Futebol

Elton diz que queria provar que podia ficar no Vasco

Elton chegou ao Vasco em 2009. E, de cara, conquistou a torcida com o título da Série B do Brasileiro e muitos gols. Foram 17, que renderam a artilharia da competição. No ano seguinte, entretanto, acabou perdendo espaço para jogadores como Dodô, Carlos Alberto e Philippe Coutinho - todos bem longe de São Januário hoje. No meio da temporada, se envolveu em confusões fora de campo e acabou se transferindo para o Braga, de Portugal. Seis meses depois retornou sem o brilho de antes. Viu Eder Luis e Alecsandro firmes no ataque. Passou muitos jogos no banco e em alguns nem era relacionado. Mas não desanimou e acabou indo contra o rótulo colocado por muitos dos seus críticos: de que é um jogador desinteressado.

Neste ano, Elton não deixou em nenhum momento de se dedicar nos treinamentos. Quando recebia chances, procurava aproveitar. Prova disso são os 13 gols marcados na temporada, sendo a maioria saindo do banco. Ele já é o vice-artilheiro do time (Bernardo tem 14). O combustível para isso foi um só: a necessidade de reescrever sua história em um clube que o acolheu tão bem.

- Foi uma experiência legal, mas não era o que eu queria. Sempre quis continuar no Vasco e sabia no momento em que acertei o retorno no começo deste ano que tinha de mostrar de novo que eu merecia estar aqui. Este foi o meu combustível. Nunca desanimei nos treinos e passei a me dedicar muito para alcançar a sequência que só veio agora na reta final. Quero fazer história aqui - afirmou.

A disciplina faz parte da vida de Elton desde que nasceu. Filho de um policial militar, o atacante aprendeu cedo a entrar na linha. Ainda adolescente, quando o futebol era apenas um sonho, foi reprovado em testes no Bahia e no Vitória. Começou então a trabalhar em uma gráfica até o pai, o oficial Messias, intimá-lo a continuar atrás do grande objetivo. Agora, em retribuição ao apoio, Elton espera presenteá-lo com mais um gol contra o Bahia, no próximo domingo, dia em que o \"velho\" completa 50 anos - assim como fez com a mãe, que fez aniversário no último domingo, quando abriu o placar da vitória sobre o Atlético-MG.

Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, Elton relembrou o início de carreira, falou sobre o carinho e o sonho de carimbar o nome na história do Vasco com mais um título, comemorou a sequência de jogos e mandou um recado para as meninas: está solteiro, mas sonha se casar e ter, pasmem, quatro filhos. Confira a íntegra abaixo.

GLOBOESPORTE.COM: Você voltou ao Vasco este ano e só agora conseguiu reconquistar o seu espaço justamente na reta final, com chances de se tornar campeão Brasileiro. Como vê o seu momento e o momento do clube?

Elton: A fase é boa para mim e para o Vasco. Mas não pode ter acomodação. Preciso provar em todo treino e em todo jogo que mereço continuar no time titular. Tenho me empenhado bastante e estou muito feliz em ter essa tão esperada sequência de jogos justamente neste momento decisivo que vivemos. Espero manter isso. Sinto-me muito bem no Vasco e quero continuar no clube por muito tempo.

Os seis meses em Portugal valeram para alguma coisa ou você só pensa em esquecê-los?

Não. Foi válido. Não queria ter saído, mas tive a oportunidade de disputar uma Liga dos Campeões. Foi uma experiência que vou carregar e que me somou muita coisa. Mas realmente o que eu sempre quis foi me firmar no Vasco.

Como foi ficar boa parte da temporada sem receber chances?


Neste momento que entra a força da família e dos próprios companheiros de time. Eles fazem com que você não desista. E eu queria provar que podia continuar aqui. Voltei com esse objetivo. É claro que todos querem jogar, mas não são assim que as coisas funcionam. O que você precisa ter na cabeça é a motivação de estar em um grande clube. Isso já anima. Se você faz seu trabalho de maneira correta as chances vão aparecer. E cabe a você aproveitá-las.

