O desrespeito ao Vasco e o silêncio dos covardes
Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes (Abraham Lincoln)
O Grupo Identidade Vasco foi o primeiro, logo no dia seguinte às eleições vascaínas de 2014, a se pronunciar reconhecendo a legitimidade da atual gestão eleita.
Em nota oficial dizíamos, “como vascaínos e vascaínas comprometidos antes de tudo com a instituição, desejamos ao legítimo vencedor que tenha todo o êxito possível diante da dura missão de levar o Vasco ao lugar que todos sonhamos (...) houve um vencedor e a ele cabe a responsabilidade de, nos próximos três anos, conduzir a gloriosa nau do almirante”.
Reconhecer a legitimidade não é, no entanto, dar uma carta branca ou abdicar do direito de fazer críticas que julguemos pertinentes.
Recentemente, em manobra articulada pela diretoria do Clube, o Conselho Deliberativo decide abrir mão de uma quantia que deveria ser paga pelo atual presidente da diretoria administrativa, Eurico Miranda.
Os sócios e torcedores que, com muito esforço, há mais de dois anos doam um dinheiro suado para pagar dívidas do Vasco com a Receita Federal e recentemente até mesmo para custear a reforma de um ginásio, alcançado um valor próximo de R$ 1,4 milhão, assistem perplexos ao Conselho Deliberativo abrir mão de mais de R$ 3 milhões.
Independentemente do juízo de valor que cada um faça sobre o mérito da questão que deu margem a atual situação, o fato é que o presidente do Vasco teve amplo direito de defesa na ação em tela, e o caso foi discutido, analisado e julgado pela justiça, que considerou que ele devia dinheiro ao Vasco.
Mobilizar o Conselho Deliberativo para uma decisão que beneficia financeiramente o presidente da diretoria administrativa e acarretará um grande ônus aos combalidos cofres do Club de Regatas Vasco da Gama revela que, para os conselheiros da situação, o amor ao “mestre” é muito maior que o amor ao Vasco. Com esta decisão, a famosa palavra “respeito” mostra ser apenas um mero recurso de marketing pessoal.
Outro aspecto desta triste situação é constatar que o Vasco hoje não conta com uma oposição no Conselho Deliberativo.
O estatuto vascaíno, sabiamente, reserva à oposição 30 cadeiras no Conselho destinadas à chapa que ficou em segundo lugar no pleito.
Afinal, em uma instituição do tamanho do Vasco, não se pode abrir mão de uma oposição atenta, que direcione suas críticas à gestão, no sentido de aprimorá-la.
O Conselho Deliberativo é o lugar por excelência onde a oposição exerce o seu papel e demonstra sua capacidade de articulação pois, mesmo em minoria, os conselheiros que a representam têm acesso à palavra para fazer suas ponderações e eventuais denúncias, não só na qualidade de opositores (posição que afinal qualquer sócio ou torcedor pode assumir) mas principalmente na condição de membros eleitos do principal poder do Clube. Se fosse para se queixar nas esquinas, como mexeriqueiras de bordel, o estatuto não teria previsto as 30 vagas para a minoria.
Infelizmente, os conselheiros eleitos para representar a oposição decidiram não comparecer à reunião.
O que, além do medo, motivou tal atitude? A oposição não tinha motivo para nenhum temor, até porque, já dizia Homero, “a flecha não fere os covardes”.
A explicação dos poltrões foi patética: eles decidiram abandonar o campo de debate sob a alegação de que o desejo da diretoria iria prevalecer na reunião. Trocando em miúdos, a minoria desiste de fazer o papel para a qual foi eleita porque.....é minoria.
A verdade, no entanto, é mais simples: fora o medo que realmente existiu (embora sem motivo), todos sabem que muitos amarelos esperam rezando de joelhos por uma proposta da atual gestão oferecendo uma carteirinha de diretor ou (sonho dourado) vice-presidente e não era o momento “de se queimar com o homem”.
Inacreditável, mas não inesperado.
Na mesma nota citada no início deste texto, o Identidade Vasco advertia em novembro de 2014:
“A nós cabe a vigilância de sócios atentos, já que no Conselho Deliberativo a oposição hoje será representada por uma estranha aliança de oportunistas, trânsfugas, aventureiros e incompetentes, facilmente vendíveis e cooptáveis”.
Mais cedo do que se esperava, nosso vaticínio mostrou-se correto.
Como prometemos, faremos nossa parte. Os sócios e torcedores reunidos no grupo Identidade Vasco continuarão a exercer uma atenta vigilância sobre a atual gestão, fazendo críticas quando necessário, aplaudindo quando for o caso, mas sempre torcendo para um Vasco cada vez mais forte e vitorioso.
GRUPO IDENTIDADE VASCO
O VASCO É A NOSSA IDENTIDADE
21/05/2015