Na última semana, os vascaínos receberam a confirmação do nome do segundo candidato à presidência do Vasco da Gama na eleição deste ano. Trata-se de Fred Lopes, empresário de 44 anos, ex-Identidade Vasco e que agora faz parte do grupo Avante Gigante.
Agora confirmado na disputa pela presidência do Vasco, na eleição que está prevista para novembro, Fred Lopes concedeu entrevista exlusiva ao repórter Willams Meneses, do site Vasco Notícias, onde falou sobre as suas ideias para o Gigante da Colina, caso seja eleito para o próximo triênio.
Você poderia falar sobre como foi a sua curta passagem na vice-presidência de futebol do Vasco? Qual foi a grande lição que tirou desse período?
- Foi uma passagem onde a gente conseguiu reduzir alguns custos, como na saída de Luís Fabiano, nós economizamos cerca de 10 meses de salários, reflexos de impostos sobre salário, parte de férias, décimo terceiro, uma vez que o atleta tinha contrato até o final de dezembro, e de forma espontânea pela relação respeitosa, pelo atleta profissional também que é, abriu mão, entendeu a situação do Clube, nos ajudou a economizar mais de quatro milhões de reais. Montamos dois CTs, por força de própria legislação do Campeonato Brasileiro, os clubes não poderiam mais treinar no campo onde eles mandam jogos, o Vasco não poderia a partir já de 2019 jogar e treinar e jogar em São Januário, então nós pegamos o CT das Vargens, que passaram a denominar de CT do Almirante. Para a base, que treinava em três locais diferentes, a gente unificou até o Sub-17, todas elas no Artsul, uma negociação feita por nós, para que o Vasco tivesse condições de concentrar as suas atividades, melhorar não só a qualidade, mas também unificar a parte de logística, era muito complicado você ter três locais diferentes, aumentava o custo, a dificuldade organizacional, então isso foi muito importante no primeiro momento para que a gente pudesse organizar o departamento de futebol, com relação à infraestrutura. Trocamos de hotel, o Vasco saiu de um hotel de quatro estrelas para um de cinco, pelo mesmo custo, melhoramos a alimentação dos atletas, que muitas vezes, por falta de recursos sequer conseguiam manter uma dieta, reduzimos o custo do gramado, fizemos reduções da parte administrativa, trouxemos o Carlos Brazil, que está até hoje e é o coordenador da base, o cara que tem dado muitas alegrias nas categorias de base, apesar de toda a dificuldade financeira, vem fazendo um excelente trabalho dentro de uma área que é vital na reestruturação não só financeira, mas também para a qualidade técnica do nosso time profissional. Então, o aprendizado foi grande, conseguimos conhecer todos os empresários e agentes que trabalhavam com o Vasco, tentamos passar tranquilidade, mostrar que estavam lidando com pessoas sérias, comprometidas, que iriam honrar os compromissos do Clube. Então o aprendizado que a gente tira é esse: conhecer pessoas, conhecer como funciona todo o mecanismo que envolve o departamento, e esse grande aprendizado vai ser muito útil num segundo momento para poder tirar o Vasco dessa situação e poder ajudar a reestruturar o departamento de futebol, que é fundamental para o funcionamento do Clube.
Meses após a saída da vice-presidência de futebol, você deixou o Identidade Vasco e foi um dos criadores do Avante Gigante. O que motivou a mudança? O que os integrantes têm em comum que pode somar numa possível administração do Clube?
