O sábado (30) será especial para Felipe. Em São Januário, o "Maestro" fará a sua estreia como técnico interino do Vasco, em duelo contra o já rebaixado Atlético-GO, pela 36ª rodada do Brasileirão. Este será o primeiro dos três desafios que o até então diretor técnico do clube terá pela frente nesta reta final.
Com a demissão de Rafael Paiva, que perdeu os últimos quatro jogos à frente do Cruzmaltino, a decisão tomada pela diretoria foi colocar o ex-jogador e ídolo no comando interino da equipe. Aos 47 anos, Felipe também cumprirá uma meta pessoal.
Desde 2017, quando iniciou a carreira de treinador no Tigres-RJ ao lado de Pedrinho, hoje presidente do Vasco e à época seu auxiliar, o "Maestro" nunca escondeu o sonho de um dia comandar o Vasco. E, quando menos esperava, ele enfim o realizará.
"Óbvio que a gente se qualificou para esse momento, até chegar no Vasco, estou amadurecendo e trabalhando bastante", disse, em entrevista à Vasco TV, concedida em setembro de 2021.
"Me preparei para esta etapa da minha vida, sem dúvidas seria muita hipocrisia da minha parte dizer que não teria este desejo, óbvio que eu tenho, almejo isso e estou trabalhando para que lá na frente eu consiga. Espero que eu tenha a mesma sorte e a mesma fase de campeão que eu tive como atleta. Entrar na história como treinador seria uma satisfação enorme", prosseguiu.
"A gente sonha em fazer história como técnico também. Por que também não fazer história como treinador do meu time de coração? A minha história como atleta, infelizmente acabou, porque eu estou 'coroa', não dá. Mas, no futuro, vamos fazer história agora como treinador".
Felipe também nunca escondeu que algumas de suas principais referências entre os treinadores vieram do Vasco. Entre eles Abel Braga, Cristóvão Borges e Vanderlei Luxemburgo.
"Procurei pegar um pouquinho de cada treinador que eu achei ideal dentro das minhas características. Gerenciamento que o Abel tem perante o grupo, que é muito bom. A serenidade do Cristóvão, que em momento de turbulência está sempre tranquilo. O Luxemburgo tem leitura de jogo e uma substituição ou outra que acaba mudando. Já tive treinadores que são bons no dia a dia e ali, no campo, você às vezes tem que fazer uma substituição em questão de segundos, tentar mudar uma situação. Luxemburgo tinha isso de bom. Ele que teve essa leitura de me tirar da lateral e colocar no meio-campo", disse, ao Sportv, ainda em 2017, no início da carreira de treinador.
Antes de assumir o cargo de dirigente do Vasco, no primeiro semestre de 2024, Felipe teve experiências como treinador. Além do Tigres-RJ, passou duas vezes pelo Bangu, sendo a última entre 2022 e 2023, e comandou ainda o Confiança-SE e Volta Redonda-RJ.
Inclusive, no comando do Voltaço, Felipe foi bastante elogiado pelo técnico Tite, à época ainda no Flamengo, após derrota por 3 a 0 para o Rubro-Negro, em fevereiro deste ano, no Campeonato Carioca.
"Parabéns, Felipe, uma nova geração de técnicos que me agrada, ele é representante dela. Gosta de jogo, gosta de bola, de triangulação, gosta de competir, mas de jogar. Eu gosto e fomento esse tipo de profissional", disse à época.
O "Maestro" ainda teve uma curta experiência ao lado de Ramon Menezes como auxiliar da seleção brasileira. No total, o ex-jogador tem no currículo 64 jogos oficiais como treinador, com 16 vitórias, 20 empates e 28 derrotas.
Estreantes têm retrospecto negativo no Vasco
Além de tentar dar fim à indigesta sequência de jogos sem vitória no Brasileirão, que trará tranquilidade ao Vasco nesta reta final de temporada, Felipe também tem a missão de quebrar uma escrita entre os técnicos estreantes no clube.
Entre interinos e efetivos, o "Maestro" é o 15° técnico do Cruzmaltino na década - e o 4° só nesta temporada, após Ramón Díaz, Álvaro Pacheco e Paiva. E apenas seis deles venceram nas suas estreias - metade deles interinos.
O último a conseguir uma vitória no primeiro jogo à frente do time foi o interino William Batista, que comandou o Vasco antes da chegada de Ramón, em 2023. Na ocasião, no Estádio Luso Brasileiro, na Ilha do Governador, a equipe derrotou o Cuiabá por 1 a 0, com gol de pênalti de Jair.
Nem mesmo Ramón Díaz venceu na estreia, perdendo por 2 a 0 para o Athletico-PR, em São Januário. Paiva, por sua vez, empatou em 0 a 0 com o Fortaleza, no Castelão, pela Copa do Brasil. Enquanto Pacheco levou um sonoro 6 a 1 em clássico contra o Flamengo.