Com o desconto de 50% criado ano passado na Black Friday se encerrando no próximo dia 24, o Vasco tem pela frente o grande desafio de manter — diante da pandemia do coronavírus — o maior número de sócios possíveis, após chegar próximo dos 190 mil e se tornar o programa com mais associados no Brasil.
Para falar sobre as apostas do Cruz-Maltino e os detalhes das propostas de renovação, o UOL Esporte conversou com o diretor do programa "Gigante", Eduardo Sá. A reportagem detalhou os principais temas por tópicos:
Quatro opções de planos
O clube criou outras duas promoções para tentar segurar seus sócios, além dos dois planos integrais. São eles:
- Renovar por seis meses
- Renovar por seis meses com extensão de 2 meses grátis (período sem jogos por causa da Covid-19)
- Renovar por um ano
- Renovar por um ano com extensão de 3 meses grátis (período sem jogos por causa da Covid-19)
Eduardo Sá destacou os critérios estabelecidos para se chegar à estas opções de planos:
"Como o Brasil é muito grande, heterogêneo, com uma diversidade cultural e econômica, o mesmo ocorre dentro da torcida do Vasco, que tem diferentes classes sociais e diferentes realidades na pandemia. Fazendo o monitoramento nas redes sociais, vimos algumas pessoas necessitando de algum apoio por parte do clube para conseguir renovar seu plano, mas ao mesmo tempo vimos outras pessoas que diziam que fariam questão de renovar seu plano no preço normal porque sabem do momento que o clube passa e o processo de reestruturação que atravessa. Então, totalmente alinhados com a história e a cultura do clube, tomamos a decisão de sermos os mais democráticos possíveis, ou seja, entregarmos as quatro opções e o sócio escolhe a que está mais de acordo com seu bolso."
Mesmo tendo o maior número de associados, o Vasco ainda tem uma arrecadação com sócios menor que clubes como Flamengo, Palmeiras, Grêmio e Internacional.
Propósitos e senso de pertencimento
Cientes de que o principal atrativo — descontos nos ingressos dos jogos — demorará a voltar a ficar em vigor em função de não se saber quando o futebol retomará com portões abertos, o Vasco tem apostado em propósitos que deem um sentimento de ajuda direta por parte do sócio. Pensando nisso, o presidente do clube, Alexandre Campello, decidiu canalizar todo o recurso dos associados de fora do Rio de Janeiro (plano Norte a Sul) para as categorias de base do clube.
Já o plano mais popular (Camisas Negras) terá 20% de sua arrecadação destinadas a instituições de caridade. Na semana passada, por exemplo, o Cruz-Maltino doou R$ 110 mil ao Instituto Nacional do Câncer (Inca) através desta verba.
"O sócio-torcedor no Brasil ainda é muito ligado ao benefício de ir ao estádio, e o Vasco tenta fazer com que o Sócio Gigante seja muito mais do que isso. É um senso de pertencimento, de fazer parte daquele negócio. Então, hoje temos uma categoria que tem um propósito de ter um preço popular e doar 20% para uma causa social que é o Camisas Negras, e agora a gente ataca em outro propósito para o próximo semestre, que é o plano Norte a Sul, onde os sócios serão os padrinhos da nossa base. Então, 100% da renda desse plano irá para a nossa base. Em resumo, acho que tem que se criar propósitos dentro de seu produto do sócio-torcedor. É difícil você encontrar, no cenário nacional, clubes que possuam o dobro da capacidade do estádio de sócios como nós. Acho que a torcida vascaína comprou muito esse senso de pertencimento, abraçou e carregou o clube neste sentido", avaliou Eduardo Sá.
Diretor explica demora na entrega de algumas carteirinhas
Muitos sócios têm reclamado que ainda não receberam suas carteirinhas. Diretor do programa, Eduardo Sá fez questão de pedir desculpas pelo atraso e explicou todo o processo.
Ele admitiu que o fato de passar de uma distribuição de mil cartões por mês para 150 mil de uma vez só trouxe dificuldades. O dirigente, porém, renegociou com fornecedores, gerou uma economia de mais de R$ 500 mil ao clube e passou a focar nas demandas.
"Primeiramente, quero pedir desculpas por alguns contratempos que aconteceram. Eu mesmo fiz contato direto com diversos sócios e resolvi diversos problemas, mas para quem não se lembra, a Black Friday terminou dia 24 de dezembro. A minha primeira ideia, sabendo que o clube passa por uma reestruturação, foi gerar uma economia para o clube, e foi o que aconteceu. Só que teve o recesso do Réveillon, recesso de janeiro... E qualquer empresa que esteja preparada para entregar mil itens por mês não consegue entregar 150 mil em um mês. Então, isso retardou um pouquinho o processo, mas à medida que as carteirinhas iam chegando, a gente ia produzindo. Às vezes tinha funcionário virando a noite no Vasco produzindo essas carteirinhas e a gente ia colocando para a rua. Depois disso, tivemos mais dois grandes impactos: a pausa de Carnaval e a pandemia entrando em março. Então, basicamente, foi isso", explicou.
Segundo Sá, a principal pendência atual são as pessoas que se associaram e não completaram o cadastro no sistema do programa "Gigante". Este universo abrange cerca de dez mil sócios:
"Hoje o problema são pessoas que se associaram e não completaram seu cadastro de endereço. Quando a gente acabou de enviar as carteirinhas ainda tínhamos 25 mil pessoas sem cadastro de endereço, então, mandamos e-mail, comunicamos através das redes sociais.... Hoje ainda temos dez mil pessoas sem cadastro de endereço. Ontem mesmo estava assistindo a uma live relacionada ao Vasco e uma pessoa reclamou que não tinha recebido a carteirinha do filho. Passei meu Instagram pessoal para o sócio me mandar mensagem e o filho dele não tinha o endereço cadastrado no sistema. Então, assim, não temos mais problemas para enviar. Temos essas dez mil pessoas e o resto já esta todo na rua. Por isso que falo sempre: Ainda não recebeu sua carteirinha? Entra no sistema e coloca o endereço, por favor. E também também temos o Instagram (@sociogigante) para o sócio-torcedor, para que aquele que tenha problema de carteirinha possa nos mandar um direct para resolvermos o mais brevemente possível."
'Não podemos duvidar do potencial da nossa torcida'
Com todo o cenário adverso proporcionado pelo coronavírus e os seus gravíssimos impactos econômicos no Brasil e no mundo, o Vasco tem a ciência de que dificilmente conseguirá manter os cerca de 190 mil sócios-torcedores.
Mapeando seu quadro de sócios, o clube tem, aproximadamente, 110 mil pessoas com os pagamentos no cartão e 40 mil no boleto. O índice de renovação no cartão bate na faixa de 60%. Já no boleto, geralmente, não passa de 20%.
Por conta de todas essas variáveis, a diretoria já traçou três estimativas do que pode acontecer, embora Eduardo Sá faça a ressalva de que não se pode duvidar da força da torcida cruz-maltina.
"Temos um cenário bastante desafiador no momento mas, obviamente, vamos além disso e fazemos estimativas. Fizemos um cenário pessimista, um conservador e um otimista, mas como no ano passado já foi provado, a gente não pode duvidar do potencial, da força da torcida do Vasco, porque ela pode surpreender. Então, nunca duvide dela", ressaltou.