- Primeiro deixar bem claro que a minha divergência foi uma divergência do ponto de vista de gestão, tenho grande respeito por todos ex-companheiros, saímos sem briga, nós tínhamos uma visão com relação a gestão, diferente, eu achei que era o momento de sair, montar uma coisa que tivesse mais a minha cara, meu perfil, que eu pudesse colocar pra fora algo que representasse as minhas ideias, foi por esse motivo que eu decidi sair, foi uma coisa que foi amadurecendo ao longo dos meses, mas eu não tenho nada contra as pessoas que estão lá, muito pelo contrário, respeito todos, não tem nenhum problema quanto a isso, foi apenas um desalinhamento, uma visão minha de gestão, eu não queria ficar seguindo pensamentos que, muitas vezes não representavam meus sentimentos. Tudo sempre feito com muito respeito não só a eles, mas com todos os grupos, eu entendo que a política do Vasco, essa beligerância que o Vasco viveu ao longo dessas últimas décadas atrapalhou muito as gestões, as modernizações que o Vasco precisava ter feito, o dia a dia do Vasco, e eu penso que todos os grupos têm pessoas boas e ruins, eu acho que o Vasco precisa amadurecer com essas experiências, e nós precisamos, acima de tudo, se não dar pra unificar o Clube, que a gente pacifique, que se respeite, que a gente venha nesse novo pleito a falar de projetos e não de pessoas. A nossa linha não é de ficar atacando pessoas, e sim, discutir e debater projetos, tem muita coisa pra gente fazer, e nós não podemos ficar perdendo tempo com brigas políticas, com coisas menores.
Você já disse que estamos cansados do atual modelo político do Vasco. Sua candidatura pauta em algo exclusivo ou tem algum parâmetro de gestão política e administrativa no qual se espelha?
- A nossa candidatura, candidatura do Avante, representa um modelo do ponto de vista comercial, onde a plataforma vai ser muito voltada para o sócio-torcedor. Nós entendemos que essa massa de sócios, havendo um alinhamento de Clube e torcida eu não tenho dúvida de que o aumento de receita por parte do torcedor, que deu ultimamente grande demonstração de preocupação com o futuro do Clube, se mostrou disposto a ajudar, a investir no Vasco, vimos recentemente a adesão em massa, com 150 mil sócios entrando em menos de um mês, vimos a torcida invadindo as redes sociais da Havan, não tenho dúvidas de que o grande responsável pelo patrocínio da Havan é a torcida do Vasco por toda a mobilização que fez, a mobilização pela questão do CT, o cartão do BMG, média de público, aumento de receitas com bilheterias, sinais claros de que a torcida está abraçando e quer resgatar o Clube, e é fundamental que a diretoria traga o torcedor pra perto, entenda que o modelo precisa ser comercial, olhar para o seu cliente, que é o sócio, o torcedor. Então, a nossa visão vai ser muito voltada para o sócio, para o torcedor, e também, uma visão muito comercial com relação ao mercado. Precisa trazer novas receitas, precisa ser um Clube muito antenado, atento, preparado e qualificado para atender bem os seus patrocinadores, pra estimular o resultado, para que eles não só renovem, mas também aumentem a capacidade de investimento. Nós vamos ter um olhar muito clínico e responsável com relação às despesas, não pode, se você paga nove reais por um galão de água, não pode se dar ao luxo do Vasco pagar quinze reais, se você paga 22 reais num cimento cp2, não se pode se dar ao luxo de pagar 35, estou dando exemplo de coisas que são pouco relevantes para exemplificar a necessidade e a responsabilidade de trabalhar para que o recurso seja valorizado, para que o custo seja reduzido, tem muita coisa pra fazer na gestão de água, luz, telefonia móvel e fixa, de contratos de prestação de serviços em várias áreas, no jurídico, negociação de ações, no futebol, que você precisa ser mais assertivo, errar menos, não fazer essas contratações que muitas vezes não há sentido nenhum, a gente errou muito em muitas contratações que não surtiram efeitos e acabam deixando a conta para o Vasco, às vezes você se esforça tanto pra reduzir ali duzentos, trezentos mil numa determinada área e o futebol lá errando em contratações de jogadores de setenta, oitenta, noventa, cem mil, e que não dão resultado nenhum, é claro que futebol não é uma ciência exata, mas temos que ser mais assertivos. Temos que aumentar a nossa capacidade de negociação para que haja uma redução de custos sem estrangular os serviços, estimular o investimento através de leis de incentivo, trabalhar as categorias de base, que vai ter um papel fundamental na reestruturação da dívida do Vasco, e na melhora do time profissional. A criação do CIA Vasco, o Vasco tem que ter um dos melhores Centros de Análises e Inteligência para poder acompanhar jogadores a nível Brasil e no mercado sul-americano. A gente precisa ter capacidade de com isso ir gradativamente ir construindo uma saída uma recuperação para devolver o Vasco ao cenário dos grandes clubes, não só por ter times competitivos, mas por ser um Clube respeitado, onde as pessoas que trabalham saibam que vão receber, onde o mercado identifique um clube bom pagador, sério, com bom ambiente para se trabalhar. Todas as áreas terão o compromisso de ajudar o Clube nessa reestruturação, é muito longo, mas de uma forma geral, é um pouco do panorama do que nós precisamos fazer.