Em seu primeiro ano pelo Vasco, você foi campeão e artilheiro da Série B. Já imaginou repetir os feitos na Série A?

É emocionante brigar por este título depois de tudo que passamos em 2009. O torcedor sabe a luta que foi. A artilharia é praticamente impossível. O Borges disparou. Mas o que importa mesmo é a briga pelo título. Este ano conquistamos a Copa do Brasil, mas queremos muito mais. Só assim vou entrar para a história do Vasco.

No jogo contra o Atlético-MG, o Ricardo Gomes, que se recupera de um AVC, falou com vocês. Como foi aquele momento? Dedicar as vitórias para ele é uma fonte a mais de motivação nesta reta final?

Claro. Queremos conquistar este título para dedicar a ele. E queremos o Ricardo do nosso lado. Ele é um verdadeiro guerreiro. No último jogo nos passou muita força só de ouvirmos a sua voz. É uma responsabilidade a mais para nós. Temos oito decisões pela frente para alcançarmos o grande sonho de todos.

Vamos voltar ao seu passado. O seu pai é policial militar. Ele era duro com você?

Era sim, claro que existia um respeito maior. Mas nada muito diferente dos outros. A única diferença era que de vez em quando pintavam algumas ocorrências de madrugada e a gente via ele saindo correndo de casa. Ainda mais em cidades pequenas que não tinham tantos policiais assim.

E você acabou se mudando muito por causa disso, não é?

Pois é. Foram seis cidades diferentes. Isso acabou me ajudando muito quando iniciei a minha carreira. Sabia como era a rotina de mudanças.

Falando no início, por pouco sua carreira não engrenou. Você chegou a trabalhar na adolescência. Como foi isso?

Desde criança sempre sonhei em jogar futebol. Mas ainda moleque fui reprovado em testes que fiz no Bahia e no Vitória. Aí fiquei desiludido. Com 15 anos passei a trabalhar em uma gráfica. Antes disso já tinha sido entregador de pão na padaria do meu tio. Ao ver aquilo meu pai falou para eu largar tudo e não desistir do futebol. O apoio deles foi fundamental. Aí com 16 anos fui para o Iraty sozinho. No Paraná senti saudade deles, mas as experiências de mudança ajudaram.

A sua mãe, dona Zilmar, fez aniversário no último domingo e você dedicou um gol para ela (confira ao lado os gols). No próximo domingo é a vez do seu pai, Evaldo Messias. E o jogo é na sua terra, a Bahia. Vai ter comemoração especial?


Preciso pensar em alguma coisa caso saia o gol. Vou lutar muito para marcar e dedicar o gol e a vitória ao meu pai. A responsabilidade é grande sim. Vai estar todo mundo lá: meus pais, meus irmãos e meus amigos. O pessoal até alugou uma van!

Você fala muito na sua família, mas aos 26 anos segue solteiro. É um dos poucos aqui no Vasco. A ideia de casar não te atrai?

Me atrai muito, mas não tenho pressa. Na hora certa sei que vai aparecer uma mulher legal. Não adianta querer atrapalhar as coisas. Mas quero sim a minha família. Amo crianças e adoro quando meus companheiros trazem os filhos para os treinos. Sempre brinco com eles. Tem isso. A minha futura esposa precisa ter disposição porque quero pelo menos quatro filhos (risos)!

E para cozinhar também, não é? É verdade que você não sabe nem fritar um ovo?

Olha eu sou muito ruim na cozinha. E moro sozinho há muito tempo. Mas semana que vem minha família vai passar alguns dias aqui. Aí é show porque minha mãe cozinha muita coisa boa (risos).

Para finalizar, neste retorno você acabou perdendo a camisa 9 que hoje está com Alecsandro. Sonha em recuperar o número ou já se acostumou com a 39?

Eu carrego a 9 comigo há muito tempo, mas o importante mesmo é jogar. A 39 tem dado sorte e agora vamos com ela até o fim.

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Fonte: ge
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