Futebol

Em recuperação de grave lesão, Rômulo fala sobre o Vasco

Quando o volante Rômulo sofreu uma grave lesão no joelho direito, em setembro do ano passado, Mano Menezes ainda era o técnico da seleção brasileira, o elenco do Vasco era bem diferente, e o Corinthians nem havia conquistado o mundo. Durante sua recuperação, o jogador do Spartak Moscou se tratou no Timão, viu a troca de comando na equipe nacional e acompanhou uma reformulação no ex-time. Agora, prestes a retornar aos gramados, o meio-campista vai encarar um cenário bastante diferente para voltar a se destacar. Apesar do tempo parado, ele acredita que pode retomar seu espaço.

- A lesão atrapalhou, porque eu estava num momento bom da minha carreira, sendo convocado para a Seleção, estava bem no clube, fazendo gols. Fiquei um pouco nervoso, mas agora estou bem tranquilo. Usei este tempo para me recuperar. Estou focado em voltar a jogar – disse Rômulo, em entrevista por telefone.

Contratado pelo clube russo em junho do ano passado por € 8 milhões (R$ 20,7 milhões), Rômulo fugiu do estereótipo do jogador brasileiro na Europa. Apoiado pela família, conseguiu lidar com o frio, se adaptou ao estilo de jogo local e contou com a ajuda de compatriotas para se firmar. O resultado veio rápido: virou titular e chegou a marcar um gol no Barcelona, pela Liga dos Campeões.

Infelizmente, quatro dias após balançar a rede dos catalães, veio o baque. Rômulo lesionou o ligamento cruzado anterior do joelho direito numa partida contra o Rostov, pelo Campeonato Russo. Para se recuperar, foi autorizado a voltar ao Brasil e escolheu a estrutura do Corinthians para fazer o tratamento. Durante os três meses em que esteve lá, ficou impressionado com a organização do clube.

- A estrutura que eles têm para recuperar jogadores é uma das melhores do Brasil hoje em dia. Meu empresário conhecia a diretoria, passou para eles que eu havia me lesionado, e aceitaram numa boa. Eu já conhecia o Pato da Seleção, tínhamos uma amizade muito boa.

Na semana passada, Rômulo retornou à Rússia para a parte final de seu tratamento. Uma viagem, por incrível que pareça, para matar as saudades, não só dos campos, mas também de Moscou.

- A cidade é boa de morar. Estou com muita saudade de jogar e também dos amigos.

Confira abaixo a entrevista completa com Rômulo:

GLOBOESPORTE.COM: Após a lesão no joelho, você fez o tratamento no Corinthians. Como foi este período?
Rômulo: Foi bom. A estrutura que eles têm para recuperar jogadores é uma das melhores do Brasil hoje em dia. Tem o centro de treinamento... É tudo bem funcional, completo, tem tudo o que precisa. É disso que o jogador gosta. O Corinthians está bem. Sou muito grato a eles pela receptividade que tiveram comigo, o carinho com o qual eles me receberam.

Por que você decidiu se tratar no Corinthians e não no Vasco, onde você jogava?
Meu empresário conhecia a diretoria e passou para eles que eu tinha me lesionado e que meu clube me liberava para eu me recuperar no Brasil. Eles aceitaram numa boa. Por isso eu fui.

Você teve algum contato com o elenco? Deu para fazer alguma amizade?
Com o elenco eu não treinei, mas tive contato com eles, conversei. Mas meu treino era só parado, trabalhado separado. Era fisioterapia, trabalho para ganhar condição física e força para poder retornar. O Pato eu já conhecia da Seleção, convivi muito tempo com ele, disputamos juntos a Olimpíada. Tínhamos uma amizade muito boa. É um cara tranquilo, que tem muito a dar para o Corinthians.

Depois desse tempo treinando no Corinthians, dá para ganhar um carinho pelo clube?
Dá, porque a gente convive com os jogadores, com o pessoal que trabalha lá. Estava lá desde novembro, foram três meses. Deu para conhecer as pessoas e ter esse carinho.