Você acredita que o Vasco, com uma imensa torcida espalhada pelo Brasil e mundo, ainda precisa explorar mais esse potencial para mais arrecadação? O que faria para mudar esse cenário?
- O Vasco tem 79% da sua torcida fora do estado do Rio de Janeiro e tem de ser olhado de uma forma nacional, muito já se falou, mas pouquíssimo se fez de forma concreta para que a gente tenha um olhar a nível nacional para o Vasco. O Vasco tem sua segunda maior torcida em Manaus, terceira maior torcida no Espírito Santo, a gente precisa estabelecer uma relação de ter pelo menos um jogo por ano em cada praça como essa, tenho viajado pelo Brasil e também pra fora do Brasil nos jogos internacionais que o Vasco tem feito, tenho conversado com torcedores e sócios para estar sempre atento a o que é o Vasco, a força do Vasco. Algumas pessoas não têm a noção muito clara do que é o Vasco fora do Rio de Janeiro. Precisamos buscar uma aproximação muito maior com esse torcedor de fora do Rio, tenho dito que o marketing vai ter um braço voltado para o sócio e torcedor off Rio, gerando ações, campanhas, onde o Vasco estiver. Nós queremos ter pelo menos uma loja oficial em cada estado, que ela cubra o jogo do Vasco pra ajudar na ida do Clube pra lá, nós precisamos aumentar o volume de venda de produtos do Vasco, nós precisamos criar benefícios, contribuindo com ingressos para sócios adimplentes dentro dos estádios, até mesmo sorteios para levar torcedores a jogos do Vasco, então, a gente vai olhar isso com muito carinho, trocando muitas experiências, nem só de clubes a nível Brasil, mas também, buscar lá fora nos Estados Unidos, Europa, buscar referências para que a gente possa implementar no nosso plano de sócios, desenvolver e dialogar cada vez mais com os sócios, escutando as propostas a visão do torcedor que é o cliente que consome a marca, nós vamos criar muita interatividade com o sócio, vamos usar e abusar dessa conexão entre o torcedor e o Clube, para que aumente a participação do torcedor e que essa participação se reverta em consumo.
Como é de conhecimento de todos, o Vasco encara, há alguns anos, uma grave crise financeira, o que vem se refletindo no desempenho do time em campo. Qual é o caminho para conciliar um processo de recuperação nas finanças e ao mesmo tempo ter uma equipe competitiva?
