Futebol

Edmilson se inspira em Rafael Marques para superar desconfiança

Após dez anos fora do Brasil, Edmilson retornou quase como um desconhecido. Contratado por um clube que atravessa um momento turbulento, ele sabe que a desconfiança irá pairar sobre seu futebol no começo. Ciente da situação, ele tem na ponta da língua um exemplo de quem se espelhar no Vasco: o seu amigo Rafael Marques, autor do gol que deu o título do Carioca ao Botafogo.

O vascaíno e o alvinegro se conheceram no futebol japonês. Ambos moravam na mesma cidade, em Saitama. Edmilson defendia o Urawa Reds e Rafael Marques o Omiya Ardija. Mesmo sendo rivais clubísticos, cultivaram uma grande amizade. Rapidamente, passaram a se encontrar em jantares e suas esposas se tornaram grandes amigas.

Até mesmo nos momentos de aperto, como no terremoto de 11 de março de 2011, estavam juntos, recolhidos na casa de Edmilson.

Com um apreço mútuo grande, a volta por cima de Rafael encheu o agora cruz-maltino de orgulho.

– Aí você vê como é o futebol. O cara fez o gol do título, está entre os 11 melhores do Carioca… A torcida vê que ele se empenhou e trabalhou quietinho, sem alarde. Fiquei muito feliz por ele. Telefonei parabenizando-o pelo gol e o título.

Prestes a estrear pelo Vasco, Edmilson espera superar a desconfiança da mesma forma que Rafael Marques fez.

– Infelizmente essa é a cultura do futebol brasileiro (não apostar nos jogadores desconhecidos). Temos que conviver com isso. A tática é ter a cabeça boa. Sei que aqui tenho o apoio dos jogadores, do treinador, do clube… E a torcida pode ter a certeza de que darei o meu melhor e uma hora vai funcionar – afirmou o atacante de 30 anos.

Edmilson deve jogar 45 minutos

O atacante Edmilson fará a estreia com a camisa do Vasco neste sábado, no amistoso contra o Tupi, às 16h, no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. De acordo com o técnico Paulo Autuori, o jogador deverá ser utilizado durante 45 minutos.

Após oito anos no Japão e dois no Qatar, Edmilson ainda está em fase de readaptação ao futebol brasileiro. Ele garante estar bem fisicamente e acredita que a única coisa que precisa adquirir é ritmo de jogo.

– O físico já está muito bem, agora é mais ritmo de jogo mesmo. Fiquei muito tempo sem jogar, mas já estou pronto e à disposição. Se o professor Paulo Autuori precisar, vou estar bem – garantiu.

Revelado pelo Palmeiras em 2003 como um dos destaques na campanha que culminou no título brasileiro da Série B, o atacante encontrou diferenças no período em que ficou fora do país.

– Está mais rápido o futebol aqui. Antigamente dava para dar uma cadenciada, mas aos poucos a gente vai pegando o ritmo.

Cavalieri: laço afetivo também

Além da grande amizade com o atacante Rafael Marques, do Botafogo, Edmilson tem um laço afetivo com outro atleta de um clube carioca. O jogador é padrinho de casamento do goleiro Diego Cavalieri, do Fluminense. Em contrapartida, o arqueiro é padrinho da filha do vascaíno.

Edmilson e Cavalieri se conheceram ainda nas divisões de base do Palmeiras e acabaram subindo juntos para o profissional. Desde então, estreitaram o contato.

Com ambos morando no Rio de Janeiro, frequentemente se encontram para jantar com as respectivas famílias. Diego Cavalieri ainda o auxiliou na mudança para a capital carioca, dando dicas e conselhos de moradia.

Com a palavra
Rafael Marques
(Atacante do Botafogo e amigo de Edmilson)

“Fiquei feliz ao saber que ele jogaria no Rio”

Sou muito amigo do Edmilson e fiquei bastante feliz quando soube que ele jogaria aqui no Rio de Janeiro também. Apesar de ser em um clube rival, é importante o futebol carioca ter jogadores de qualidade.

Tenho certeza absoluta de que ele vai se dar muito bem. O Edmilson é um atacante versátil, que tanto prepara a jogada para os companheiros quanto marca gols. Mas vai precisar de muita paciência para passar por um período de adaptação no início.

Não é fácil passar tanto tempo jogando no Japão e no Qatar e precisar se adequar novamente ao ritmo do futebol brasileiro. Sofri muito para conseguir meu espaço no Botafogo, mas não desisti e hoje me sinto totalmente adaptado e feliz.

Desejo sorte a Edmilson nessa estreia pelo Vasco, mas quando for enfrentar o Botafogo não vai ter moleza, não.

Bate-Bola

Edmilson
Em entrevista ao LANCE!Net na UFJF

Como avalia essa volta por cima do seu amigo Rafael Marques?
- Fico muito feliz porque é um menino que merece e joga muito. Quando você está fora, num cenário que não passa no Brasil, muita gente pensa: “Ah! Não está jogando nada, está mal”, e lá no Japão estava arrebentando, fazendo gols e dando assistências. Ele veio aqui para o lugar do Loco Abreu, então, isso pesou. Mas depois se adaptou e deu tudo certo.

O que lhe motivou a voltar a jogar no Brasil?
- Queria novamente sentir aquela motivação e ambição. No Qatar é complicado. O calor da torcida no Brasil é diferenciada. Você faz um gol aqui com 30 mil, 40 mil pessoas no estádio. Lá, jogamos para um público de 300 pessoas.

E está preparado para as pressões e críticas?
- Vim da base do Palmeiras, um clube grande. Aprendi a conviver desde garoto com essa pressão. Estou preparado para tudo, críticas e palavras de incentivo.

Fonte: Lancenet!
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