Não bastasse o currículo multi-campeão de Mauro Geraldo Galvão, ou simplesmente Mauro Galvão, como jogador zagueiro, dos técnicos -, o atual diretor das categorias de base do Vasco da Gama traz em sua bagagem atualmente passagens pelo comando do futebol de clubes como Grêmio, Vitória e Avaí. Contratado em setembro de 2012 (bem antes dos mais recentes reforços da diretoria do clube carioca, como René Simões e Cristiano Koehler), o ex-defensor recebeu como missão a reformulação geral da base vascaína, além de um objetivo claro: revelar novos talentos para o time profissional.
Em entrevista exclusiva ao Goal.com Brasil, Galvão falou de seu trabalho no Vasco, do ambiente de formação de atletas no Brasil e também mostrou confiança no talento do zagueiro Dedé, assim como na seleção de Luiz Felipe Scolari. Confira como foi esse bate-papo:
Goal.com: A partir do final da temporada 2012, o Vasco trouxe alguns nomes para compor a diretoria e fortalecer principalmente o departamento de futebol, como René Simões e Cristiano Koehler. Entretanto, a sua contratação para assumir a base cruzmaltina data de setembro, bem antes da chegada desses profissionais. As categorias de base eram o setor mais carente do clube na época?
Mauro Galvão: Olha, é difícil responder essa pergunta. Acho que o mais importante é que nós conseguimos somar com o nosso trabalho, estabelecer metas mais à frente e acima de tudo otimizar a chegada dos nossos jovens ao profissional.
O seu retorno ao clube aconteceu após experiências no Grêmio, Vitória e Avaí e, após sua apresentação, você disse que as mudanças aconteceriam gradativamente. Com a bagagem que você trouxe e praticamente cinco meses de Vasco, como você avalia essa evolução a partir do seu trabalho, juntamente com o Sorato (técnico dos juniores) e outros membros da base?
Pode parecer pouco, mas sem dúvida o nosso grande mérito até agora foi implementar a nossa filosofia de trabalho. É muito difícil cuidar dessa quantidade grande de jovens atletas, que tentamos auxiliar também para que se tornem não somente jogadores de futebol como homens de caráter. É essencial mostrar a eles que o vai prevalecer para a manutenção deles no clube é o rendimento na parte física, técnica e tática, acima de qualquer interesse externo. Além disso, conseguimos trazer novamente ao Vasco uma credibilidade, consequência justamente da seriedade do trabalho que estamos realizando.
É muito difícil trabalhar com categorias de base no Brasil? Como você enxerga a relação entre os clubes e o trabalho realizado nesse setor? Recentemente o Vasco se envolveu em polêmicas, envolvendo os jogadores Mosquito (titular da seleção sub-15 na época) e, mais recentemente, o lateral direito Foguete, que vem sendo vinculado ao São Paulo..
Estamos avançando em relação a isso. Já que a atualmente a lei não protege os clubes formadores antes da primeira assinatura de contrato, é importante que haja um código de ética entre os clubes, apesar de nem todos respeitarem. A situação do Mosquito posso dizer que está próxima de ser resolvida, mas acho fundamental que se tenha tranquilidade pra trabalhar sem que nenhum outro clube alicie seu jogador. Inclusive a CBF tem mandado um representante para as reuniões entre os clubes, dando mostras de que vê com bons olhos a regulamentação desse código de ética das categorias de base.
Falando agora como ex-zagueiro, o que está achando do momento do Dedé? Há quem diga que ele ainda não voltou à forma, principalmente após a última lesão, sofrida em outubro do ano passado e que o deixou fora do Brasileirão.
O Dedé hoje em dia é um cara muito importante para o Vasco. Além de estar se recuperando, buscando voltar à melhor fase, ele ainda está tendo a responsabilidade de ser um dos principais jogadores de um time em formação, o que é sempre mais difícil. Nesse percurso, alguns resultados inesperados podem acontecer, como essa derrota para o Flamengo (na última quinta-feira, dia 31/01), mas eu acredito que tanto o Dedé quanto o time do Vasco vão encontrar o caminho certo.
Se o Dedé ainda está buscando a melhor forma, outro zagueiro brasileiro já tem seu nome gravado na história do futebol europeu: Thiago Silva. Qual é sua opinião sobre ele? Achou injusta a seleção da FIFA (só com jogadores de Real Madrid e Barcelona) que não o incluiu como melhor zagueiro do mundo? Por outro lado, ele foi um dos escolhidos da seleção da UEFA (em votação aberta no site da entidade).
Pra mim essa coisa de eleição e seleção de jogadores é muito relativa. Cada um acaba tendo suas impressões, que podem variar bastante. Independente dos prêmios, ele é um cara que já brilhou pelo Milan, atualmente está mostrando sua qualidade no PSG e é um grande zagueiro. Sem dúvida uma das esperanças do time do Brasil em 2014.
Em entrevista em novembro do ano passado, você disse aprovar a dobradinha formada por Felipão e Parreira à frente da seleção brasileira. Gostou da primeira convocação de Luiz Felipe Scolari? E quanto à inclusão de medalhões como Ronaldinho Gaúcho, Julio César, Fred e Luis Fabiano, além de Dante, que vem se destacando pelo Bayern de Munique?
Apesar de manter uma base já formada pelo Mano Menezes, é claro que o Felipão não entraria na seleção para convocar os mesmos jogadores, essas mudanças eram esperadas. Acho que ele demonstra que o mais importante é que se tenha confiança de que os jogadores convocados são os melhores no momento, em todos os aspectos e independendo da idade. Quanto ao Dante, não temos muitas informações sobre ele, pois ele surgiu assim como o David Luiz, que nunca chegou a ganhar destaque no Brasil e foi aparecer na Europa. Mas pelo que eu vi parece ser um bom zagueiro, totalmente capacitado para ajudar a nossa seleção.