- Olha, não há mágica. Todos nós sabemos que uma reestruturação, seja ela num clube de futebol, seja ela numa empresa, você primeiramente tem que ter uma equipe competente, séria, despolitizada, uma equipe realmente capaz de dar respostas nos desafios e dificuldades. Esse é o primeiro ponto: a escolha da equipe. É importante que não só a presidência, mas toda a diretoria e seus executivos realmente tenham foco na parte técnica, e a gente não pode politizar as decisões do Clube. Já chegou a hora de o Clube realmente ter uma forma profissional de ser gerido, uma forma profissional, competente, ética, séria, responsável. É importante, como eu disse aqui, você ter um trabalho muito forte a nível comercial, o Clube precisa ter uma plataforma muito comercial, para que você busque novos parceiros, para que você trate melhor os seus patrocinadores, porque o patrocinador desse ano, pode ser o patrocinador do ano que vem e, se você trouxer resultado para ele, certamente não vai querer sair, dificilmente um patrocinador bem atendido, e que alcança o objetivo, ele sai do Clube. Ele tem uma grande chance de permanecer por mais tempo, e é isso que nós queremos buscar. Então, não só, como eu falei, na questão do aumento das receitas, mas também na austeridade em relação aos investimentos. Você precisa valorizar o recurso, você precisa ter a mesma responsabilidade que tem na sua casa, na sua empresa, no dia a dia, a responsabilidade de comprar por um preço melhor, de trazer profissionais de mercado, mas com salários mais dentro da realidade possível. Você não pode, nesse primeiro momento, trazer profissional com alto salário. Você tem que enxugar a folha, enxugar a máquina. O Clube precisa ser mais enxuto, o Clube precisa ser mais produtivo, mais eficiente, nós precisamos ter eficiência administrativa, nós precisamos ter eficiência no departamento de futebol. Como eu falei aqui nas outras respostas, a gente precisa ser mais assertivo, nós não podemos errar tanto, nós temos que ter uma visão do futebol mais técnica e não uma visão de ficar só negociando com 6 ou 7 empresários que querem ter uma relação ali. A gente precisa usar e abusar do CIA (Centro de Inteligência e Análise) para buscar atletas que, de forma técnica, tenha mostrado capacidade de evolução para trazer ao Clube, para fazer essas experiências baseadas em dados estatísticos, e não em achismo. Nós precisamos ter gente séria e honesta. A gente tem que buscar sempre, não estou aqui falando que A ou B são desonestos, mas seu perfil, que é fundamental, nós precisamos ter gente séria, comprometida e honesta tomando as decisões melhores para o Clube e não melhores para si, não melhor para a política, mas sim melhor para a gestão, melhor para o Clube, melhor para os cofres do Vasco. Então, assim, dessa forma, com muita austeridade, com muita seriedade, com muito trabalho, com muito bom senso, com muita percepção naquilo que precisa ser feito, com senso de urgência, com senso de prioridade, sem dúvidas associando a sua relação de mercado a capacidade comercial, criando um ambiente, como eu tenho dito sempre, precisamos criar um ambiente, uma plataforma muito comercial para que seja fácil as empresas terem contato com o Vasco, terem acesso ao Vasco. Nós precisamos ter muita agilidade nas operações, nós precisamos, de verdade, sair do campo das ideias apenas e propostas e ter capacidade de implementação, com velocidade, o Vasco tem pressa. Então, acho que, dessa forma, a gente pacificando a parte política, tentando dialogar com todas as correntes, pelo menos de forma responsável, buscando agendas comuns, onde o Vasco seja o grande vencedor, acho que, dessa forma, a gente vai estar dando um salto muito grande para que, nesses 3 anos de mandato, o Vasco tenha uma melhora substancial e se aproxime muito daquela gestão que nós esperamos, daqueles resultados que nós pretendemos, que é, no menor espaço de tempo, voltarmos a conquistar títulos importantes, voltarmos para o cenário nacional com credibilidade, com conhecimento, que acho que é isso que todo vascaíno espera, voltar a ser um clube competitivo, com condições de disputa não só a nível estadual, mas, sobretudo, nacional e internacional. Então, o Vasco já passou da hora de enfrentar esse problema de frente e ter responsabilidade com o futuro do Clube.
O que pensa sobre a ideia de modernização de São Januário? Tem algum projeto na manga para o estádio? Se sim, poderia contar alguns detalhes sobre? E como faria para tornar a Colina Histórica mais lucrativa?
