temporada.
Bate-Bola
Turíbio Leite de Barros Neto
Coordenador do Cemafe e ex-fisiologista do São Paulo
Essas oscilações na parte física de um jogador durante a temporada são comuns?
Oscilação é comum. É impossível um jogador se manter em plenas condições durante toda uma temporada. E é difícil até prever essa queda. O que é feito é um monitoramento. Com certeza a comissão técnica hoje tem recursos para monitorar um desgaste maior, até para ver quando é necessário poupar esse ou aquele jogador.
Mas e quando um jogador atinge um ponto máximo e depois apresenta uma queda?
É normal, pois há sequência de jogos. O ideal, antes de um Brasileiro, por exemplo, seria uma nova temporada de treinos, o que o calendário não permite. Tem sempre essa competitividade, jogo de mata-mata. A exigência é grande. Por isso há a necessidade até de uma reciclada. E isso não é incompetência da preparação física nem nada.
O jogador que depende muito de sua velocidade, de arranque, acaba sentindo mais quando há uma queda na parte física?
Um atleta que depende muito do físico, do arranque, sente muito. Quando tem técnica também, acaba conseguindo sentir menos isso, o que é o caso do Eder, inclusive.
E quando o jogador é muito acionado durante as partidas, aumenta esse desgaste físico...
Quando ele tem essa importância, o número de solicitações é muito grande e isso interfere. Às vezes precisa se poupar um pouco para ter um ganho lá na frente.
Característica de difícil substituição
Capitão do time, Juninho lembra que o elenco vascaíno tem muitas opções, mas ressalta que em alguns casos há dificuldade para achar jogadores com as mesmas características, como é o caso de Eder Luis.
- Acho que é importante ter vários jogadores, mas não é fácil ter muitos que estejam sempre entrando. Alguns ficam muito tempo sem jogar e não é fácil levar o grupo dessa forma. Temos um equilíbrio, mas não na posição do Eder (Luis), um jogador de velocidade. Hoje, talvez, só o Leandro que possa atuar mais por ali. Talvez precisemos de mais jogadores assim - disse.
Há a possibilidade de Eder Luis ser poupado na partida contra o Palmeiras, quinta-feira, no Canindé, na volta da primeira fase da Sul-Americana. O Vasco venceu o primeiro jogo por 2 a 0.
Para a posição, Ricardo Gomes tem como opções os atacantes Leandro e Kim. Ou, como já fez no primeiro jogo, utilizar Bernardo no meio e Diego Souza na frente.
Eder Luis em 2011
23 de abril - Quase lá...
Semifinal da Taça Rio
Na reta final do Carioca, Eder Luis, após trabalhos intensos na pré-temporada, começava a atingir sua melhor forma física. Com a sua velocidade, ajudou o Vasco a chegar à final da Taça Rio. Contra o Olaria, na semifinal, recebeu um passe em profundidade de Fellipe Bastos, driblou o goleiro e bateu para o fundo do gol.
8 de junho - Pico
Final da Copa do Brasil
No auge do seu condicionamento físico, Eder Luis fez a diferença nas finais da Copa do Brasil. Depois de atuações elogiáveis, participou dos dois gols no segundo jogo da decisão, no Couto Pereira. Após jogada veloz, deu passe para Alecsandro abrir o placar e, em contra-ataque, fez o segundo gol vascaíno, que garantiu a conquista.
7 de agosto - Queda
Campeonato Brasileiro
Durante o Campeonato Brasileiro, Eder Luis já demonstrava a queda de rendimento devido à maratona de partidas na temporada. No clássico contra o Botafogo, por exemplo, assim como todo o time, teve atuação abaixo da esperada, não conseguindo ser uma arma vascaína para furar o bloqueio alvinegro. A equipe cruz-maltina foi goleada.