Andrey Santos está voando no Strasbourg, da França, mas não esquece das origens. Ainda que a segunda passagem pelo Vasco da Gama não tenha sido boa igual a primeira, o sentimento de carinho pelo clube carioca permanece o mesmo. O jovem volante, inclusive, projeta um novo retorno a São Januário no futuro.
Passagem frustrante e vontade de voltar
É difícil, sim, porque você é vendido para o Chelsea, fico um tempo lá, ver se o visto sai, se o visto não sai. Acabo indo para o Sul-Americano (sub-20), no qual, graças a Deus, o Sul-Americano foi muito bem, conseguimos sair campeão, fui o melhor jogador e artilheiro. Voltei para o Chelsea grandão, achando que ia conseguir o visto e me consolidar, participar aqui, jogar. Só que aí chega a notícia que eu não consegui obter o visto, foi muito difícil, mais ainda para quem tinha 18 anos na época - Andrey Santos, em entrevista ao UOL
Infelizmente não foi a volta que saiu como eu esperava, como a torcida esperava também, mas dei o meu melhor. Sentimento inexplicável de gratidão. A gente sabe que a crítica faz parte do futebol e realmente eu não vivi um bom momento ali. Até minha esposa, meus pais falavam a verdade para mim, agiam na transparência. Quando eu jogava bem, eles me aplaudiam, então por que eles não podem me criticar? Eu não gosto de ficar falando muito para não criar expectativa, achar que ele tá voltando agora. Mas tenho, sim, vontade de voltar ao lugar onde saí, fazer história no Vasco, dar alegria para essa torcida. - Andrey Santos
Quem é fã do futebol se encanta com ele. Teve uma história até engraçada, no meu segundo clássico como profissional, eu tinha 17 anos e entrei para marcar o Filipe Luís. Foi um dos mais difíceis da minha vida. Ele já tinha experiência da Europa, tinha tudo, e ele olhava para o lado e virava o pé. Ele sempre fazia com que eu pensasse que ia roubar a bola, mas nunca deixava. Essa inteligência é o ponto forte dele, tanto como jogador quanto como técnico. - Andrey Santos
A Batalha de Itu
Ainda que atue no meio-campo, Andrey se destacou no Vasco pelos gols, sendo, inclusive, vice-artilheiro do time na campanha da Série B em 2022. Nenhum dos oito gols poderia ter sido tão importante quanto o contra o Sampaio Corrêa na penúltima rodada, que garantiria o empate em São Januário e o acesso para a primeira divisão. A derrota naquela partida gerou tristeza profunda no volante.
"Eu já tinha jogado com o tornozelo machucado contra o Sampaio Corrêa, fui para o sacrifício sem nem treinar porque era o jogo que poderia ter definido o acesso. Penúltimo lance, eu faço gol de cabeça. Pensei em tirar a camisa, mas alguma coisa me disse para não fazer isso, pois ficaria suspenso na última rodada. Estávamos invictos em São Januário e tomamos o gol no último lance, a torcida já estava até comemorando. Quando cheguei no vestiário, desabei, chorei muito. O Marlon (Gomes) até me perguntou se era de tristeza ou dor. Eu simplesmente não acreditava que podíamos ter jogado aquele ano de trabalho fora", contou.
Por causa daquela derrota, o Vasco não poderia ter novo revés na rodada derradeira, diante do Ituano. Andrey ainda poderia ter sido o vilão do Vasco na 'Batalha de Itu', já que foi expulso no primeiro tempo, mas deu tudo certo. Nenê marcou de pênalti, e o Cruzmaltino subiu para a Série A.
"Foi uma semana muito difícil. Agradecer também ao Thiago (Rodrigues) que me salvou em Itu, já que fui expulso. Ele fechou o gol e no final deu certo", brincou.
"A grande questão era a união do grupo mesmo, ainda não vi igual na minha carreira, parecia uma família mesmo. Era uma mistura de juventude com o pessoal mais velho que se deu tão bem que a gente conseguiu nosso objetivo final, que era o acesso", explicou.
Ao todo, Andrey Santos disputou 49 partidas com a camisa do Vasco da Gama e marcou nove gols. Foram mais 63 compromissos realizados nas categorias de base da equipe carioca, a grande maioria pelo sub-20.