Você se lesionou quando estava bem no Spartak. Isso atrapalhou na sua adaptação?
A lesão atrapalhou, porque eu estava num momento bom da minha carreira, sendo convocado para a Seleção, estava bem no clube, fazendo gols. Tive a infelicidade de me machucar, no momento fiquei um pouco nervoso, mas agora estou bem tranquilo. Usei este tempo para me recuperar. Estou focado em voltar a jogar.

Como foi a adaptação à Rússia?
Foi tranquila. O Spartak tinha outros três brasileiros, agora o Welliton foi para o Grêmio. Sempre que eu precisava de alguma coisa eu ligava para eles. Isso facilitou a adaptação um pouco. Mas agora vai ter o processo de readaptação.

E o frio?
Não peguei o frio como agora. Peguei o começo, achei bem tranquilo. A gente sabe que depois vai esfriando mais, vai tendo dificuldade, mas tem que se acostumar. Quando eu saí de lá o frio ainda estava começando.

E em relação ao futebol? Sentiu dificuldade?
Não. Lá, eles trabalham muito a parte tática, mas com total liberdade de fazer o que a gente sabe, para dentro de campo fazer algumas jogadas diferentes. Não senti dificuldade. No primeiro jogo tive um pouco, porque tinha acabado de chegar, mas depois foi tranquilo. Com o passar dos treinos fui aprendendo mais. Eles jogam com dois volantes, um com mais liberdade. Eu estava atuando de segundo volante.

Você começou bem, chegou a fazer um gol no Barcelona pela Liga dos Campeões (derrota do Spartak por 3 a 2). Como foi aquele jogo?
Foi bom demais. Nossa equipe não tinha muita expectativa quando chegamos lá, mas pudemos fazer um bom jogo, dificultamos bastante para eles, ficamos na frente do placar. Nossa equipe estava bem.

Você ficou nervoso por jogar no Camp Nou diante do Barcelona?
Nervoso, não, mas tive um pouco de ansiedade. Depois é tranquilo, a gente esquece tudo isso, procura não pensar em nada. É difícil, a gente sabe que tem que respeitar, se fechar bem, mas estávamos marcando bem. Fizemos gols em dois contra-ataques, nos defendemos até quando podíamos.

Apesar da boa atuação, o Spartak perdeu e, depois, acabou eliminado na fase de grupos. O que faltou para a classificação?
Acho que fazer um bom resultado em casa. A gente estava tropeçando em casa, e fora ficava mais difícil. Tem que deixar para trás, já passou. Agora é pensar no Campeonato Russo.

Quando você se lesionou, o técnico da Seleção ainda era o Mano Menezes, que já havia te convocado. Agora, o Felipão assumiu. Você teme perder espaço com esta mudança?
Independentemente da mudança de treinador, temos que fazer o nosso trabalho no clube. Tenho que ir bem para ser lembrado pelo treinador da Seleção.

Já conversou com o Felipão?
Ainda não, mas eu tenho que voltar primeiro. Estou focado na minha recuperação, tentando aproveitar o máximo possível para voltar no mesmo nível em que estava antes de me machucar. Estou focado para voltar bem e, conseqüentemente, retornar à Seleção.

Você ainda acompanha o Vasco? Como vê este início de ano do time?
Acompanho sempre. Acho que eles começaram bem, mas depois do clássico contra o Flamengo deu uma desandada. Acredito que o time tem tudo para fazer um bom Campeonato Carioca e um bom Brasileiro. Tem muito jogador novo, o entrosamento dificulta um pouco, mas depois passa.

E as dificuldades financeiras do clube?
Na minha época a gente teve dificuldade, mas sempre foi contornado. Agora está bem difícil. Mas é um clube grande, os problemas vêm, mas eles vão arrumar um jeito de resolver para levarem o Vasco ao lugar que merece.

E a volta aos gramados? Está com saudade?
Muita. Voltei para a Rússia para a reta final do tratamento. O time pediu para eu retornar, para fazer a parte de treinamento físico, com bola. Tenho que conter a ansiedade, me recuperar bem e voltar a jogar.

Tem saudade da Rússia também?
A gente sente um pouco dos amigos, a cidade também é boa de morar, só o trânsito que é ruim. Mas tem bastante coisa para fazer. Eu moro com minha esposa e minha filha, então a adaptação é mais tranquila.

Fonte: ge
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