Uma complicação no menisco do joelho direito e a carreira quase se encerrou precocemente. De volta aos gramados após um verdadeiro drama que o deixou por mais de um ano afastado, Eder Luis é só felicidade ao ver que pode novamente fazer o que mais gosta na vida:
"Eu tinha dúvida em relação ao meu futuro com a lesão grave que eu tive. Agora tenho esperança de jogar por muito mais tempo".
Seus problemas começaram em 2014, nos Emirados Árabes, quando defendia o Al-Nasr por empréstimo. Com um problema crônico no joelho desde o início da carreira, resolveu optar por um método pouco tradicional para se livrar da questão. Motivado por um lateral direito da sua equipe, foi à Itália enxertar um menisco de cadáver no local. Porém, o que parecia ser o fim de seus tormentos, acabou se tornando um pesadelo ainda pior.
Sem conseguir dobrar a perna de maneira completa, retornou ao país europeu novamente para ser examinado e os médicos optaram por um procedimento ousado: aplicaram uma anestesia e forçaram a dobra de seu joelho. Após um forte estalo, tudo parecia ter ficado bem. Porém, com o término do efeito do medicamento, a dor voltou ainda pior e, posteriormente, foi constatado que o menisco havia se soltado.
Desesperado, retornou ao Brasil e ficou sob os cuidados do fisioterapeuta Marcelo Moutinho, mais conhecido como Rato. O profissional o indicou a um cirurgião especialista em joelho que retirou o menisco.
Em seguida, vieram as longas e angustiantes sessões de fisioterapia e preparação física até se curar vez.
"Gosto de pescar. Pescar é bom demais, você esquece de tudo, mas vou ser sincero: não tinha nada que eu conseguisse fazer. Me falavam: 'vai para os Estados Unidos, vai para sua fazenda, vai pescar', mas não tinha nada que eu pensasse que não fosse focar no meu joelho. Eu não tinha lazer", se recorda.
O retorno aos gramados também foi difícil. Se a lesão em si já tinha ficado para trás, as consequências psicológicas do sofrimento que passou permaneciam. Eder Luis não tinha confiança em realizar certos tipos de movimentos.
"Foi uma desconfiança que eu tive que tirar realmente. Muitas vezes nos treinamentos o pessoal da comissão técnica conversava comigo, perguntava se eu estava me sentindo bem e eu falava que era desconfiança. Eles me diziam para eu arriscar que essa desconfiança ia passar. E hoje estou me sentido bem, forte no combate", disse.
CONSELHOS AOS MAIS JOVENS
O drama vivido na carreira serviu como aprendizado. Após a lesão, Eder Luis redobrou seus cuidados em relação ao corpo.
"Não tem como. Algumas lesões te exigem isso. Coisas que talvez você não fazia e agora faz. Hoje em dia eu costumo chegar uma hora e meia, duas horas antes dos treinos. O Caprres (Centro Avançado de Prevenção, Recuperação e Rendimento Esportivo) também me ajudou muito. Está de parabéns. Eles mesmos nos cobram muito pra fazermos essa prevenção", destacou.
A cobrança, aliás, é feita pelo próprio com os mais jovens, justamente para não presenciar o que passou com algum companheiro.
"Tem uma cobrança forte, sim. Às vezes sou até um pouco chato. Não por falar, é mais por preocupação, porque não quero que ninguém passe pelo que eu passei. O Vasco, hoje, tem uma estrutura que poucos clubes dão. Tem que exaltar o trabalho do Caprres. Dia de domingo, se vier, tem. Tem à tarde, de manhã... É um cuidado muito grande para que tenhamos saúde. Eu cheguei desconfiado e hoje estou jogando 90 minutos. Passo isso para que eles aproveitem a carreira até os 40 anos", declarou.
Eder Luis está relacionado para a partida desta terça-feira, às 19h15, em São Januário, contra o Náutico, pela Série B.