- O Centro de Treinamento e a modernização de São Januário são fundamentais para qualquer visão de futuro do Vasco. Já temos o terreno e eu particularmente venho ajudando em todas as fases, é fundamental essa participação do torcedor, seja doando dinheiro ou fazendo o cartão do BMG, para que a gente possa criar um case de vitória, eu acho que quando você cria esses cases de envolvimento como o Vasco tá criando com o BMG, impulsiona a outras marcas a patrocinar e ter assim, movimentações similares. O estádio é uma questão que você precisa aprofundar, sobretudo a partir de agora, nessa questão da crise mundial criada pelo Coronavírus, precisamos avaliar a viabilidade do momento, entender qual é a contrapartida que poderão trazer para o Vasco, a modernização do estádio é um sonho de todos, mas não pode se transformar num grande Frankenstein, olha os problemas que o Corinthians tem atravessado em função da negociação com sua arena, essas contrapartidas tem que estar muito claras, o Vasco tem um estádio que precisa ser modernizado, mas o momento econômico é de muita austeridade, o Vasco precisa eleger suas prioridades, precisamos entender a viabilidade, é evidente, pra vocês entenderem, eu sou uma pessoa de mercado, venho da construção civil, atuo nessa área numa empresa que investe no mercado imobiliário e eu sei bem o que eu estou falando. Não é simples colocar uma arena de pé, você tem que ter as contrapartidas muito bem amarradas, as responsabilidades de cada um no papel muito bem tratadas, sobretudo na nossa capacidade de contribuir. Eu acho que o modelo adequado é aquele que damos ao parceiro a condição de exploração durante dez, quinze, vinte anos, obviamente proporcional ao valor de investimento, em cima de novas receitas, respeitando os níveis de receitas atuais, colocando as correções dos índices de mercado. Conheço bem esse mercado, não de arenas, mas de edifícios, prédios, é uma coisa que a gente precisa tomar um pouco de cuidado, mas isso estar no nosso radar e nós estaremos estimulando e trabalhando para que se torne uma realidade a todo momento. Em relação ao Centro de Treinamento, ele vai ser concluído, ganhando as eleições nós vamos fazer uma reavaliação do projeto, eu tenho muita confiança nesse projeto porque Sérgio Dias e sua equipe são muito competentes, se houver a necessidade de ajustes serão pequenas, e nós certamente vamos entregar um centro de treinamento de última geração, que seja referência não só a nível Brasil, mas a nível sul-americano e mundial. Não vamos medir esforços não só na qualidade da construção do equipamento, mas também nos equipamentos de última geração que entrar assim que a obra física esteja concluída. É algo que vamos concluir dentro do primeiro mandato e eu tenho certeza que isso vai dar um salto muito grande para que o Vasco tenha um respeito maior por parte dos atletas, que não mede só a questão salarial, ele avalia as condições de trabalho, a capacidade de cumprir os compromissos, pagar em dia, é uma necessidade que o Clube tem e não é de hoje, e nós vamos ter um olhar muito responsável pra esses temas.
A tradição do Vasco não se restingue apenas ao futebol, sendo que ao longo de sua história tem participado nas mais diversas modalidades. Tem algum projeto em mente para valorizar os demais esportes que são praticados no Clube?
- Nós fomos o primeiro grupo a fazer workshop com relação a projetos de leis de incentivo destinados ao esporte. Nossa primeira ação com relação a esse tema, vai ser buscar tirar as certidões negativas para que a gente possa captar através do CNPJ do Clube, e se isso não for possível nós vamos propor no conselho a aprovação do Instituto Vasco da Gama, com CNPJ novo, obviamente criado 100% para captar recursos destinados às categorias de base de futebol profissional, ao projeto do colégio, que vai ser o primeiro projeto que nós vamos trabalhar, e nós já temos a pessoa, que é um dos melhores do Brasil, o Alcino Rocha, para que a gente possa fazer a captação do recurso, para que a gente possa melhorar não só a estrutura física do nosso colégio, como a digitalização do colégio, trazer para os nossos alunos toda a infraestrutura do mundo digital, garantir os salários dos professores, mais investimento na qualidade humana. Nós vamos trabalhar para que ele seja 100% financiado, sustentado pela lei de incentivo. Nos outros esportes não vai ser diferente. No primeiro momento nós vamos trabalhar a questão do remo e do futsal, obviamente nós entendemos que os esportes precisam ser autossustentáveis, não dar pra vários esportes ficarem sangrando o futebol, vamos buscar patrocínio ou vamos buscar a lei de incentivo, nós poderemos ter, dependendo da condição econômica uma suspensão dessas atividades de maneira provisória, até que a gente tenha condições de reestabelecer a cada esporte desse, estrutura física, salários em dia, bons profissionais, para que o Vasco volte a funcionar de forma direita e decente. Não adianta ter um esporte sem investimento, sem condições de competir à altura da camisa do Vasco, não dar pra disputar basquete brigando pra não cair na segunda divisão, sendo saco de pancada dentro e fora de casa, ou você tem o esporte e tenha condições de manter esse esporte de forma saudável, digna e competitiva, ou é melhor não ter. Alguns esportes têm custo baixíssimos, como futebol 7, futebol de areia, e outras modalidades como o futebol americano. Obviamente aquele que tiverem televisão, como o futebol de areia, por exemplo, que tem custo baixíssimo para o Clube, que basicamente ajuda com material, nós vamos trabalhar sim pra mantê-los, mas aqueles que tem um custo mais elevado, que não tem resultado, nós vamos buscar a lei de incentivo pra poder mantê-los, patrocínios, e aqueles que não se viabilizarem, nós teremos que em algum momento, suspender essas atividades até que a gente tenha condições de retornar com esses esportes. A política tem que entender que ela tem um papel fundamental, não podemos ter quem estar dentro trabalhando pra puxar o Clube e quem tá fora trabalhando pra prejudicar, inviabilizar, criar a cultura do quanto pior melhor como estratégia pra retomar o poder nas próximas eleições, então o equilíbrio e a capacidade de argumentar, dialogar com as correntes políticas, num pacto de três anos para que o Clube possa ter um ambiente favorável, se reestruturar em prol de uma agenda positiva, vai nos trazer uma melhora significativa nesses primeiros três anos de mandato.
O processo eleitoral vascaíno costuma ser bastante agitado, o que, às vezes, acaba atrapalhando o andamento do Clube. O que fazer para que isso não se repita? Como buscar uma pacificidade mesmo diante de uma disputa política?
- É uma pergunta bastante pertinente, é uma resposta posta na prática dentro da própria eleição. Enquanto candidato, se você tem uma conduta de beligerância, com discursos de enfrentamento, de falta de diálogo ... Eu tenho dito que o Avante é um grupo que entende que tem pessoas boas e ruins em todos os outros grupos, nós entendemos que a nossa missão principal é a questão da reestruturação financeira do Vasco, recuperação da imagem e da credibilidade, e também de uma pacificação ou pelo menos de um respeito entre as correntes políticas. A gente não só fala isso, a gente pratica no dia a dia, a gente não tem feito ataques a ninguém, respeitando sempre todas as correntes do Clube, entendendo que é natural que existam duas, três, quatro ou até mais candidaturas, faz parte do processo democrático, e nós temos uma visão muito clara de que ninguém aguenta mais essa beligerância que atrapalhou o Vasco nos últimos 20 anos, e nós precisamos dar exemplos, falando mais de projetos e menos de pessoas, queimando energia com aquilo que é importante e vital para a recuperação do Vasco, que é falar de investimento, austeridade, transparência, soluções para a crise financeira, então, é esse que tem de ser o foco, a nossa demanda de energia, e da nossa parte haverá sempre o respeito, evitando completamente os ataques pessoais, sempre aberto ao diálogo, de forma respeitosa, porque eu tenho certeza que a pacificação do Vasco passa não só pela nossa conduta com relação à eleição, mas também a nossa conduta após a vitória. O papel do vencedor dessa eleição tem de ser no sentido de trazer as outras correntes pra próximo, de tratar bem essas pessoas, não é porque estiveram em lados opostos que precisam ser desmerecidas, distratadas, prejudicadas e perseguidas dentro de São Januário, então, a gente pensa completamente diferente, vamos tentar estabelecer uma relação muito próxima dos nossos adversário políticos naquilo que diz respeito à agenda positiva para o Vasco, e se nós quisermos salvar o Vasco, a gente vai ter que trabalhar bastante essa questão.
Em busca da presidência, Fred Lopes participou de duas gestões no Vasco nos últimos anos. Primeiramente, ele foi vice-presidente de patrimônio na gestão de Roberto Dinamite, onde ficou por três anos e, por último, foi vice-presidente de futebol nos primeiros meses da gestão de Alexandre Campello.